sexta-feira, novembro 06, 2009

Esperanças...

Através do horizonte e na linha que o cruza, vivo instantes passados de densa atracção e reconhecimento.
Os pensamentos fluem-me constantemente e sem interrupções… O estridente e maravilhoso ecoar do silêncio que me invade, remete-me para um outro nível de introspecção e crença interior.
Ao longo deste peculiar trajecto, encontro-me em pequenos laivos de sapiência, amargamente salpicados pela ignorância da maturidade, ainda que pareçam revestidos por uma doce mas perfeita harmonia de inocência.
Lado-a-lado com as pegadas da própria sombra, a sensação de correr só alimentou-me antes de qualquer tempo, elevando-me os sonhos a um plano cada vez mais intenso de altivez e supremacia. O consumo interno de que a vida sempre fez parte, elevou trajectos, discerniu caminhos, moldou trevas arrastadas pela implacável vivência do tempo, atingindo altitudes de um mundo pré-existencial e construindo-me à sua semelhança num carácter de gula, sedento prazer e de uma fome azíaga que agora se presta a desagregar.
Mantenho ainda assim, o olhar acordado através do horizonte que me teima em aparecer. Soturno, denso, melancólico, embora ainda revestido pelos tão característicos pigmentos que sempre daqui alcancei. Esperança? Talvez… Sonhos? Perfeitamente reais!

segunda-feira, setembro 07, 2009

Momentos!

A importância de cada instante, não passa de um breve fragmento da grandiosa peça que a vida se lembra de encenar. Sem ensaios ou arneses que nos segurem, sem redes que nos amparem ou varas que nos equilibrem, nem sempre é fácil lidar com a complexidade do amanhecer, talvez ainda encoberta pela densidade de uma escuridão desconhecida e vagarosamente dissipada.
Curioso, é o facto de raramente nos desviarmos de nós mesmos, de pensarmos que ninguém nos vê através de um simples passo, preferindo a ilusória sensação de liberdade solitária, ao invés de uma reclusão remetida e partilhada por um grupo que nos segue e acompanha.
Nem sempre este tudo ou nada é coerente, correcto e perfeito. O receio alia-se ao racional e remete-nos para o medo, povoando a mente de pânico e horror. Aí, ninguém parece ouvir o nosso choro interior, um queixume quase ensurdecedor pelo vazio do silêncio, um estado de alma quase deixado a um acaso estranhamente apático, imóvel, mas perfeitamente válido e preciso.
Seguimos sem ninguém nos retirar daquilo que somos, sem que alguém pareça suficientemente forte para nos gritar coisas que denotem sentido…
Nesses momentos, parece claro demais que conseguimos viver uma vida audível aos ouvidos dos outros, mas estranhamente surda e ignorante a quem nos grita e faz por acordar.
Para onde iremos afinal sem ninguém à nossa volta, sem exemplos de verdade para alcançar, sem o conhecimento do abismo que nos alimenta de receios e enfarta de medos?
Estranhamente, só aprendi que a mesma peça que nunca me permitiu qualquer teste ou ensaio, permanece viva e presente num mundo de que dificilmente rejeitarei ou serei capaz de escapar.

quarta-feira, julho 08, 2009

Negrume!

Algures diante do cansaço da alma, venço as sombras que me respondem em actos de coragem, nunca temendo o que se revele, o que se desvende e o que se possa assemelhar ao que de mais frio e crú se possa converter.
Rodeado pela pressão de um ar que me aperta e sufoca, respiro e suspiro por uma aragem que me solte, me liberte e me tente fazer compreender que tudo o que diante dos meus olhos se transforma, é afinal a mesma violência que a todos presenteia.
Não sei ao que vou, ao que me espera, ao que pretendo por fim, crendo apenas numa vida incógnita de saberes e de teorias, de práticas e acontecimentos, de factores e rituais que ainda que se mantenham por revelar, jamais o afirmarão com a plena certeza do seu direito. Talvez seja a violência de tudo isto que me apoquenta e aflige…
Algures e novamente presente de encontro à minha fadiga, precise de um líder para me puxar, para me incendiar interiormente e fazer com que o meu grito se eleve e reaja para lá do necessário repouso. Fútil, fácil, vazio, mórbido talvez, mas será neste bradar intenso em que as manhãs se constroem, que consiga quebrar os meus dias, passo a passo, enérgicamente, veementemente…
Por muito que a noite me pareça viver para sempre, será a violência dos primeiros raios de Sol a acordarem-me para mais um inquietante momento de mistério, de segredo e de fantasmagóricas sombras como se de um fogo se acabassem de libertar… Acordo, para mais um dia… Um vivo e inesperado dia!

