Fogo dançante !
Sentado pelos cantos, canto melancolia e tristeza, tentando adormecer.
Preso num emaranhado de promessas e falsas esperanças onde ninguém se parece assumir, jamais chorarei para mim, mantendo-me num deserto de sentimentos, alimentado por um oásis inexistente. Sem lágrimas de limpeza cuja intuito de me rejuvenescer e purificar se manteria vivo, apenas alimento diários de páginas vazias, escrevendo sem tinta, pensando sem coração, respirando venenos inglórios...
Canto nesta guerra, enquanto tudo arde, se destrói e consome, no choro compulsivo de quem não entende a mentira, os sonhos, o ódio ou mesmo a dor.
Sentado no meu canto, apenas observo a raiva contida de quem tudo perde, de quem tudo sente que afinal para se viver nada é preciso, deambulando através de uma vida fútil e sem significado perante cenários de destruição. Consumidos por máscaras de anos de fachada, pilham e vertem o sangue que o poder construiu, incapazes de me ver sentado neste canto, envolvido numa mesma luta, embora de contextos diferentes.
Contemplo a azáfama do desespero, da raiva primitiva, da ausência de valores morais, enquanto tudo se reduz a pó. Divirto-me sorrindo, sentindo que aos poucos se faz justiça. Sentado no meu canto, tento adormecer...
sexta-feira, outubro 20, 2006
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