quarta-feira, dezembro 31, 2008

Feliz 2009!
Que a alegria da passagem de ano vos dure com a mesma intensidade nos próximos 365 dias e que o borbulhar do champanhe vos tempere o coração e a vida. Votos sinceros de um 2009, repleto de tudo aquilo a que têm direito.
Nuno Miguel C. C. Martins

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Mensagem...

Que o maior presente que possamos receber nesta quadra festiva, seja todo aquele que nos faça despertar a mente, que delicadamente nos inquiete sobre as nossas decisões, e que agradávelmente nos deixe expectantes sobre o coração de quem as vive. No fundo, que mais não seja do que um exame mental sobre os restantes dias do ano, fazendo do Natal o confessionário de nós próprios, aliando juízos de consciência a atitudes tomadas. Que se viaje pelo nosso espírito ao sabor do ano que termina, desejando que o mesmo trajecto seja melhorado para mais 365 dias de novas caminhadas… Que as mãos ajam de acordo e conformidade com um coração puro e repleto de convicção… Que todas as vossas Intensas Atmosferas se descubram e se confirmem. Votos Sinceros de um Feliz Natal e de um Próspero Ano Novo!
Nuno Miguel C. C. Martins

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Fugas!

Nada me perguntes sobre o meu estado ou estranheza de eventuais acções.
Sinto-me perto da loucura, da leviandade e colhido por um enorme desejo de me desafiar diante de ti.
Creio talvez, que a maior ilusão acaba sempre por cair quando não conseguimos ser sinceros e coerentes connosco próprios, necessitando de um ombro forte, de uma voz de comando e de um apoio que tantas vezes julgamos não precisar.
Guardo-me e protejo-me na reclusão da tua companhia, desafiando limites, visionando e almejando alcançar o futuro por mim próprio, acreditando numa ténue luz que ainda sinta irradiar. Por vezes, é a noite quem mais me ilumina, revelando-me pequenas chamas de um fogo tão cruzado quanto apetecido.
Por aqui me mantenho novamente, sozinho e dentro de mim, bem no interior do meu ser…
Ainda que nada faças, não me deixes sair de qualquer forma. Jamais te quererei deixar com as minhas lágrimas, com a saudade da tua vivência, com o crer da tua presença diante de nós. Acorda-me, retira-me deste lugar frio, vazio e sem direcção…
Perdoa-me por tudo, sendo que será apenas por ti que voltarei atrás nas minhas decisões.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Singeleza!

Recordo-me vagamente da exposição que o mundo me traduzia perante a inocência dos meus olhos...
Tudo parecia perfeito, por vezes incompreendido e difícil de ajuizar, ainda que os meus tempos de menino se encarregassem de me aliviar o peso de tamanhas atrocidades. Sacudia-me do que não compreendia, jamais por irresponsabilidade ou desobrigação, mas tão somente pela noção de saber que aquele não seria o meu solo, o meu quinhão ou inclusivamente a quota-parte de algo que me pudesse envolver. Lentamente e nos dias de hoje, mantenho a mesma opinião de que cada um daqueles pensamentos estariam correctos, ainda que dissimulados pelo que hoje já consigo abranger e lhes dar o devido apreço.
Pergunto-me talvez, para e por onde terei viajado para que tanto tivesse crescido em mim, sentindo que apenas troquei o tempo pela maturidade, os anos pelo discernimento, as eras pelo conhecimento...
Apetece-me voltar, perder o que sei e rebuscar a inocência que tantas vezes me ofuscou na hora de decidir. Ainda me vou tentando soltar, crendo em tudo o que me prende e julgando ser possível acreditar na ingenuidade que já não sinto em mim… Torna-se duro não saber sequer distinguir o sol e a chuva pelo calor e pela água, conhecendo-lhes agora pequenas pontas de frieza e de secura... Dói-me ser capaz de sentir as coisas pelo mesmo modo, atribuindo-lhes novos carácteres e características tão ímpares, que anteriormente nem julgava existirem.
Talvez até eu tenha perdido um estado de pureza, um coração casto e uma mente sem mácula, tudo invertendo pelo cruel propagação e passagem do tempo. Apesar dos novos elementos que se vislumbram e vivendo eu com a mesma consciência e responsabilidade que me move, desejava voltar num novo corpo, regressando à totalidade do que sinto como perdido, acreditando desta feita em tudo… Sem reservas!

segunda-feira, novembro 24, 2008

Sujeições!

Espero por ti, sem pressas e no lugar de sempre, ainda que vencido pela fadiga e pela lassidão. Não me escondo nem o pretendo…
Talvez a vontade de te querer me torne forte perante a fraqueza, servindo-me da tua riqueza em contraste com a minha escassez. Penso em ti no mais infímo pedaço de tempo que me engole, arrastando-me e rastejando-me inconscientemente, desejando ardentemente por um caminho que nos cruze e nos encontre.
Curiosa a sensação de te sentir do outro lado, correndo igualmente na minha direcção, quase sem sentires o solo que te segura, preocupada apenas em encurtar a distância e reduzir o tempo desse mesmo trajecto. Adoro-te por isso…
Sento-me, aguardando-te palpitante! Desancorado de um qualquer limite, livre, perfeitamente alinhado a um horizonte que me queima e a um mar excessivamente tórrido, nada me faz mudar perante o mundo. Permaneço igual, rendido ao espírito de sujeição que o amor me oferece, sem fuga, sem escape ou qualquer outro subterfúgio que me possa trair o sentimento.
Lentamente, o turbilhão de sensações parece escoar-se, ainda que a juventude não conquiste a verdadeira razão e cresça constantemente ao sabor dos sonhos… Os novos tempos trazem novas ilusões, novas descobertas, ajudando a criar a maravilhosa sensibilidade de um sorriso sincero, de um tão nobre sentimento de benevolência, simpatia e afecto. Não, não é de todo um efeito de subjugação ou de domínio. É sentido, é vivido, é tolerado… Permaneço por ti!

domingo, novembro 09, 2008

Tributo!

Precoce o tempo, em que o choro da saudosa Lusitânia me orava tenebrosamente...
Ressurgindo perante a suave força da maresia, talvez houvessem sombras a mais, talvez fossem uma forma de amor perante a lua d’inverno, com o seu misticismo, com a sua posição em Mercúrio, com a doce tentação de Capricórnio a meus pés…
Que fantástica alquimia, perversa também, aquela que do seu estranho opiário me acorda com o bom sabor da eternidade, mostrando-me ainda assim a degradação e a sordidez, perante a maquiavélica tentação de tão envenenado presente.
Não me sinto o homem ou o ser mais maravilhoso, nem mesmo trajando uma segunda pele… Diante do abismo, sou carne, sou pele, sou sofrimento! Enfrentando-o, emudeço, desafiando-o, enforco-me! Recordo-me, dos tempos de criança… Da doença da alma que me reveste e não me consegue desprender. Abuso-me num complexo efeito, num vício solitário de desaparecer e tornar-me dentro da minha própria adaptação, um eterno espectador. Sinto cansaço… Cansaço dentro desta esperança rodeada de trevas, de ambiente nocturno, de abismo em forma de amor. Preciso rejuvenescer, acordar perante o infortúnio, erguer-me como se de tempestade fosse feito, como se de fogo me tornasse... Retiro ensinamentos, revelando astúcia e desmembramento! Vivo enquanto senhor de guerra, separado pelo amor que nos distancia, pelas serpentes que nos meus braços se formam, por dentro e acima de qualquer homem… Magoa-me esta estranha invasão, este mover num lado obscuro em que a força do cristal me obriga a adormecer e a encontrar o antídoto para a saudosa memória de todos os filhos da nossa terra. Talvez o sangue me diga do que sou feito, talvez na imagem da dor tudo se prolifere e seja por uma vez, realmente nosso…
Volto ao choro da minha querida Lusitânia, observando um pouco da lua que daqui se forma, do nosso mar que não se amedronta nem se vislumbra esquecido… Adoro-te, Atlântico! Nem mesmo nas alturas, nas sombras do sol ou no aziago veneno dos escorpiões, exista o receio do prazer de uma noite eterna. Sonho com a Lua em Mercúrio, com a raiva da estação na sua primeira luz, recordando sempre e com a saborosa saudação, toda a idade materna revelada. Por tudo o que sou, por toda a vivência que esplendorosamente senti e pela magnífica visão que durante o meu crescimento alcancei, só me poderei sentir eternamente grato. Agradeço por isso... Por tão maravilhosa experiência… Afinal, ainda agora estamos no começo!

sábado, novembro 01, 2008

Forças...

