sexta-feira, julho 30, 2010

Viagens!

Curioso, o trajecto de uma vida...
Não importa relatar o bom, o mau, o fácil, o difícil, os projectos, as ambições, a inoperância, a preguiça ou até mesmo as opções tomadas ou caminhos que deveria ter seguido.
Mais importante do que isso, é o facto de me ter habituado desde tenra idade a viver cada novo ano como um só obstáculo, um só nível, uma só barreira... Ao longo do tempo, muitos pereceram, tantos outros vieram ao mundo e a sensação com que fico é que existe sempre um degrau atrás de nós, empurrando-nos, forçando-nos a correr e a obrigar-nos a seguir em frente, esmagando os que já não conseguem palmilhar qualquer porção de terreno e impulsionando os mais jovens a voarem sem limites...
De facto, vejo aqueles que já partiram em determinada altura, como alguém a quem a saudade comove, talvez por não terem chegado até aqui, por não verem onde nos encontramos, por não saberem com quem estamos e por já não sentirem como vivemos... Confunde-me, confesso!
Ao mesmo tempo e da mesma forma, permaneço consciente de que o empurrão da minha vida já foi maior do que o é neste preciso instante, ainda que denote toda a vitalidade para que de pedaço em pedaço, acrescente mais um ano à minha simples existência.
Medo talvez, tenha dos imprevistos, de algo que me faça tropeçar, cair e não ser capaz de me erguer. Aí serei como tantos outros!
Cairei, serei engolido de uma modo exactamente igual a todos aqueles que deixei ficar para trás e ali, naquele preciso momento, finalizarei a minha história. Os anos, esses, seguirão um a um, tal e qual uma prova de atletismo em que se saltam barreiras para atingir uma meta. E em qual delas vacilarei? Deus o saberá!

domingo, julho 11, 2010

Nós!

Sufocante o laço que te aperta e sustém a respiração que te faz viver.
Nasces com o perigo que o mesmo te mate à nascença, enrolando-se em ti como se ganhasse vida própria e se tentasse fazer valer da sua resistência para te asfixiar. Será que ainda assim, alguma vez te libertaste inteiramente dele?
O que dirás da pressão da infância, desde os primeiros passos, passando pela tua educação ou pela obrigação de aprendizagem dos deveres cívicos e morais? O que te apraz relatar sobre a imposição dos estudos, do necessário acautelamento do futuro através de uma quase obrigatória carreira de sucesso? O que pensarás sobre a ansiedade em obter uma casa, em encontrares um lar, em formares uma família ou até mesmo dos bens materiais que estupidamente te deixarão feliz? Como viverás com os constantes prazos para pagamento das tuas necessidades, dos teus luxos, das tuas metas ou horizontes?
Não estarás constantemente com uma corda ao pescoço, por um tudo e por um nada, separado através de um mero nó de correr?
A pressão existirá sempre, até porque deste laço não te separas. Se o alivias, respiras e vives... Se o apertas, sufocas e morres!
Pensa que a escolha por mais que seja tua, nem sempre depende de ti. Num berço de ouro o laço é largo, numa redoma de espinhos o desconforto é bem mais evidente. Ainda que chores num alívio sentido e compreensível, apenas suavizas a textura do nó que te aperta... Para o retirares de vez, terás de usar as mãos e cortá-lo! Serás capaz? Coragem!