sexta-feira, junho 19, 2009

Aniversários...
O lado obscuro dos anos que voam...

quinta-feira, junho 11, 2009

Surdez…

Na voracidade da sua voz, remeto-me ao sossego do meu estado de alma, assustado, inquieto, vencido pelo pânico do seu timbre, aterradoramente encolhido pelo medo que o mesmo me provoca. Choro compulsivamente, soluçando receio, exibindo fraqueza, mostrando cobardia… Magoa-me esta presença, ferindo-me com crueldade quando a mesma me abraça e me engole, trespassando-me com a simplicidade de uma lança pontiaguda e mortífera, matando-me lentamente numa sombra escura e infinita… Daqui observo trevas, absorvido pelas mesmas, entregue a uma escuridão pelo terror que me provoca, pela intensidade da sua voz, pelo eco de um grito que me recolhe e atormenta, por… infinitamente tudo! Ergo o olhar quando me julgo livre, nele exibindo tristeza, impureza, demência. Falta-me luz, claridade, brilho, contraste… Falta-me tudo o que de mais belo existe quando aqui não estou, sempre e tão somente acomodado pelo grito e pela fúria a que te obedeço quando o fazes comigo. Choro novamente pelo ardor nos tímpanos, pela pressão tão cobardemente cometida, pelo som que tanto me fere e castiga… Dói-me esta amargura que carrego quase levianamente, este sofrimento para lá de uma vida, este castigo demasiado pesado para quem o recebe e tão cinicamente leve para quem o comete… Solidão! Talvez seja ela a causa desta surdez inimaginável. Talvez seja ela o vazio entre o preenchimento que julgo receber e nunca encontro. Talvez seja ela, o obscuro e o silêncio de uma sombra vazia e perpetuamente louca. De certeza que será a mesma solidão que no alto do seu silêncio me ensurdece e enlouquece… A ela me rendo!

quarta-feira, junho 10, 2009

Post-Scriptum...

A todos os seguidores, amigos, colegas e anónimos visitantes dos meus espaços, gostaria de deixar uma palavra de apreço, simpatia e agradecimento, por todas as mensagens que me têm enviado não só pelos comentários deixados, como através de e-mail e vulgares sms.
De facto, a assiduidade com que escrevo e partilho convosco todas as minhas vivências, experiências, fantasias ou humores, não tem sido a mais regular. Não por falta de vontade, inspiração ou por um querer que se tenha vindo a diluir ao longo destes anos… Nada disso!
Acredito até, que possa ter perdido visitas por este distanciamento mais notório, mas como sempre fiz questão de frisar e nunca esconder, mantenho a minha escrita de um modo muito pessoal, muito discreta e muito minha. Não se tratará de egoísmo ou algo que o valha… Aliás, o prazer que retiro dos momentos em que primeiramente rabisco as minhas ideias valerão por tudo. No entanto, nem sempre existe disponibilidade física ou mental para expressar o que sinto e tanto desejo transmitir, ainda que a paixão me mova sempre a voltar.
A todos vós e além do agradecimento especial que aqui hoje deixo, fica a promessa de que mais do que actualizações frequentes, existe e existirá pelo menos, sempre a vontade de algo mais. Até breve!