Acreditando na força do amor, tudo se veta ao abandono e ao desprezo, deixando para trás toda e qualquer instância que pareça efectivamente de sagrada importância.
Nos mares revoltos por farpas cortantes, nada parece vencer a tomada de posição daqueles que eternamente se amam, preferindo para sempre as feridas com que os enérgicos cortes provocam e quase irracionalmente se sucedem. É absurdo observar por fora toda uma linha de um caminho tortuoso, de um excesso de sangue derramado por uma causa em que apenas os amantes acreditam, da qual vivem cegamente e da qual se consomem até à exaustão. O sufoco por que passam quase os faz perecer, fugindo, pecando e entregando-se ao mais sublime dos sentimentos, com uma nobreza de espírito e uma sinceridade que jamais poderá ser tomada como vã…
Sonham, furando e revirando toda e qualquer intempérie que por eles paire sem contemplações… Nada os destrona, nada os amedronta… Na beleza de cada um daqueles corações, a cegueira molda-os a uma só voz, abrindo-lhes as portas a um destino incerto, a uma vida de contingências e a uma realidade por desvendar. Admiro-os com todo o meu ser, prestando-lhes a mais sentida homenagem, defendendo-os pelo tributo que lhes concedo, ainda e que tão somente, pela coragem e firmeza com que acreditam serem capazes de vencer. Que o longo trilho que almejam atingir, não os perca, que a escuridão da noite não os amedronte e que a luz do dia não os cegue… Jamais alcançarão o ponto de partida depois do princípio a que se submeteram. Tudo o que sentem viverá agora… para sempre!

quinta-feira, outubro 23, 2008

Injustiças...

Dilacerante a dor que me consome e devasta neste instante...
A solidão que de mim se apodera, aliada à escuridão e ao sossego da noite, serve apenas para potenciar a depressão que me consome em cada minuto, envenenando e matando um coração que de tamanha inocência, se culpa pela frieza dos actos cometidos contra si.
Dói quando tomamos por princípios, tudo aquilo que jamais gostaríamos de fazer sentir... Dói quando nos acusam com a implacável desfaçatez e reles cobardia, de algo que alguma vez não fizéssemos questão de assumir.... Dói quando a raiva acumulada toma conta de nós, e a fúria e o ódio nos revestem e alimentam o nosso próprio olhar...
Talvez e por isso, me sinta perdido e me mantenha às voltas com as expressões acusatórias a pairarem-me sobre a mente... Talvez e por isso, analise e medite sobre até que ponto terei ido ou que algo poderei ter feito para tão desprezível propósito... Talvez e por isso, me mantenha continuamente a rebuscar nos cantos mais remotos da minha mente, toda e qualquer justificação mais válida, para um procedimento tão infundado...
Sim, custa! Custa engolir a mentira e a acusação de algo que seríamos incapazes de cometer. Custa vomitar a preversão que em nós se creditou, que lentamente nos corrói, devasta, arruina e que compassadamente nos arrasa e aniquila... Torna-se penoso o carregar de um fardo de culpa que em nós nunca existiu e que por princípios básicos de consciência, jamais poderia ser erguido da mesma forma cínica e hipócrita, do que a força dos braços que traiçoeiramente em nós o depositaram.
Sente-se raiva, rancor e uma profunda dose de ressentimento. Privamo-nos da nossa verdadeira dignidade, buscando novamente uma súplica de perdão e sem termos contudo, a perfeita noção da atitude que tomamos. Porquê este rebaixamento a algo que nem fizemos? Porquê a humilhação de um pedido de clemência, se existe uma total e perfeita ausência de culpa? Talvez porque conflito gere conflito e dentro da nossa mais perfeita essência, sintamos necessidade de não alimentarmos mais uma profunda antipatia e um inusitado sentido de choque... Talvez e porque a isso se chame instrução, talvez e porque com isso nos sintamos fortes o suficiente para reagirmos e sermos superiores, talvez e porque com isso, consigamos enterrar a lâmina que nos entregaram para que nela vertêssemos cada gota do nosso sangue...
Aos poucos, aprendemos lentamente que apesar de toda a compreensível atitude de que tomamos parte, tudo tentaremos fazer para não nos deixarmos levar nas enxurradas de mais umas quantas astuciosas armadilhas. Que a experiência e o passar do tempo, nos tragam tudo aquilo de que necessitamos para sabermos reagir, não só nos momentos exactos, como também nos breves instantes em que a nossa mente reflecte e medita com a angústia e o desespero das injúrias e dos desacatos contra nós praticados. Sejamos fortes e ainda que orgulho mate e pareça cruel, socorramo-nos dele para nos erguermos, para nos levantarmos e para nos fazermos sentir bem mais fortes do que aquilo que os outros pensarão.
Decerto, venceremos...

quarta-feira, outubro 22, 2008

Horizontes...

Olho para o infinito com o mar em pano de fundo, tentando prever o futuro, pensando onde estarei e o que farei daqui a algum tempo, jurando tentar-me lembrar deste preciso instante e recordando os momentos que vivi neste mesmo lugar há imensos anos.
Foco-me na imensidão destas águas, aparentemente inalteradas e sem qualquer resquício de mudança ou alteração, sentindo a alegria e a ilusão de que nada ou pelo menos aqui, algo se tenha realmente modificado ou transformado. Tudo está intacto, vivo e agradavelmente apelativo a uma viagem mais intensa em torno do meu ser. Não importa a idade que tenha, o que tenha alcançado na vida em função de bens materiais, experiência ou realização profissional… Aqui volto da mesma forma com que sempre vim e aqui me encontro com o mundo sem lhe virar completamente as costas, embora o ignore pelos largos momentos em que aqui estiver.
Medito calmamente sobre a vida, analisando tudo aquilo que adquiri ao longo do tempo, naquilo que a infância, a adolescência e uma parte da vida adulta já fizeram por mim. Será contudo, uma realidade dura e cruel com que me irei deparar quando tiver de me levantar e deixar para trás todo este ambiente… Já nada está igual e mal me erga, sentirei novamente o sufoco e o puxão aglutinador da sociedade que me dá vida e me alimenta com o tentador veneno que a mesma produz. Ainda assim e antes de me ir embora, volto a olhar para o horizonte com a mesma vista que sempre daqui o alcançou e penso realmente no que os primeiros tempos de vida me deram por aqui. Fez-me bem a infância, fizeram-me bem os primeiros momentos em que aqui privei, não só por me terem feito mais forte, mas pela preciosa ajuda em manter a sensibilidade e os princípios de jamais renegar tudo aquilo que me fez crescer, viver e sentir.
Se um dia esta mesma ilusão acabar, certamente irei com ela…

quarta-feira, outubro 15, 2008

Espelhos!

