Aragens!
Ventos desse caminho leviano que me atormentam e remetem o destino para longe…
Com eles, cruzo a saudade do meu tempo, remediada pelo fraco existir a que as vivências tornaram suspeita. No bater dos instantes, soluço na imensidão do que se afigura diante da minha humilde presença, bastando ao intrépido e nefasto cunho da passagem da vida diante dos meus olhos, o existir de uma incerteza vã e tendenciosa.
Ao longe, o horizonte chora-me e relembra-me a infância descolorida, apenas pautada pelo sabor a que fui sujeito, sem esquecer as brisas que tão agradavelmente me elevavam e faziam vislumbrar a altura de que julgava necessitar.
Porque se nasce, se morre e se transforma o que nos rodeia, quando o mais importante e o que ainda permanece, nos circunda e ganha a forma do nosso ser como um molde a alimentar? Não distingo no entanto, se o regresso a estes sentires que em tudo se assemelham aos de outrora, serão exactamente iguais ao que foram. Sentem-se apenas, vivos, fortes, fracos, vivos… Quem teria mudado neste longo e penoso processo? Os ventos, as terras, as chuvas, os sóis? Teria eu vivido o frio, a aridez, a humidade e o calor como algo a descobrir, estando perfeitamente identificado com a intensidade destes fenómenos? Custa-me admitir que algo terá mudado, deixando-me na ignorância de não conseguir saber nem tão pouco distinguir, se a evidente culpa será minha ou do ambiente pelo qual me senti encurralado.
Ao longe, o que esta aragem parece ter levado, traz-me agora sob forma de dúvida, de incerteza e de completo desconhecimento, a verdadeira missão para a qual fui concebido. Sentirei tudo isto suficientemente?