terça-feira, maio 19, 2009

Lugares…

Divagando sem rumo ao bom sabor do tempo que não me consome ou desespera, deambulo pelos encantos naturais do que mais ambiciono, do encontro que me leve para um nível de maior satisfação, do lugar onde me permita tocar tudo aquilo que não alcancei enquanto podia…
Apoio-me na saudade vivida, no retrato típico de pinturas já desfeitas, nas intermináveis viagens pelo parco mar de gente que com o seu tradicional acolhimento, nos recebia e nos fazia seus.
Lindos esses magníficos roteiros que saudavelmente percorríamos, sempre com a enorme vontade de um destino que mais não era do que a recompensa pelo próprio trajecto em si… Souberam-me bem os enormes caminhos palmilhados com a velocidade possível, presenteados com o que de melhor sempre tivemos, totalmente revestidos pelas imagens que mormente me perduram e ecoam em cada momento…
Vivo ainda pela brisa que me refrescava e fazia respirar, pelos odores que tão caracteristicamente me identificavam o que ainda não via, pelo olhar que no horizonte se desprendia e tudo captava com a curiosidade de quem tudo queria descobrir…
Que bom foi viver assim!
Revivo cada pedaço de chão sempre em comunhão com as gentes desses lugares, sorrindo perante a humildade da casa que nos ofereciam, da cama com que nos faziam descansar, da boa vontade das suas mesas com o que de melhor nos poderiam presentear…
Lamento o desaparecer deste regresso àquilo que era nosso, ao retorno para junto daqueles que avidamente nos esperavam e sorriam pela nossa simples presença. Entristeço-me pelo perder destes entes queridos, pelas humildes casas que tantas vezes foram o nosso abrigo, pela sinceridade deste acolhimento e pelo calor constante do que nunca mais voltarei a ser capaz de sentir. Onde vive agora a típica alma desta multidão que com a pele gasta pelo tempo, jamais se preocupou a quem abraçava, com quem convivia e a quem sempre tão bem soube receber? Direi que hoje não passarão de futilidades e meras recordações pela exigência do nosso quotidiano.
Nada disto esquecerei, até porque hoje nada é assim…

quarta-feira, abril 29, 2009

Palavras!

Aqui me encontro onde sempre estive, procurando a correcção nas palavras para dizer o que sempre senti e onde tantas vezes me pareceu sentir aceite.
Custa-me perceber que o alcance das mesmas pareça por vezes perdido no espaço, pouco se prolongue pela cruel acção do tempo nas nossas vidas e que raras sejam as vezes em que se tomem como exemplo de meditação.
Não o faço pela razão, por uma questão de obrigatoriedade de regras a seguir, mas tão somente pelo coração que nelas emprego, pela devoção que as mesmas me fazem mover… Rejo-me e por elas me deixo governar, não me importando com a antiguidade que delas advenha, pelo conteúdo que delas surja, pela mensagem que as mesmas possam transmitir. Talvez o maior erro, seja por ser um homem de palavra, de uma só palavra onde todas as outras se encaixam por um conjunto ordenado de letras e de regras…
No fundo, não pretendo ser o único nem apenas mais um pregador de uma espécie de doutrina, de uma forma erudita de uma crença em que no fundo nada mais pareça ter, do que uma paixão exacerbada por aquilo que defendo.
Tantas, mas tantas vezes conto os pedaços de papel amarrotados que semeio no meu intrépido chão, quando as minhas letras não conseguem transmitir os meus reais sentimentos… Revolta-me, consome-me, mata-me, embora nunca deixe de tentar uma e outra vez. Recomeço, insisto e assim permaneço!
Inspiro-me, interrompo-me, apago e reescrevo, irrito-me e altero o que me parece errado, sorrindo sempre com o orgulho daquilo que fielmente consigo transmitir…
Difícil, é conseguir comunicar na frieza dos caracteres, toda a verdade que a nossa mente reveste de sentimento. Talvez no fundo, nem me importe concretamente com o alcance que a minha ideia possa ter aos olhos dos outros, preferindo e regozijando-me sempre, que a principal realização e satisfação pessoal sejam minhas, tão somente pela sensibilidade que nas minhas palavras emprego.
Afinal, toda a minha vida fui e sempre serei apenas isso… Um homem de palavras e de palavra!

sábado, abril 25, 2009

Cravos...

Mais do que a simplicidade de um amor a um povo, aqui presto a minha homenagem a um grupo restrito de homens que através da sua ousadia, souberem transmitir esse mesmo amor à sua pátria. Não importa o sangue que fosse derramado, as perdas que invariavelmente pudessem ocorrer, o fracasso que o espírito de missão lhes pudesse trazer. Talvez e mais do que recordar Abril, não chega viver do passado, alimentarmo-nos de comemorações fúteis, preenchermo-nos de campanhas políticas como as que vivemos actualmente. O que afinal pareceu tão simples, foi tão singularmente um começo. Talvez por isso e num acto de enorme gratidão, o possa afirmar sem rodeios: A revolução foi deles... A liberdade totalmente nossa!

quinta-feira, abril 16, 2009

Destinos!