Não são poucas as vezes em que diante de um espelho, me sinto distorcido perante o reflexo que dele sobressai. Tal como num retrato, pareço desvirtuado, assustadoramente fora de mim, alheado do meu contexto de vida e distante de uma completa descrição do meu ser…
Sinto-me ferido como se o espelho me revestisse de lâminas, me perfurasse as expressões com que me manifesto, com que me demonstro e com me dou a conhecer. Pareço querer fugir e incapaz de enfrentar a realidade… Assusto-me a mim próprio, jamais pelo meu aspecto físico, mas essencialmente pela imagem reflectida que parece sem vida, sem alma e sem qualquer fogo capaz de incendiar o coração que me mantém consciente. Talvez porque o olhe precisamente com esse mesmo coração e jamais com a mente aliada à força da razão… Talvez porque nada reconheça no meu rosto, no meu carácter e na minha personalidade...
O olhar entristece-se, o coração adormece e a mente deseja apagar-se…
Como é possível que sejamos tão diferentes aqui, tão dormentes e tão inconscientes de uma existência que se sente, que se molda e se reveste pelo nosso corpo?
Fecho os olhos por momentos e antes de recordar o que acabei de ver reflectido, concentro-me no homem que sempre fui, na pessoa que sempre viveu e agiu de acordo com os seus princípios, na criatura que sempre soube sentir e ver os outros como verdadeiros seres humanos, independentemente da sua fisionomia. Tão dura que é a realidade aos nossos olhos…
Como seria bom que os espelhos com que diariamente nos deparamos, reflectissem apenas luz, apenas cor, e tivessem a capacidade de nos aquecer, ao invés de nos fazerem reflectir e mostrar cruéis exemplos daquilo que não desejamos observar… Finalmente, abro novamente os olhos e tento sorrir! As faces definem-se e moldam-se ao sorriso, enquanto os meus lábios se esticam e produzem uma expressão de felicidade e bem-estar. Tão distante que está a realidade, tão cínica que é a imagem que dos espelhos se irradia… Quando voltar, desejarei estar bem mais equilibrado e preenchido, embora volte a não acreditar naquilo que os meus olhos me mostrarão!

quinta-feira, outubro 02, 2008

Retorno!

Denso, o arrepio que os sons de outrora me provocam e me fazem estremecer quando os oiço novamente. Sinto-me estranho e absurdamente introspectivo quando me concentro nas memórias que vivi há imenso tempo, as transponho para a actualidade da minha vida, para os exactos momentos com que agora me deparo e com isso, tento assumir o envelhecimento do meu próprio ser. É tão fútil o corpo que nos dá forma, tão mais efémero que a vida ou a implacável passagem do tempo à nossa volta… É absurdamente estranho!
Sento-me de cabeça apoiada nas minhas mãos, vendo-as maiores e mais gastas do que nos meus tempos de criança, sentido a passagem dos anos sem os agarrar, sem os poder segurar e a viver de infindáveis memórias e de saudade. Não sei se o que me custa é o recordar dos sons da minha infância, das saudades da minha meninice ou se será esta mesma viagem ao passado com todas as suas incidências, alegrias e tristezas. Ainda assim, sorrio e recordo todos aqueles que comigo privaram, que comigo se divertiram e choraram, que comigo vibraram com os primeiros tempos de vida num mundo tão difícil quanto complexo e que quase aposto que ainda sentirão as mesmas vibrações que eu.
Não foi o crescimento que me assustou, que me matou os sonhos ou que me possa ter roubado tudo aquilo que jamais quereria perder. Talvez tivesse sido o próprio passar do tempo que consigo levou os amigos a seguirem novas vidas, a traçarem metas e rumos muito próprios, a fazerem-se homens e mulheres e a deixarem tudo aquilo que de melhor existiu. É estranho o que um som, uma música ou uma melodia que era corrente no nosso tempo de miúdos, me mexe com a mente num intenso turbilhão de ideias, de confusão e de completa absorção. Parei por completo o que estava a fazer e durante um bom par de minutos, deixei-me seduzir por aquela sonoridade que me acompanhava várias vezes há imenso tempo e que agora, surgindo acidentalmente, me acompanhou como se ainda estivesse naquela época e a viver exactamente tudo da mesma forma. Contudo, as dúvidas e as questões não deixam de me surgir quando a mesma melodia termina e o falta de som se torna absurdamente cruel…
Por onde andará toda aquela minha gente com quem vivi há tantos anos, que lado a lado construiu milhentas aventuras e histórias para contar, que embalada pelos sonhos de criança se debatia rapidamente para crescer e fazia com que cada um daqueles momentos fosse especial e inesquecível? Será que o começo do fim acontece agora ou já virá há tanto tempo e só agora me apercebo? Por vezes, choro de alegria com as boas recordações… Outras tantas, choro de tristeza por não voltar a vê-las acontecer…
Há semelhança de uma foto, de uma película de filme, de um livro ou de um caderno onde rabiscávamos os primeiros desenhos, também a música assume um carácter de intemporalidade e onde quer que estejamos ou em que altura estivermos nas nossas vidas, trará sempre consigo a grata recordação de connosco ter privado e de nos ter acompanhado durante o crescimento. Onde estaria eu quando ouvi aquilo a primeira vez? Agora sei que foi aqui e neste preciso momento, que me fez parar e recordar!

quarta-feira, setembro 17, 2008

Ilusões!

Sento-me nas frias pedras do meu presídio…
Os sinos ecoam-me no mais profundo sentir como se me penetrassem pelas entranhas do meu viver e fossem a consciência a tentar-me perdoar pelo erros de um passado pouco digno. Reflicto sobre a vida, meditando, analisando e fazendo uma breve retrospectiva de todas as decisões que tomei, de todas as escolhas que fiz e de todos os caminhos que me forçaram a cometer estranhas opções. O tempo passa e sinto que não tenho onde me possa agarrar, algo que me possa prender e até mesmo uma segunda tentativa para começar tudo de novo… Subo para o cadafalso, lamentando-me, penalizando-me pelos actos e colocando uma corda de laço corrido, ajustando-a e deixando-me quase asfixiar pela pressão que de mim se apodera. Tudo parece estranhamente lento ao fim de uma vida passada em compasso de corrida, vertiginosamente apressada e sem qualquer pausa ou intervalo. Olho-me por dentro, murmuro calmamente os últimos pedidos e deixo-me envolver pela grandiosidade das visões que agora me surgem sem pensar.
O que estaria afinal errado? Eu? O Mundo? O estranho envolvimento de ambos? Não sei…
Houveram alturas em que os erros se tornaram demasiado evidentes, visualmente óbvios e ainda assim não consegui deixar de os cometer, de continuar a acumular enganos, a viver de equívocos e a falsear resultados por maus comportamentos. Hoje volto a fechar os olhos, a sentir tudo com uma clareza tão real, que se tornaria incapaz de aceitar tudo isto como um sonho ou um pesadelo. Gostaria que assim fosse, que acordasse rapidamente e voltasse a sentir uma nova experiência ou recuperar o que de bom acabei por perder. Nem o grito de revolta me regenera, nem mesmo o seu próprio ruído parece fácil de calar…
As palavras fluem aliadas a sentimentos, as lágrimas escorrem-me sem saber porque choro, a vida parece apagar-se sem que a sinta a viver. Afinal, nem é tanto a morte que receio…
Talvez seja o não acreditar em mais nada, no não sentir a existência de um qualquer algo sobre o qual me valha a pena me debruçar… Sinto-me perdido!
Ergo os olhos para o Céu, peço clemência, perdão e lamento pela minha vida. Se existir algo que me conceda a absolvição, sentirei de pronto e pouco mais desejarei do que assistir ao resgatar da minha alma e vê-la partir. Talvez separada deste corpo que tantas vezes a mutilou, se sinta mais pura e viva eternamente de acordo com os seus reais princípios. Gostaria que finalmente seguisse o caminho correcto, sem desvios ou mudanças e que pudesse realmente caminhar sobre a verdade, escolhendo de acordo com a razão e meditando sempre com o uso do coração. Se assim partir, servir-me-á de consolo. Quanta ilusão vivi eu enquanto estive neste mundo…

terça-feira, setembro 09, 2008

Ressentimento!

