sexta-feira, novembro 05, 2004

Realidades !

Observo soturnamente a noite diante de mim.
Como uma espécie de ferida que se tenta fechar e sarar, penso no curativo ideal que me faça voltar a tempos em que a auto-cura era um processo intempestivamente presente.
Reparo na força e na vontade dos actos, sem sequer me preocupar em entender como tudo acontece, se realiza e regressa ao ponto de partida.
Recordo toda a vida perante o meu olhar, chovendo e infiltrando-se de novo em mim de uma forma gélida, omissa e grotesca. Lágrimas de nuvens passageiras que se precipitam através de uma pluviosidade natural, vão descendo pelo rosto e destilando a minha noite que vai desaparecendo. Pela manhã, surgirá um novo dia, onde a felicidade reinante de alguns, me trará pensamentos e me fará ter memórias nunca concebidas.
Talvez uma confusa demência se pareça apoderar de mim neste momento. Contudo repousar no útero pouco original em que se vive, faz-nos observar para além do previsível e com isso, ousamo-nos libertar e alcançar metas muito próprias. Sento-me no topo do tempo, viajo e deambulo ao sabor de uma suave brisa que me traz, leva e por vezes me alcança num mundo de constante mutação e realismo mórbido.
O sonho que de noite parecia real e previsivel, cai na tentação da monotonia. O confronto com a manhã, demasiado físico e grosseiro...

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito muito bom. Continua !