quarta-feira, março 12, 2008

Escarpas!

Sabem-me bem as noites passadas à beira-mar…
Analiso, penso, medito e faço um balanço sobre atitudes, questões, decisões e inevitavelmente deixo que a experiência de outrora me ajude a discernir sobre eventuais dúvidas.
O ambiente é geralmente o mesmo… Recatado, escuro, quase deserto e estranhamente alheado do resto do mundo que nos sufoca e engole. Aqui, ao sabor da brisa, ao ecoar das ondas que rebentam e ao som melodioso de cada música que vou ouvindo, permito-me encontrar com o outro eu, soltando-me, viajando para fora de um corpo que tantas vezes castigo por más decisões e tentando tão somente a busca de um pouco de paz e tranquilidade.
Parece que é neste sítio que me escondo como de se um mórbido egoísmo se tratasse, embora o gozo de sentir alguém por perto e muito possivelmente nas mesmas circunstâncias, me encha o ego e não me faça sentir tão mal como inicialmente me poderia julgar. As intenções não mudarão muito nesta busca de algo que nunca saberei se encontro… Sei que os meus desejos e grande parte dos meus desígnios geralmente se mantêm, mas a forma e as maneiras de olhar para dentro de cada encruzilhada parecem ganhar novos contornos de uma clara lucidez, sempre que venho aqui. Deixo o tempo passar ao sabor de mais uma noite que avança, ao ritmo de cada minuto desesperado que busca incessantemente os primeiros sinais da manhã e ali me permito viver. Olho para o lado e vejo gente exactamente na mesma posição que eu. Será aqui o abismo para o mar de dúvidas que tantas vezes alimentamos, ou a solução final para cada incerteza que paira inevitavelmente sobre nós? Sinceramente, tem sido aqui que me encontro e onde me consigo sentir leve para decidir. Virei até ao fim…

quarta-feira, março 05, 2008

Ideologias!

Nos complexos mundos do nosso mundo, reside um constante crescimento de histeria, de pressão latente, de competição voraz onde a condição humana se perde, se resigna ao estranho sentimento de minoria, de rebaixamento, de entrega a qualquer ameaça perante os estridentes discursos de quem nos grita, nos amedronta e afugenta sem qualquer princípio moral ou de ética. Executam-nos, matam-nos por dentro, enterram-nos em breves segundos de uma vida palmilhada degrau a degrau, construída pelos anos, edificada com o suor e o sacrifício de um pão duro de conseguir, áspero de provar e pouco enérgico como alimento e base de sustento… Não faço parte daqueles que se acomodam nas enxurradas, daqueles que se afundam na multidão engolida pelas evidências ainda que a minha ignorância abunde na afronta com que me defendo, com que protejo aqueles em quem acredito e enfrente o poder instalado sem qualquer suporte de apoio… Pergunto-te sobre quem salvo, sobre quem protejo, sobre de quem me lembro apenas por uma questão de vizinhança, de companheirismo exacerbado e tantas vezes tão fútil e incompreendido… No final de contas, o que será então o senso comum por parte daqueles que tantas vezes vivem um estado de impureza e conflito interior? De que lado das forças estará a totalidade da justiça, da piedosa rectidão de espírito, da ideia justificativa em que se pareça sentir a verdadeira correcção de argumentos? Partilhamos caminhos ainda que usemos forças de pensamento distintas… É confuso, ambíguo e quiçá, tremendamente injusto. Páro novamente para reflectir em atitudes, nas dos outros, nas minhas também… Quem mente, quem oculta os reais interesses e se deixa corromper pela imoralidade das fracas personalidades que ostentam? Perguntas sem nexo, respostas com pouco crédito e onde o silêncio jura denunciar os fracos propósitos de quem no fim partilha a mesma biologia que os criou e deixou que a vida fosse invadida por ideologias de interesse e sobrepondo-se por vezes às suas verdadeiras filosofias de vida… Triste, mas verdade!