Seguro-me pelas frágeis pontas de umas velas já gastas pelo vento...
O tecido que lhes dá forma quase se rompe, ameaça rasgar-se a cada nova investida e nem mesmo as cordas mais fortes me dão a confiança nem o discernimento necessário para acreditar na viagem até ao fim.
Prendi-me demasiadamente a alguém, ainda meio no ar, sem sentir os pés suficientemente presos à terra e apesar de me culpar, sinto-me magoado por algo que nunca fiz ou tenha a lamentar…
Finjo agora que não te oiço, que não te vejo, sentindo-te implorar-me que saia deste atribulado mar de dúvidas, que desista e volte atrás mais uma vez! Sinto-me fraco e quase surdo… As ondas não me deixam ouvir-te com precisão, o som das vagas não me deixa chegar até aí e sinceramente já não o quero. Volta-me as costas e esquece-me de uma vez… Continuo amedrontado, num trajecto rodeado de receios e de incertezas, mas sem qualquer mágoa ou ressentimento por desistir de ti. Continuo a acreditar que as velas que me afastam não te trarão qualquer significado ou algo que te possa fazer a diferença. Se assim fosse, há muito que terias reconsiderado as várias opções com que te deparaste e objectivamente fizeste questão de me relegar para último plano na tua escala e poder de escolha.
Não me vires as costas como sempre fizeste. Pensa e reflecte, cresce, amadurece e verte as lágrimas neste mar salgado de ingratidão, cedendo à pressão do arrependimento, do remorso e aceitando a tua pena na humildade da contrição. Como é triste o tempo que leva a uma desculpa, comparado com a distância eterna de uma separação. De repente, diria que poderia ser fugaz, repentina, mas por certos motivos, definitiva! Honestamente e sem sombra de dúvidas, não queria nunca que o momento acontecesse e apesar de tudo, ainda menos agora. Sinto-me cansado das cedências, dos castigos que impunemente foram acumulados, da dor e da mágoa, da inexistência de princípios, de respeito e de valores. É tarde agora! Segue em rumo oposto…
O tempo, esse, encarregar-se-á de te fazer culpar pelas escolhas e decisões. Esta vontade de partir e de me afastar, é minha…Tão somente minha! No final de contas, não é nada de novo, não é um trajecto que já não tivesse sido tentado, embora nunca conseguido. Desta vez é a valer e nada me fará recuar. Ainda que consumido pelo medo e pelo receio, agarro-me com a esperança de um novo porto de abrigo, considerando-o essencial á minha felicidade enquanto ser humano… É tarde agora, para o que quer que me peças!

quarta-feira, setembro 03, 2008

Polvilhos!

Fecho os olhos por momentos, ocultando etapas da minha vida que não desejo recordar e absurdamente fingindo que nunca deveriam ter existido. Os meus sonhos parecem adormecidos, rodeados de estranhos afazeres, de curiosidades indispostas e de fracos objectivos por alcançar nesta vida. Se me sentisse mais forte, mais capaz e mais ciente, seria diante deste mesmo olhar fechado que sacudiria a poeira que não me deixa ver, afastando a densa névoa que me envolve, me circunda e numa estranha redoma me consegue fechar e prender.
Para quê continuar uma luta onde o poder instalado é da força de quem mais pode, de quem mais afronta e de quem mais assusta? Rendo-me com pouco, é certo! Pareço pó que se movimenta ao sabor dos ventos de outrem, que circula pelas brisas perdidas e sem direcção definida, que se arrasta pelo ar agitado de qualquer meio… Sinto-me vazio!
Por mais que tente, tudo volta ao que existia antes… Os mesmo medos, os mesmos receios, o mesmo estranho sentido de me deixar levar por quem me queira arrastar. Pó, nada mais sou do que pó! Estatelo-me mais uma vez no chão por me recusar a ver, quebro-me pelos ares no medo de me soltar, morro cabisbaixo como fragmentos de matéria dispersa por mim…
Talvez não me deva sentir tão fraco e impotente. Talvez me deva permitir antes a situar e a encontrar com outros pedaços igualmente em suspensão, agarrar-me, unir-me e com todas as minhas forças, lutar igualmente num mesmo sentido. Em vez de finos grãos de areia que tantos de nós parecemos ser, creio que juntos numa enorme quantidade da mesma, possamos um dia voltar a vingar e tornarmo-nos na mesma rocha que ao longo do tempo nos partiu e decompôs.
Pó, ainda que inútil, existe!

sábado, agosto 30, 2008

Saudade!

Por onde andarás agora, o que farás desse lado enquanto em ti penso, por ti recordo e por ti lamento o tempo de espera que jamais me levará a qualquer conclusão ou desfecho?
Não sei se chore novamente. Não sei se o mesmo desabafo me fará sentir bem, não sei se as lembranças dos momentos que juntos vivemos poderá ou não ser um perfeito aliado para tentar compreender melhor as dúvidas que agora me sufocam…
Tantas vezes me ajoelhei, rezei, pedi por ti e a resposta embora silenciosa e pouco palpável, sempre me pareceu confortante e apaziguadora. Será que sentes desse lado as minhas súplicas? Será que a minha força e intenção em cada um dos meus simples e inocentes actos, também te conseguirá tocar da mesma forma e de igual amplitude? Dá-me um sinal…
Diz-me por favor que o sufoco que sinto não é em vão. Que tudo aquilo em que acredito e faço de coração, tem realmente um intento, um desígnio e é sentido por ti onde quer que estejas, onde quer que te encontres, onde quer que este algo possa chegar.
Sem isso, ficarei à deriva e sem saber se realmente te importa…
Todavia, a fé e a crença interior acompanham-me como se ainda vivesses aqui. Mantenho vivo o fogo, conservando a mesma chama que crepita e se move com o mesmo espírito que sentíamos quando nos reuníamos. Lembro-me agora do que realmente vale a pena ser recordado. Nada mais parece importar…
Apesar de tudo, quebrei a promessa de não verter qualquer lágrima aquando da tua partida e se a mente me responsabiliza, o coração perdoa e preenche com a infinita bondade do seu viver. Prometo que serei mais forte, ainda que o tempo pareça demasiadamente lento a curar os males dos que por cá ficaram. Deixo o grito de revolta bem enterrado, em silêncio, sem querer recordar a mágoa e o choque sentidos no instante em que partiste.
Sinto saudades… Descansa em paz!

quinta-feira, agosto 28, 2008

Paixões…

Por entre a devoção e o sentir de um verdadeiro amor, invadem-me a incerteza e a ansiedade das emoções, dos suspiros e dos desejos que me cercam e me prendem.
Orgulhosamente, as fraquezas vingam-se em fortes, mostrando-o, crescendo, permanecendo intactas, indestrutíveis e repletas de um sentimento acompanhado de constantes dúvidas, ainda que de grandiosas esperanças, de felicidade crescente e de um profundo bem estar. Sente-se a força dos corações que brotam e irrompem dos nossos peitos. Batendo a um ritmo frenético, audaz e inconsciente, quase que se vislumbra o regresso ao nosso íntimo, à nossa génese e a tudo aquilo de que somos feitos.
Porque será a inconstância do amor, um rótulo tão semelhante a um regresso de estranha inocência, a uma inconsciência tantas vezes proibitiva e a uma forma de estar completamente descabida? Razões que a razão desconhece…
Afinal, nem tudo terá de ser explicado, mas apenas sentido. Age-se com o coração sem que a razão se intrometa, começando sem saber, apoiando sem querer, agindo sem pensar… Apenas o sorriso, o brilho revelador dos nossos olhos e os enormes feixes de luz que irradiamos, nos permite denunciar. Não nos escondemos e não conseguimos fazer por isso. Finalmente, parece que este estranho destino que diante de nós se depara, mais não é que um agitar de sentimentos. Fielmente, acorda-nos e faz com que sigamos atrás deste sonho, atrás deste regresso a um mundo de inocência e felicidade, atrás de um lugar onde a idade não existe e não se permite a viver, atrás de uma intuição cega, mas sempre repleta de significado…
Sim, sinto-me verdadeiramente apaixonado!

sexta-feira, agosto 08, 2008

Brisas!

