terça-feira, novembro 29, 2005


Lamento !

De tanto correr pela vida sem qualquer freio, esqueci-me que a vida, se vive num momento. Omiti detalhes que julgava serem insignificantes, pela enorme vontade e sede de querer ser em tudo primeiro. Brinquei com os sentimentos, vivendo da loucura envolta pelas ilusões. Gritei pensamentos ao acaso e ao vento, deixando de ser o que sou, vivendo agora sem sentir. Canto ao amor chorando pelos sonhos, sentindo-me sem coração, energia ou razão objectiva para prosseguir. Lamento continuamente ter brincado com o que mais queria, desperdiçando e perdendo sem me aperceber tudo aquilo que outrora foi meu e sem esforço atingi. De tanto jogar com a verdade e a mentira, enganei-me sem saber que era eu quem perdia, fracassava e a ruína perseguia. Roubei tempo ao tempo, querendo ganhar dias e noites em sonhos, apenas por querer descobrir a cada dia algo novo. Muito esperei e em que por nada oferecer, hoje fico a chorar, recordando o tempo em que levianamente sorria !

quarta-feira, novembro 23, 2005


Mantendo-me vivo !

Como uma tempestade de trovões cuja dissolução de aproxima rapidamente sem aguentar qualquer outro revés, jamais me será possível vacilar ou ajoelhar diante de um outro cenário destrutivo... Rastejar como serpente doentia, assemelha-se a um contexto puramente insano e nele apenas me permitirei localizar num estado demente e corrosivo.
Mantenho-me vivo, velho, vulgar, gasto e cansado, embora suficientemente hábil e ciente para pisar o meu próprio chão sem no entanto haver algo para revivificar.
Tento lavar e extinguir todas as imundas e hediondas mentiras que me lavraram a vida, a decompuseram e abandonaram o meu crépito viver, á mercê de seres necrófagos que me trairam e deixaram extraviado o meu percurso. Parti para distante, num tempo obscuro e embora ainda os consiga sentir respirar, jamais conseguirão o melhor de mim...

quarta-feira, novembro 16, 2005


Exausto !

Talvez seja esse místico homem, de duas cabeças que se espetam pelo tronco e vivem aprisionadas num só corpo... Uma olhando para trás, a outra para baixo e em nenhuma delas se consegue decifrar e compreender.
Quiçá seja também, esse abominável e legendário ser de quatro mãos, que toca, que cura, estrangula e possuí, não conseguindo em nenhuma das suas acções, realizar qualquer tipo de prática que o satisfaça...
Sinto-me exausto, por estar num lugar onde nunca estive e por voltar de um lugar que nunca senti. Esqueço-me de quem sou, cansado de o ser... Esqueço-me do que sou, embora cansado para me deixar. Sinto-me um homem de duas palavras, que deseja saber quem é, que se perdoa sobre o que é... mas insiste !