sexta-feira, setembro 28, 2007

Fragmentos!
A distância corrói, aniquila e destrói qualquer ser humano, cuja vontade de regressar se torna o maior dos objectivos e permite que a mesma ansiedade que tanto o prejudica, o sufoque, o aperte e quase o mate... A saudade de aqui voltar era imensa, o desejo igualmente forte, mas quando as ideias, os pensamentos e até mesmo certos objectivos se tornam primordiais perante as imposições da vida, obviamente que tudo se esquece, tudo fica para trás e muita coisa parece deixar de fazer sentido. Vivi novas experiências, algumas menos boas, outras nem tanto, mas desta feita e não conseguindo novamente salientar a minha assiduidade, espero satisfazer o meu principal intento, que será sempre e sem dúvida, o de dar azo à minha mente, expôr o meu coração e abrir-me perante as incidências de um ser que palmilha um trajecto ao longo da vida...
Levanto-me cedo, muito cedo...
Caminho por entre chalés, belas moradias, rua abaixo, sentindo pequenos raios de um calor, cujo Sol meio envergonhado, me faz questão de oferecer. Desço em direcção à baía, ao encontro com o mar onde os barcos abandonados e ao sabor da ondulação, denunciam um ambiente de saudade, se solidão e de muita paz. Mais ao lado e em terra, a fachada da igreja mostra-me o dom da vida pelo baptismo, a alegria pelo casamento e a despedida pela morte que em cada um desses dias a compõe e preenche. Retiro-lhe o olhar e deambulando pelo tempo, reparo numa pequena azinhaga de pedra, onde pareço ver um homem velho com uma pequena mala de pele, castanha e gasta pelo uso... Parece conter um segredo, talvez fale sobre o amor, sobre conquistas, sobre descobertas, quiçá sobre uma revolução, onde uma pequena criança, fecha a boca das armas com um pequeno cravo vermelho. Talvez seja tarde, pareça noite pelo silêncio que me envolve e olhando novamente para o lugar de culto, alimento a minha fé, imagino a senhora que ouve a minha prece, que sente a minha terra, que segura a minha alma tantas vezes partida, tantas vezes desfeita...
Sinto-me libertar, quase levantando-me de uma queda em que a luz, o olhar divino e sagrado me parecem soar a fantasia, a sonho, a algo que só a minha cabeça imagina e alimenta. As guerras que sempre nos acompanharam, parecem não estar mais aqui... Tudo parece ter sido esquecido, resumido a pó, ficando resquícios levemente pincelados de choro, de vozes sofridas, de corações destruídos, de sangue derramado, de veias abertas... O tempo tudo compõe, mas nada esquece!
A saudade vem a nós e por vezes atraiçoa! O desejo de sentir aqueles olhares distantes, aquelas mãos gretadas, aqueles respirares de outrora, de outro Sol, de outras madrugadas, não conseguem agora unir-se na minha pele. Outros tempos, em que o mundo era outro, as vozes, os passos e até mesmo as formas de paz e de guerra, eram sentidas além da nossa forma actual de sentir. Outras leis, outros fundamentos que aqui procurei entender e não consegui alcançar...