Algures e perdido por entre os sonhos, vejo-te longinquamente vagueando pelos ares, dispersa, cadente e inexplicavelmente entregue ao sabor de algo, de alguma coisa, de qualquer coisa… No fundo, interiorizo-me e medito sobre a real força de ser capaz de me erguer, me sustentar, poder abraçar-te e puxar-te para mim… Será tudo isto um sonho em que do fundo do meu coração me apaixono, me sinto real, me sinto sem medos, sem receios, com uma vontade extrema de te olhar nos olhos, pegar-te pelas mãos e fazer com que me deixe guiar por uma espécie de destino apátrida ou desprovido de qualquer fonte de esterilidade?
Tantas, mas tantas vezes me sinto criança e me deixo adormecer embalado pela doçura dos teus braços… Tantas, mas tantas vezes me sinto tão aconchegado, que ao mesmo tempo pareço livre e capaz de levitar pelos ares… Tantas, mas tantas vezes me sinto numa encruzilhada e num pânico tremendo com receio de me deixares cair…
Vivo e julgo-me capaz de cruzar toda a imensidão que diante de nós se depara, se reveste e quase me faz esmorecer. Talvez prefira olhar primeiro, talvez deva acreditar um pouco mais antes desse enorme passo, talvez não pense e acredite na linguagem do meu querer, na vontade do meu saber, no instinto da minha liberdade…
Deixo de lado as inquietações e ainda meio disperso por esta estranha utopia, tento despertar para a realidade, transpondo o mágico poder da inconsciência para a objectividade dos meus intuitos. Finalmente e já acordado, sinto-te no meu íntimo, nos mesmos sonhos que contigo vivi, na forma abrupta e quase ficcionada com que os meus olhos se abriram e aos poucos tudo permitiram ver. Seja em corpo ou em espírito, sinto-me capaz de pela primeira vez te acompanhar, de deixar que a mesma vida que me parecia ter oferecido um legado à deriva, me acompanhe, me proteja e me reencaminhe ao longo do tempo. Tudo isto, acaba por ser afinal, um pequeno tributo a algo mais do que a minha própria força e vontade. Há por isso quem lhe chame destino, fatalidade, coincidência e até mesmo sorte. Para mim, será uma pequena brisa que me acompanha, lado a lado com os meus passos, protegendo-me, castigando-me, mantendo-me indissociável dela própria. Para mim, será uma mera questão de fé, um sentir-me acompanhado mesmo nos momentos de maior solidão. Para mim e mais do que uma cronologia de acontecimentos ao acaso, é ela quem juntamente comigo, os faz acontecer!

quarta-feira, julho 16, 2008

Tempo!

Mais um dia em que noite me protege e o dia adormece…
Tudo se regenera pelo poder luminoso da lua, crescendo, vivendo e impondo-se num misticismo ambíguo, capaz de suportar o calor de uma vida, a luz de um mistério, a força de um desejo...
Parece selvagem, instintivo e alheado de tudo o resto, mas o crescimento contínuo que em nós se depara, vai muito para lá da simplicidade do querer, do sentir e do simples existir. Talvez pareça desprovido de coração, de alma, de chama… Talvez se sinta à deriva, desnutrido, cambaleante…
O que será afinal o crescimento? Apenas uma razão física e mental, em que o passar dos dias e o revestir das noites, fará apenas parte do processo? Será que é o tempo que nos molda e fortalece, ou será ele que com o passar dos dias nos acaba por matar, por nos retirar o pensamento, por nos parar os sentimentos, por nos levar a alma, o espírito e inclusivamente, o nosso próprio tempo? Confuso…
Por vezes, creio que a meta é dolorosa… Porque há-de o tempo ser um mero percurso, um processo lento no metabolismo, embora extremamente rápido para quem por ele passa? No final, a vida acaba por ser uma breve passagem por um trecho composto de pequenos episódios. O epílogo, desconhecido!
Talvez e já na morte, seja retirado dela, acordado, agitado e tentado novamente a viver. Reencarnando, surgindo de igual modo… Não sei! Olho para os céus na vã tentativa de alcançar a eternidade e tentar ver para onde irei. Iluminarei os céus com o meu olhar? Também não sei…Sorrio perante a incidência da luz solar… Consome-me e desnorteia-me! Faz-me chorar e sentir amaldiçoado por tentar compreender algo que se extende para lá das minhas capacidades. É apenas a curiosidade que me move, a coragem de ser capaz de acreditar na vida para além dela… Sei e tudo tento para que nada se resuma a pó. Sei e tudo tentarei fazer para que mesmo do outro lado, exista mente, viva um coração repleto de sentimentos e se exiba naturalmente pela força do ser que me dá vida e me faz refém do tempo que aqui me consome… Em ambos os mundos, existirá e sobrará sempre ele mesmo... Tempo!

terça-feira, junho 24, 2008

A meus pés...

Luminosa, receosa e ocultadora de sorrisos, tenta-me e desperta-me eternamente para a gula do pecado, para o choro e para o lamento de uma vida que em nós habita, perdura e corrói…
Agradecer-te-ei com a recompensa do meu olhar, sorrindo-te e quebrando-te desse feitiço que em ti opera, que em ti jaz como pedra enfurecida e te impede de visualizar para lá da razão. Aos poucos, junto-me a ti, fundo-me num só pacto de sangue e limito-me a alcançar o solo com pequenos passos de uma caminhada árdua, complexa e tremendamente difícil.
Basta-me vontade, querer, esperança e preserverança… Mesmo lado a lado e em busca do mesmo objectivo, parecemos almas gémeas separadas pelo destino, pelos diferentes olhares e direcções, pelo ocultar da finalidade das razões… Será que conseguimos?
Vem a meus pés, deixa-me que me ajoelhe diante dos teus… Talvez o destino nos molde e se opte por fazer de nós seus reais súbditos, na crença e na eterna esperança de um modelo a seguir. Nada dizemos, nada fazemos… Apenas concentramos o olhar num raio doentio de incerteza e profunda esperança.
Prudentes como sempre, de lágrimas escondidas em rostos lavados, desenhamos o sinal da cruz e adormecemos eternamente. Espalhamos o eclipse da vivência, ocultamos o lado mais brilhante do sol e no meio de toda esta escuridão, vislumbramos pequenos feixes da direcção que ambos pretendemos. Vem, luminosa, sorri para mim e acompanha-me… para sempre!

segunda-feira, maio 26, 2008

Maldições...

