segunda-feira, dezembro 31, 2007

Até... 2008 !

Até quebrares, até queimares, até mentires, até aprenderes, até saberes olhar e acreditar, até conseguires lutar, caires, até ao fim de tudo... Seja até morreres, enquanto viveres, até te conseguires salvar e me proteger, talvez porque não nos importemos...
Talvez seja até darmos, até deixarmos de ser usados, de estarmos perdidos, de perdermos, de realmente vermos e mais uma vez acreditarmos...
Talvez até vivermos iúmeras vezes, conseguirmos ver o outro lado, termos as nossas hipóteses, as nossas chances, sem salvações ou redenção... Quiçá, seja apenas até a verdade ser mentira, até negarmos, acreditarmos de novo, aproveitando agora e tão somente porque o conseguimos e o desejamos com mais força, com mais veemência e no fundo, nem nos parece que importe...
Até... mais um ano!

domingo, dezembro 30, 2007

Mentiras...

Deitado durante a noite, acordado pela madrugada, pensando na própria vida, quase perguntando ao ego, o quão quero ser diferente...
Quase tentamos que a verdade se solte, que regressem batalhas e desafios de outros tempos, sentindo agora que tudo não passa de um jogo, de casualidades dispersas, de estranhas coincidências que aos poucos se desvendam e nos mostram novos percalços, trajectos e ao mesmo tempo finais de linha tão assustadores como quase impossíveis de remover. Parece tudo uma mentira, uma doce e estranha mentira, uma forma perfeita de sentirmos a negação em tudo o que necessitamos, como uma porta que desejamos que se abra e ao mesmo tempo nos mostra a ausência de dobradiças que se movam e mais se assemelha a um muro intransponível.
Acabamos por acreditar, por crer nas pequenas estórias que nos surgem, vivendo delas, engolindo-as sem perdão, sentindo-as sufocarem e quase nos matando...
Torna-se belo de tão feio que nos pareça, pela acomodação, pela aceitação, pelo tempo do passado que não esquecemos, pela fraqueza de as receber e fazer delas o melhor exemplo de força para seguir... Talvez tentássemos lavar o que de tão sujo se torna, talvez fosse bom que nos escondêssemos na vergonha dela própria, mostrando um coração escondido por um rosto vazio, não perguntando sequer sobre as incidências de uma cobardia tão baixa quanto indecente.
São apenas jogos, onde todos nos parecem olhar em círculos, onde todos cometem os mesmos erros, onde todos constroem os mesmos edifícios de ilusão e de ficção doentia...
Acredito apenas que tudo isto não passa de um jogo... Um sujo, desonesto, mas belo jogo!

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Frio!
Sinto-me gelado...
Não só pelo frio exterior que me causa uma estranha sensação de atrofiamento, como também pelo coração parco em sentimentos, de sensações e de uma pequena chama de amor capaz de me aquecer um pouco. Há muito que a solidão parece fazer parte deste quotidiano, vivendo para mim num clima de egoísmo e de excesso de precauções. Aos poucos, a vontade de me tornar mais independente da vida, consome-me e corrói-me por cada tombo que inevitavelmente não pareço evitar. Sozinho, sinto-me infeliz pela fraca esperança de me virar num percurso tão sinuoso quanto imperceptível... Acompanhado, perco-me na quantidade das dádivas que o meu coração não consegue deixar de entregar...
Estranha complexidade destes dois mundos em que vivo e que eu próprio criei. De um lado, o meu lugar introspectivo, solitário, demente, triste e vazio... Do outro, um espaço mais amplo, solidário, simpático e caridoso, mais preenchido e aparentemente feliz. Parece fácil escolher entre a ambiguidade destes dois polos, contudo a razão entre o ser e o parecer, leva-me para lá do horizonte e faz-me ficar alheado de ambos. Sozinho, imaginava que faria o que bem quisesse, o que bem entendesse e conseguisse comandar a minha vida. No entanto, é uma paz demasiado podre e sem sentido... Acompanhado, sigo atrás dos outros, trilhando algo que não sei se gosto, não sei se quero e muito menos crendo que seja o mais correcto. Se por um lado vivo num egoísmo exacerbado, por outro, é o altruísmo que me mata...
Lamento que neste gelo onde me encontro, não seja possível encontrar uma balança de pratos iguais, com medidas exactas e com um fulcro perfeito, capaz de me dizer a forma correcta de me saber situar...