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Curioso, o trajecto de uma vida...
Não importa relatar o bom, o mau, o fácil, o difícil, os projectos, as ambições, a inoperância, a preguiça ou até mesmo as opções tomadas ou caminhos que deveria ter seguido.
Mais importante do que isso, é o facto de me ter habituado desde tenra idade a viver cada novo ano como um só obstáculo, um só nível, uma só barreira... Ao longo do tempo, muitos pereceram, tantos outros vieram ao mundo e a sensação com que fico é que existe sempre um degrau atrás de nós, empurrando-nos, forçando-nos a correr e a obrigar-nos a seguir em frente, esmagando os que já não conseguem palmilhar qualquer porção de terreno e impulsionando os mais jovens a voarem sem limites...
De facto, vejo aqueles que já partiram em determinada altura, como alguém a quem a saudade comove, talvez por não terem chegado até aqui, por não verem onde nos encontramos, por não saberem com quem estamos e por já não sentirem como vivemos... Confunde-me, confesso!
Ao mesmo tempo e da mesma forma, permaneço consciente de que o empurrão da minha vida já foi maior do que o é neste preciso instante, ainda que denote toda a vitalidade para que de pedaço em pedaço, acrescente mais um ano à minha simples existência.
Medo talvez, tenha dos imprevistos, de algo que me faça tropeçar, cair e não ser capaz de me erguer. Aí serei como tantos outros!
Cairei, serei engolido de uma modo exactamente igual a todos aqueles que deixei ficar para trás e ali, naquele preciso momento, finalizarei a minha história. Os anos, esses, seguirão um a um, tal e qual uma prova de atletismo em que se saltam barreiras para atingir uma meta. E em qual delas vacilarei? Deus o saberá!