Dias esquecidos, sem que a luz, o brilho e toda a envolvência que lentamente nos abraça, consiga prevalecer perante a noite…
Corações vazios, sem chama, sem querer, compostos de um denso nevoeiro que se reveste com o cair de mais uma noite, com o chegar de um carregado simbolismo de suposta escuridão e alimentada por um peito de intensa seiva envenenada.
Parece ser desta forma que tudo cresce, tudo resiste e tudo se alimenta, com uma personalidade roubada, com um coração sem vivência e uma mente insapiente. Até a alma se funde no tempo, congelada, presa e demasiadamente contida num estranho seio de acomodação e descrença.
Colho-te por entre os mais ínfimos rochedos, num lugar de nada, vazio de tudo, quase num estranho limiar de morte e onde afinal ainda pareces trazer no teu olhar, o caminho de volta…
Mesmo tudo iluminando, permite-me que te veja com o enorme clarão que produzes, escondendo-me tentadoramente da imensa luz capaz de me cegar.
Acto mortal de um choro compulsivo, de uma maldição inexplicável que novamente me atrai e repulsa, numa coragem quem sinto ser capaz de libertar e ao mesmo tempo de esconder, num medo, numa cobardia e num receio de te pegar.
Se o conseguir, se te tocar e arrancar do lugar onde te encontras, alcanço-te a mente, tiro-te um pedaço do coração que por ti vive, absorvendo para mim toda a tua alma e eternidade.
Ilumina-me e encandeia-me até aí… O resto, viverá no meu ser com um misto de coragem e cobardia. Continua…

terça-feira, maio 13, 2008

Espaços...

Doce o tempo, onde o cair de noite nos veste com o seu manto de luar, despindo-nos a pele dos contrastes do sol, do lento movimento dos ventos que nos tocam e nos beijam o corpo de um modo disforme e incoerente...
O ritmo dos corpos dança e baila neste crepitar de sensações, de suspiros, de contemplação pelas maravilhas que a nossa vista alcança, do ego que se alimenta pelo que lhe é agradável e simplesmente tentador... Ao longe, vejo o que gostaria de sentir e viver profundamente.
Estranho este lamento, este gostar e sentir das coisas sem qualquer mudança, ter a noção de agarrar o tempo, o espaço e preferir deixar tudo como se sente e como se vive nos instantes de maior prazer e satisfação interior. Arrepia-me pensar que o desejo de permanecer para sempre agarrado ao que amo, ao que adoro, ao que quero eternamente sentir, possa mudar, deva mudar e me deva levar. Porque será que os instantes que tanto amamos e que tanto nos dizem algo, passam tão repentinamente que mal os vivemos, mal os sentimos e continuamos na incessante busca de os repetir exactamente da mesma forma com que tudo sucedeu? Porque será que aqueles finais de tarde nos maravilhosos tempos em que a beleza de cada pôr-do-sol se esfuma e desaparece, tem de partir, tem de sumir, terá de desaparecer e nos deixar entregues à lente e triste escuridão da noite? Preferia agarrar o tempo, fazê-lo permanecer com a mesma luz, com o mesmo calor, com a mesma brisa, com o mesmo bem-estar de cada momento de felicidade...
Infelizmente tudo passa, tudo se completa, tudo parece voltar á forma inicial do círculo ainda que de modo diferente... Tudo é irrepetível, tudo passa, tudo se transforma...
Feliz de quem vive na felicidade dos momentos e os compreende... Infeliz de quem vive na ânsia do tempo perdido e na recordação dos instantes futuros... Espaços, apenas...

sexta-feira, maio 09, 2008

Contextos!

O aroma doce de um grandioso perdão, descansa em cada pedaço de oportunidade…
Nuvens de uma densa névoa de interrogações, emergem dos céus como se me viessem engolir a uma só voz, a um só grito, a um só queixume e a um só choro. Descanso igualmente com o sonho e secreto desejo de um paraíso térreo ao alcance de cada um de nós… Parece fácil…
Por vezes, acordo de manhã sem razões para o fazer, preferindo o sono continuado da noite anterior… Cheio, repleto e plenamente carregado de dúvidas, de incertezas e de um remorso inexplicável e desgastante, recuso-me a entregar o destino a qualquer preço.
Traído nas memórias, falseado pelas amargas lembranças que agora se desvendam, descubro a realidade do paraíso tantas vezes apregoado, umas vezes jovem, outras bem mais velho e em nenhum deles sem me conseguir situar. Tudo me acorrenta a um mundo que me foge, me abandona e ao mesmo tempo me engole, me digere e jamais parece querer deixar. Ambíguo, complexo, difícil de acreditar, mas pleno de sentir…
Arrepio-me, assusto-me e amedronto-me perante mais uma investida de um estranho sentir, deixando-me acobardar pelo sangue que deixo gelar e não pareço querer contrariar. Os joelhos tremem e deixam-me cair… As mãos fraquejam, transpiram e produzem ao mesmo tempo uma gélida sensação de medo perante momentos de decisão… Os passos dão lugar ao sossego…
Um mundo, um estranho mundo de uma estranha alma… a minha alma!
Mais uma vez é o tempo que circula, que emite os mesmos ciclos com que sempre viveu. Os ventos sussuram, a claridade incandeia, a escuridão protege, a terra permanece morta e as águas não se desviam dos seus cursos. Falo com os rios, cheios de sentimentos e dedicação, permaneço no silêncio ensurdecer das águas que remoinham em meu redor e me convidam a reflectir no cristalino reflexo que daqui me permito vislumbrar. Sinto-me uma extensão destas margens, sujas, corruptas e quase envergonhadas pelo leito que nelas ganha forma.
É só mais um longo e demorado processo de vida, onde os ventos sopram na escuridão, onde o pó que neles viaja me cega o horizonte, onde o silêncio me vocifera mais alto do que as simples palavras por dizer e onde o caminho de percalços em que me encontro, se manifesta repleto de promessas vãs… Nem eu sei onde me encontro...

quarta-feira, abril 02, 2008

Escritos...

O corpo e a alma mantém-se em comunhão.
A escrita flui-me como água e timbra os meus segredos na companhia das horas tardias de várias noites passadas em branco. O sossego, a tranquilidade e até mesmo a inspiração, parecem encontrar-se nesta pequena divisão, mal iluminada por um fraco feixe de luz, mas suficiente para me resgatar a clareza de espírito com que vejo a minha imaginação. Talvez nem seja muito e pareça fácil a forma de deitar cá para fora toda a nossa eloquência… Contudo, a realidade torna-se distinta e praticamente invisível quando se relatam momentos, se transfiguram sentimentos e os oferecemos com todo o nosso coração a quem a nós se dirige.
Hoje, é mais uma dessas noites em que o coração me bate, me parece saltar pela boca diante de tanta excitação e quase como uma ideia brilhante que nos alimenta o ego, a inspiração faz-nos sorrir por dentro, ilumina-nos o olhar e aquece-nos no íntimo com a mesma chama que o milagre da vida. A pena, a tina, o papel… Todos de mão dada e exercendo uma força divina, quase dançando em cada letra que se vai compondo e aparecendo. Sorrio, querendo debitar todo o meu empenho numa ansiosa vontade de escrever mais depressa que a velocidade do meu pensamento. Parece um jogo de parada-resposta, onde a verdadeira intenção é tão somente transmitir o que se sente e se regista para não esquecer…
Explodem sensações, liberta-se o íntimo com um estranho rasgar de privacidades e ali estamos nós, nús, a descoberto e com a vontade de continuarmos a mostrar tudo o que somos. Tudo sentimos sem a mínima noção ou receio do que dizemos, do que fazemos, do que nos permitimos alcançar e com um bem estar latente, soltamo-nos apenas…
Não sei o que procuro, nem o que me faz sentir tão bem. Mais do que o prazer da escrita, é o prazer de me encontrar interiormente e com isso, ser capaz de me soltar, de me mostrar, de surgir diante de quem queira estar comigo, ainda que com um estranho sentimento de paz, tranquilidade e satisfação… Continuarei!

quarta-feira, março 12, 2008

Escarpas!