Nunca terás pensado em ficar com alguém, ainda que sonhasses que seria ali que residiria a tua liberdade? Alguma vez te prendeste aos instantes em que imaginaste que seria possível algo mais do que a mórbida vida que ambos levamos?
Creio que não será mais possível fingir que a tudo o resto permanecemos indiferentes…
Sonha, desperta de uma vez, liberta-te do que te sufoca e no meio da tua intensa doçura, entrega-te, satisfaz a tua vontade e vem ter comigo.
Partamos esta noite, fugindo de tudo e de todos, sem a necessidade de o anunciarmos. Se o soubessem, apenas serviria para nos prender, para nos manter fixos à mesma vida que sempre tivemos, matando-nos os sonhos, asfixiando-nos a liberdade, destruindo-nos os desejos…
Talvez amanhã já possamos estar longe, distantes o suficiente e a meio caminho do o nosso lugar-comum onde quem sabe, o nosso amor e a nossa vida possam ser mais do que apenas nós próprios.
Há muito que sonho com este espaço, com este pequeno recanto onde ninguém nos conheça e onde finalmente consigamos fazer das nossas vidas uma só. É ali que sonho com a nossa vida e onde a possamos deixar viver como o sonho que sempre alimentámos em cada um de nós. Foge, dá-me a tua mão e crê em mim, acreditando igualmente que o lugar que igualmente sonhas existe no meu pensamento e é real.
Façamo-lo hoje, agora! Guarda o segredo que te revelo e de nada duvides. Vem, parte comigo e acredita. Prometo-te que a verdadeira decisão e a certeza da resposta será encontrada mais tarde… Talvez quando tivermos percorrido a totalidade deste nosso lugar-comum e onde nenhum de nós precise de uma razão lógica para justificar esta nossa atitude, possamos sorrir e fazer valer que nada desta loucura terá sido em vão.
Esquece esta vida por agora, por um momento, agarrando-me, correndo sem olhar para trás, libertando a dúvida, abrindo-te diante do futuro, sem metas, sem limites, sem restrições…
Vem, jamais te deixarei!

quarta-feira, março 18, 2009

Noite Oculta...

Dentro da noite me encontro, tentando alcançar avidamente os propósitos da paixão que tanto me envolve e alimenta.
Remeto-me à suavidade do meu trajecto, crescendo com o objectivo do romance, do amor que aqui procuro, deste complexo preenchimento que tanta falta me faz… Talvez seja utopia ou algo semelhante… Talvez seja este não existir e esta estúpida crença que ainda me fazem acreditar num algo que muito sinceramente nem eu sei. Creio que apesar de tudo, me alimento numa sede ilíquida de tentar transformar tudo aquilo que sinto, num vasto banquete de minorias e de parca satisfação.
Apaixono-me visualmente pela gente bonita com quem me cruzo, danço freneticamente numa loucura desmedida e irracional como se em sonhos acordasse...
Sabe-me estupidamente bem este acto de involuntária demência, ainda que propositada, ainda que consciente. Enamoro-me vezes sem conta pelo egoísmo que me molda, pelo egotismo que me reveste, pelo egocentrismo com que me apresento. No final de contas e analisando a minha noite, humildemente reconheço que em nada me encontrei e no nada do que fui, o terei pretendido.
Por um escape a uma vida demasiadamente rotineira, alheei-me do meu ser, vestindo cobardemente a pele de um outro alguém com que jamais me identificarei. O porquê de o ter feito, ainda me rebate e atormenta, angustia-me, aflige-me, martiriza-me…
Talvez o verdadeiro problema não tivesse sido propriamente a minha noite, aqueles instantes, o meu momento… Consciencializo-me que terá sido o lento e agoniante acordar do dia seguinte.
Basicamente terá sido isso mesmo... O tudo aquilo que me terá feito abrir o olhos para olhar para dentro do que terei visto e assimilado. Curiosa a inocência que se ganha em momentos de exaltação, perante o contraste da consciência nos instantes de meditação.
Afinal, foi apenas uma noite… Uma tão curta e agradável noite.

quinta-feira, março 05, 2009

Devoção...

