segunda-feira, maio 10, 2010

Ambição...

Nada receies... Por vezes e apesar de demasiadamente dura, a vida não é cruel. Os efeitos nefastos com que dela parecem surgir, pouco mais são do que um abismo deixado pela imaginação. O resto, é uma consequência natural do próprio destino a que ela se submete. Não creias em tudo o vês, no que te digam, no que te incutam... Também aqui o medo reside, entranha-se e não permite a total liberdade de movimentos a que tanto deveríamos estar sujeitos. Talvez a verdadeira ambição não seja a de conquistar metas ou de alcançar objectivos finais, mas sim de vencer os fantasmas do momento e das incógnitas que por mais simples que sejam, quase nos levam a recuar. Vivem-se perguntas sem resposta, luzes sem a transparência necessária para nos deixarem iluminar um caminho sinuoso. No fundo são provas, pequenos testes à capacidade e resistência de cada um, meros exames com o condão de parecerem compostos por uma complexidade impossível de resolver.
Tudo é fruto de ambição, de conquista, de glória. Tudo se torna um produto desta mesma vontade de atingir o que falta alcançar, ainda que o resultado final seja fútil, desinteressante, inconsequente. Pena é, que a mentalidade não esteja rotinada para a satisfação aquando do objectivo, preferindo focar-se exclusivamente no trajecto até então. No caminho, nada se vive convenientemente, do mesmo modo que nada realizará por completo ou deixará que a mente e o corpo se saciem por inteiro.
A rota reveste-se de fé, de crença, de elevada auto-estima e igualmente de desatenção. Na tormenta da mesma, tudo se move, tudo se retira, tudo se afasta. Em grande parte das situações, inúmeros fragmentos vão-se perdendo, não se dando por eles diante da nossa passagem, ainda que as suas perdas se tornem irreparáveis. Tornam-se grandes, com consequências a que apenas o tempo saberá responder. Há que saber viver com isso, lidar com isso, deixar-se transformar igualmente por isso. Infelizmente, é com a calma que a reflexão surge, surgindo em cada pequeno pensamento e em laivos de obscuridade perante tamanha iluminação interior.
Sorte a daqueles que à luz dos seus objectivos, alcançam a esperança, viajam no tempo e recuperam o que perderam num retorno de humildade e consciência. Apenas eles estarão tranquilos, libertos, descansando profundamente em cada sono e sabendo concretamente, a pequena porção do espaço que lhes cabe.
A vida, essa, não pára! O que virá após, depois e a seguir, logo se saberá... O fruto recolhido por uma ambição desmedida, poderá ser fatal, de danos irremediáveis, de consequências imprevisíveis. Ainda assim e se algo se assemelhar a um abismo, que nunca se perca a fé interior. Depois dos momentos de grande tormenta pela nossa passagem, virá a calma, o sossego, a paz e será nessa tranquilidade que seremos capazes de discernir entre a obscuridade e a claridade. Até lá, cegamos completamente...