Sabem-me bem as noites passadas à beira-mar…
Analiso, penso, medito e faço um balanço sobre atitudes, questões, decisões e inevitavelmente deixo que a experiência de outrora me ajude a discernir sobre eventuais dúvidas.
O ambiente é geralmente o mesmo… Recatado, escuro, quase deserto e estranhamente alheado do resto do mundo que nos sufoca e engole. Aqui, ao sabor da brisa, ao ecoar das ondas que rebentam e ao som melodioso de cada música que vou ouvindo, permito-me encontrar com o outro eu, soltando-me, viajando para fora de um corpo que tantas vezes castigo por más decisões e tentando tão somente a busca de um pouco de paz e tranquilidade.
Parece que é neste sítio que me escondo como de se um mórbido egoísmo se tratasse, embora o gozo de sentir alguém por perto e muito possivelmente nas mesmas circunstâncias, me encha o ego e não me faça sentir tão mal como inicialmente me poderia julgar. As intenções não mudarão muito nesta busca de algo que nunca saberei se encontro… Sei que os meus desejos e grande parte dos meus desígnios geralmente se mantêm, mas a forma e as maneiras de olhar para dentro de cada encruzilhada parecem ganhar novos contornos de uma clara lucidez, sempre que venho aqui. Deixo o tempo passar ao sabor de mais uma noite que avança, ao ritmo de cada minuto desesperado que busca incessantemente os primeiros sinais da manhã e ali me permito viver. Olho para o lado e vejo gente exactamente na mesma posição que eu. Será aqui o abismo para o mar de dúvidas que tantas vezes alimentamos, ou a solução final para cada incerteza que paira inevitavelmente sobre nós? Sinceramente, tem sido aqui que me encontro e onde me consigo sentir leve para decidir. Virei até ao fim…

quarta-feira, março 05, 2008

Ideologias!

Nos complexos mundos do nosso mundo, reside um constante crescimento de histeria, de pressão latente, de competição voraz onde a condição humana se perde, se resigna ao estranho sentimento de minoria, de rebaixamento, de entrega a qualquer ameaça perante os estridentes discursos de quem nos grita, nos amedronta e afugenta sem qualquer princípio moral ou de ética. Executam-nos, matam-nos por dentro, enterram-nos em breves segundos de uma vida palmilhada degrau a degrau, construída pelos anos, edificada com o suor e o sacrifício de um pão duro de conseguir, áspero de provar e pouco enérgico como alimento e base de sustento… Não faço parte daqueles que se acomodam nas enxurradas, daqueles que se afundam na multidão engolida pelas evidências ainda que a minha ignorância abunde na afronta com que me defendo, com que protejo aqueles em quem acredito e enfrente o poder instalado sem qualquer suporte de apoio… Pergunto-te sobre quem salvo, sobre quem protejo, sobre de quem me lembro apenas por uma questão de vizinhança, de companheirismo exacerbado e tantas vezes tão fútil e incompreendido… No final de contas, o que será então o senso comum por parte daqueles que tantas vezes vivem um estado de impureza e conflito interior? De que lado das forças estará a totalidade da justiça, da piedosa rectidão de espírito, da ideia justificativa em que se pareça sentir a verdadeira correcção de argumentos? Partilhamos caminhos ainda que usemos forças de pensamento distintas… É confuso, ambíguo e quiçá, tremendamente injusto. Páro novamente para reflectir em atitudes, nas dos outros, nas minhas também… Quem mente, quem oculta os reais interesses e se deixa corromper pela imoralidade das fracas personalidades que ostentam? Perguntas sem nexo, respostas com pouco crédito e onde o silêncio jura denunciar os fracos propósitos de quem no fim partilha a mesma biologia que os criou e deixou que a vida fosse invadida por ideologias de interesse e sobrepondo-se por vezes às suas verdadeiras filosofias de vida… Triste, mas verdade!

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Distâncias!
O amor consegue-me manter vivo...
Sempre que vais embora, fica um sentimento de vazio, de mágoa, de tristeza numa falsa esperança de nunca mais te ver. Ainda que me entretenha nas mais diversas formas de distracção, a separação que nos marca é imensa, intensa e difícil de ultrapassar. Parece ridículo como permitimos que a vida nos separe, nos deixe viver na distância e no gastar de um tempo que além de prejudicial, poderá tornar-se numa imensidão irreversível. Como tudo parece efémero ao ponto de agora nada mais ser possível e numa necessidade momentânea, podermos e sermos capazes de largar tudo para nos socorrermos mutuamente. Basta um pequeno sinal, uma suave amostra, um sentir que nem tudo estará tão bem como parece e voltaremos a unir-nos, a completarmo-nos por inteiro. Aí, creio que a união brilhará para sempre, sem interregnos, sem distúrbios e até ao final dos tempos. Talvez seja o amor que emanamos que nos torna competentes diante dele, nos momentos certos, agora e nunca, nas noites escuras, nas longas madrugadas de um luar resplandecente e na saudade, na eterna saudade que ambos sentimos.
Dói, magoa, custa viver com a separação, com o amor que ambos sabemos que dificilmente terminará, sem pressões, sem um acto controlado de querermos dominar o outro e sempre, mas sempre pensando em nós como um todo, lado a lado. Jamais conseguiremos amar se a outra parte não permitir, não poderemos tocar se não tentarmos, embora saibamos que a resposta por mais longínqua que possa estar, será apenas física e parecerá dura aos olhos de quem a oiça.
Tudo isto é tão somente a vida que o amor nos dá, o amor de que nos alimentamos e nos mantém vivos, em cada momento, agora e nunca, em todas as noites, a cada novo dia e onde quer que estejamos... Unidos, sempre!

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Prodígios!

Nuvens que se dissipam sempre que te vêm, sumindo e levando com elas as gotas de chuva que nem se atreveriam a cair junto a ti... Talvez milagre, talvez algo inexplicado e de causas sobrenaturais que sinto acontecer quando estás por perto. De alguma forma e pela qual não entendo, parece que os prados são mais verdes, os rios mais rápidos e cristalinos, os céus mais límpidos e azuis, e a directa luz do Sol quase nos torna invisíveis, atravessando-nos e provocando-nos uma combustão interior que se emana e nos reveste.
De repente, tudo ganha sentido, desde um colorido mais intenso, a uma maior intensidade de brilho, a um melhor equilíbrio de contrastes em cada novo dia... O silêncio no desabrochar das flores, torna-se inquietante, parecendo que em cada pétala um sentimento floresce, se mostra e se entrega sem reservas.
Será este o nosso milagre, cujo carácter ganha forma com o nascer de um novo dia, na profundidade e na extensão do mesmo, na essência de um poder que julgamos adormecido e o vemos dissipar na beleza de tudo o que nos reveste? Será que cantar dos pássaros ofuscará os raios das tempestades que nos assustam, nos colhem e nos parecem engolir? O nosso milagre estará sempre em ti, onde o azul mais perfeito se mostrará nos céus, o verde mais belo estará nos campos e onde o Sol casará com a Lua na beleza das águas dos oceanos. Tudo isso parece vir contigo e sempre que te sinto por perto, as asas ganham vida, perdem-se na imensidão do horizonte e brilham... Brilham para lá de tudo. Começa um novo dia...

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Hipnotismo...