Lá estarei sempre que nada mais exista, segurando-te, prendendo-te e alicerçando-te a cada segundo da tua preciosa vida.
Levar-te-ei equilíbrio, trazendo-te esperança, mantendo-te viva…
Sente-me em ti, acompanhando-te perpetuamente, jurando-te fidelidade eterna a cada passo, em cada momento, em todos os instantes em que possas parecer perdida e inconsciente. De nada te escondas por mais cruel que a força externa te possa parecer. Ergue-te paulatinamente e vence-a com a destreza da tua fé, com a capacidade da tua crença, com a ajuda da convicção que sempre existiu em ti. Jamais esmoreças, jamais te rendas…
Saber-me-ás encontrar em cada adversidade, em cada dúvida e em cada encruzilhada, alcançando-me sempre a uma distância insignificante e através de um pedido inocente mas repleto de dignidade.
Nada te negarei desde que acredites, permanecendo contigo na incessante busca de repararmos o que em tudo te aflige.
Sê humilde aprendendo a aceitar, a compreender desfechos, a admitir a existência da perda, a saber encontrar a chave do destino.
Na tua crença viverá a solução para cada infelicidade, bastando que nela permitas jorrar a devoção com que sempre te debateste.
Acredita… Jamais te abandonarei!

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Dores...
Jamais me ajoelharei clamando por compaixão, por pena ou por algo que directamente me faça sentir mais oprimido e desfasado desta minha realidade.
Seria tortura, tristeza e um acabar precipitado do meu ser em relação a este mundo que tantas vezes se mostrou injusto, cruel e demasiadamente duro para comigo.
Tentei entender, julgando ser capaz de discernir perante os diferentes cenários que se foram formando… Tudo fiz, na vã tentativa de encontrar a resposta para as dúvidas que sempre pairaram sobre mim e que ao longo de todo este tempo nunca foram capazes de se diluir.
Talvez e agora, mais do que o meu apelo ou chamamento, está viva a crença de um rápido terminar de tudo aquilo que me magoa e faz sofrer. São nestas situações que me compreendo facilmente, que me reduzo a pó numa facilidade asfixiante, me consciencializo de que nada sou e muito menos serei.
Não quero nem preciso de me sentir acompanhado. Afinal, não será agora que irei precisar do que quer que seja e de quem quer que comigo esteja, já que a principal motivação e o orgulho que neste momento me invadem, é realmente o de querer ficar só.
Absorvam a minha estranha solidão, esta forma solitária de casar os dias com as noites, permitindo-me fazer deste lugar ermo, o lar perfeito para a minha dor.
Mais do que um apelo, há a vontade de por aqui continuar, isolado, fechado e afastado de tudo o que me rodeia. Talvez ninguém me conheça, poucos o saibam, muitos me ignorem… Prefiro-o assim, longe, distante e agradavelmente encoberto. Quando tudo terminar, lembrar-vos-eis de mim... Estarei melhor do que vós!

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Imaginários…

Engolido pelo ruído do meu próprio grito, cedo ao medo que a escuridão da minha noite me traz, recolhendo-me e mortificando-me lentamente numa agoniante espera por um sono que nunca parece chegar.
Sonho com uma fantasia decadente e repleta de imperfeições, ainda que nesta minha aspiração consiga vislumbrar campos de harmonia, de coerência e de uma completa pureza. No fundo, não serão mais do que campos abarrotados de flores fúnebres, regados por nuvens negras de indecisão e iluminados por um luar tenebroso que tanto me acompanha…
Engano-me constantemente e ao sabor do tempo, jorrando sobre mim as pétalas do meu jardim, o odor do pólen que me viu crescer, a sombra dos caules que tanto me juraram proteger. O medo esse, acompanha-me como se sempre vivesse a meu lado, acordado por um qualquer despertador cujo som lhe seja aliado e o faça rejuvenescer a cada batida. Fico-me novamente, aguardando pelo mesmo sono que me há-de levar a qualquer parte. Talvez nele, o sonho me destine para onde os ventos me sosseguem, para onde as chuvas me sequem ou a para onde a cegueira me ilumine…
Quero sair daqui, jurando ganhar impulso para enfrentar o medo desta escuridão e acordar deste sonho ainda antes de adormecer.
Respiro finalmente, agora no campo revestido pelo colorido das minhas plantas, pincelado pela graciosidade das gotas de chuva que nele se abatem e da valentia deste sol que tanto me alimenta. Afinal, tudo não passou de um pesadelo… O pesadelo da minha imaginação!