Sinto a vida rodar, vendo-me sem chão, sem ter onde cair, sentindo-o constantemente...
Pressinto-te em mim como se entrasses, saísses e me deixasses sem me conseguir segurar, com toda a realidade que agora me alimenta, se mostra diante dos meus olhos de efémeras lembranças e saudosas recordações. Não sei onde estou, de onde regressei nem tão pouco pareço saber o que esta estranha tontura me deixa reservado, ainda que a única segurança e defesa que possa sentir, será a inocência e a pena que habitam lado a lado no interior do meu ser.
Lá longe, o toque dos sinos desperta-me para uma outra dimensão, provocando-me dor e algum desnorte, confusão e uma certa demência onde neste estado doentio, me permito vislumbrar com alguma clareza e por entre uma nuvem de pó, toda a energia que embora turva e algo desiquilibrada, se tenta erguer por dentro de mim.
O olhar da minha visão parece sonolento, pesado, carregado e refeito de um estado recambolesco. Sabia que não seria fácil mergulhar num mundo de desordem e confusão, sem reaparecer cabisbaixo e atordoado pelos empurrões que senti, ainda que me tivessem demonstrado o que pensavam, o que já teriam vivido e usado essas mesmas experiências como alerta para as minhas decisões. Tonto, confuso e cambaleando, vivo com um coração em chamas, tentando reagrupá-lo, uni-lo e conseguindo sentir o calor do lume que me queima por dentro e dilacera de um modo lento mas eficaz. Oxalá derreta de uma vez e me permita alcançar tudo aquilo que me falta para saber aceitar, saber compreender e conseguir voltar atrás em determinadas decisões que me levaram a um estado de hipnose e completa disfunção mental.
Talvez haja uma forma, talvez a consiga encontrar, nem que seja na última hora de vida, no dia do julgamento final e onde apenas compreenderei que voltei de um estado regressivo de transe e de retorno a algo que ainda não consigo clarificar. Deitar-me-ei até que a tontura desta hipnose me desapareça para sempre.... Aí estarei na realidade!

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Tranquilidades...

Hoje, um dia tão normal como tantos outros e ao mesmo tempo, sempre tão diferente...
O acordar nada pareceu trazer de novo, ainda que com ele a benção da vida se tivesse feito anunciar e só por isso, devo dar graças por mais uma manhã que me permite estar vivo, me permite viver e permite fazer com que cada um dos meus sentidos volte a interagir com todo o ambiente que me rodeia. O passar do tempo parece trazer mais sapiência, mais experiência a uma vida que vive mais um dia de intenso movimento, ainda que tudo pareça parado, tudo pareça num completo sossego, ainda que tudo pareça num perfeito estado de tranquilidade. Talvez seja tão somente pela minha tranquilidade, pelo sossego a que hoje estou sujeito, pela calma que hoje trago comigo e mais do que a paz de espírito que pareço carregar, talvez seja pelo facto de sentir uma total despreocupação de qualquer responsabilidade no dia de hoje.
Farei o que me apetecer, cumprindo as mesmas regras, as mesmas imposições diárias quase rotineiras, mas sem o peso das mesmas a tolharem-me de pressão e ansiedade.
Hoje viverei de acordo com as minhas vontades, tomando o meu tempo para aquilo que bem me apetecer, para um único todo chamado eu, mas ainda que possa parecer de puro egoísmo e de uma estranha forma de solidão doentia. Saber-me-á extremamente bem este contacto com a minha paz interior. Amanhã, voltarei com tudo aquilo com que sempre sou obrigado a partilhar, mas mais leve e mais aliviado por uns breves momentos de satisfação e de renovação interior.

domingo, fevereiro 03, 2008

Perdão!

Tento que a minha luz ilumine o teu ser, o irradie de algo que não possui, sendo que o meu esforço e vã recompensa, apenas tem o triste retorno do choro do teu olhar... Parecem tempos de desespero, de tristeza imensa, quase desilusão, apenas porque te empurraram e escorraçaram, te mgoaram ao ponto de não permitires que alguém te ame, que alguém te toque e que alguém te volte a dar motivos de uma felicidade repleta de sorrisos.
Toca-me num último esforço, tentando uma vez mais e sem reservas... Deixa-me sentir-te também, fazendo com que te leve ao outro lado, te mostre a extremidade onde já viveste e agora pareces renegar... Permanece disposta a viver de novo, a sentir que o amor nos faz sentir vivos, não importando em que altura for e nos momentos certos que por mais errados pareçam ser.
Nas noites mais sombrias e escuras, voltarás a sentir o brilho que dele se irradia, matando o sentimento vazio que se aloja na mente e se aninha nas vidas que se separam e parecem eternamente perdidas...
Estarei por perto, sempre que precisares, sempre que me envies um sinal de esperança e de perdão por algo que julgávamos perdido no tempo. Seria bom retomarmos certos momento, recuperarmos algum do tempo gasto e recomeçarmos sem regras, sem leis impostas por outros...
Ainda agora, tudo parece começar...

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Rectidão!

Perdido por entre mentiras, será que te perguntas pela verdade e eu não a vejo?
Lamento que esse trajecto seja uma mau disfarce, onde trocas a liberdade de escolha pelo medo e onde a dignidade de algo valioso como a vida, se vende a algo ou alguém por míseros bens.
A consciência é matreira e voltará a pesar-te quando retorquir pela parte que lhe retiraste. Ambos sabemos como se move, como se afunda e como tantas vezes parece sair de um lodo movediço, onde nem sempre os mais sábios e astutos se conseguem deixar de engolir.
Por muito, por pouco, será sempre sem perdão e mesmo pagando pelos erros, o tempo que tantas vezes se julgou comprado, emprestado e agora gasto, virá ao teu encontro, tomando-te a vida e levando-te com ele.
Tantas vezes observei, vi como poucos as necessidades, as intenções, lado a lado com a mentira, a ganância, o orgulho doentio de chegar ao topo através de uma escadaria de degraus inocentes, abusando do poder, esquecendo a esperança de quem mais dela precisava e ainda assim, acreditei... Talvez seja tarde para recomeçar, para pensar novamente desde um começo a este nível... Contudo, pareço decidido a pagar pelo que fizeste...
Sem perdão, sem pena, sem me esconder num primeiro buraco que me apareça, sem receio de mostrar um rosto de vergonha e queixume, pela vida que me tiraste e deixei permitir.
A vingança é doentia, fria e talvez inconsequente... Ainda assim, o tempo que me pareceu roubado, não passou de um tempo emprestado, porque tão somente também ele virá ter contigo, levar-te-á a consciência e quando te sentires vazio e despido, sentirás o mesmo apagão que tantas vezes nos custou a engolir...

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Ressureição...
Longe o tempo, onde o oxigénio que respirava eras tu...
Um por um, o estranho movimento dos teus dedos deambulava pelo meu rosto, sentindo a cegueira que nos escondia e lentamente nos matava. Tocava-te de igual modo, parecendo que o sofrimento de ambos se extinguia, se apagava e jamais voltaria a atormentar duas vidas de confusão e incerteza. Sorrias docemente, escrava de um amor que julgavas teu, de uma forma de amar tão intensa, tão tua, tão doentia...
Tornámo-nos cativos e permanentes, firmes de vários momentos onde pedíamos mais, onde julgávamos e consentíamos que houvesse mais, jamais receando que a mesma corrente que nos segurou, quebraria com pouco. Parecemos pedir uma renovação, um reaparecimento, uma ressureição. Oxalá te beijasse com os mesmos dedos que tantas vezes te acariciaram o rosto, te contornaram o sorriso, te limparam as lágrimas... Onde quer que estejas, são estas mesmas mãos que lavas, que beijas, que cuidas e tantas vezes levas ao meu coração. Sofro na dor, na mágoa, na revolta e só te consigo imaginar a sorrir! Sorris como um anjo, sorris para mim como sempre sorriste, como sempre te sentiste, escrava do nosso amor desde o momento que nos vimos, nos tocámos e desejámos eternamente que para sempre perdurasse. Um dia voltaremos a estar juntos...

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Dúvidas...

Amo-te, mas quero viver sozinho... Não te amo, mas preciso dormir com alguém...
Amo-te, mas sonho com outras mulheres... Não te amo, mas quero um filho teu...
Amo-te, mas não posso prometer nada... Não te amo, mas prefiro jantar acompanhado...
Amo-te, mas preciso viajar sozinho... Não te amo, mas quero companhia...
Amo-te, mas não sei amar... Não te amo, mas queria saber...
Porque será tão difícil saber o que quero, o que não quero e conseguir equilibrar-me num meio termo? A confusão afoga-me, a incerteza mata-me, a indefinição consome-me...
Amo-te demais... Sem te amar com pouco...