Realidades !
Observo soturnamente a noite diante de mim.
Como uma espécie de ferida que se tenta fechar e sarar, penso no curativo ideal que me faça voltar a tempos em que a auto-cura era um processo intempestivamente presente.
Reparo na força e na vontade dos actos, sem sequer me preocupar em entender como tudo acontece, se realiza e regressa ao ponto de partida.
Recordo toda a vida perante o meu olhar, chovendo e infiltrando-se de novo em mim de uma forma gélida, omissa e grotesca. Lágrimas de nuvens passageiras que se precipitam através de uma pluviosidade natural, vão descendo pelo rosto e destilando a minha noite que vai desaparecendo. Pela manhã, surgirá um novo dia, onde a felicidade reinante de alguns, me trará pensamentos e me fará ter memórias nunca concebidas.
Talvez uma confusa demência se pareça apoderar de mim neste momento. Contudo repousar no útero pouco original em que se vive, faz-nos observar para além do previsível e com isso, ousamo-nos libertar e alcançar metas muito próprias. Sento-me no topo do tempo, viajo e deambulo ao sabor de uma suave brisa que me traz, leva e por vezes me alcança num mundo de constante mutação e realismo mórbido.
O sonho que de noite parecia real e previsivel, cai na tentação da monotonia. O confronto com a manhã, demasiado físico e grosseiro...
sexta-feira, novembro 05, 2004
terça-feira, novembro 02, 2004
Make-up !
Pelo reflexo natural de um espelho há muito construído e de certa forma baço e obsoleto, revejo-me a cada manhã de uma forma diferente. Vejo as imperfeições da estética, das formas que me compõem, me moldam e nelas me deparo com um complexo turbilhão de sensações.
Reparo nos contornos do rosto que há muito deixaram de ser os mesmos. Na textura, na cor que o veste e que nele se vai acentuando e acumulando. Parecem ser despojos de uma longa vida assimilada por um curto espaço de tempo. Talvez sinta experiência e sabedoria na pele gasta e usada, mas não deixo nunca de a sentir como uma mera e simples carcaça do interior que me mantém vivo e ciente da vida aí por fora...
Estranha sensação de exibicionismo e vaidade mórbida por algo tão irreal e doentio como a falsa demonstração exterior do que somos. A cada novo dia, o processo de rejuvenescimento interno, ganha novamente uma experiência e uma qualidade intrínseca que nunca é oportunamente acompanhada pelo externo. Surgem-me à ideia, as estranhas sensações da vergonha, do receio, da falsa aceitação pelos outros, simplesmente devido a um não acompanhamento progressivo do mental e do físico. Parece inevitável o recurso doentio de colocação de máscaras, de pinturas jokerianas que roçam e tocam o rídiculo, apenas com o intuito de camuflar o interior e fazer parecer mais afável e agradável. Precisarei mesmo disso? Não me parece...
Lanço novamente o olhar perante o vidro reflector. Toco-me suavemente e pelo meu tacto deixo-me levar. Parece-me bem e lógico, preencher algumas destas lacunas e imperfeições com tudo aquilo que me for mais adequado. Contudo, fecho e olhos e deixo que o meu tacto me acompanhe mais uma vez. Que vejo eu? Nada...
Não enxergo as tonalidades e mesmo os altos e baixos passam despercebidos. Parece um sonho acordado em que a verdadeira perfeição do meu interior, salta e deambula diante mim. Deixo-me levitar por largos instantes. Pareço um ser perfeito, em que embriago todos ao meu redor, deixando uma espécie de contágio saudável á minha volta... Apenas sou agradável. Nada mais!
Pelas inúmeras regressões que me acompanham nestes instantes, sinto-me a sorrir de felicidade e de bem estar. Encontro o ponto de equilibrio perfeito e após o sentir, abro os olhos lentamente e olho no seu interior. Julgo ter visto a verdadeira beleza e nela ter desencadeado um estado de espirito soberbo.
Vejo os olhos sorrirem, confiantes e sinceros comigo mesmo. Apetece-me sair agora, Não me preciso ver... Sinto-me bem !
Pelo reflexo natural de um espelho há muito construído e de certa forma baço e obsoleto, revejo-me a cada manhã de uma forma diferente. Vejo as imperfeições da estética, das formas que me compõem, me moldam e nelas me deparo com um complexo turbilhão de sensações.
Reparo nos contornos do rosto que há muito deixaram de ser os mesmos. Na textura, na cor que o veste e que nele se vai acentuando e acumulando. Parecem ser despojos de uma longa vida assimilada por um curto espaço de tempo. Talvez sinta experiência e sabedoria na pele gasta e usada, mas não deixo nunca de a sentir como uma mera e simples carcaça do interior que me mantém vivo e ciente da vida aí por fora...
Estranha sensação de exibicionismo e vaidade mórbida por algo tão irreal e doentio como a falsa demonstração exterior do que somos. A cada novo dia, o processo de rejuvenescimento interno, ganha novamente uma experiência e uma qualidade intrínseca que nunca é oportunamente acompanhada pelo externo. Surgem-me à ideia, as estranhas sensações da vergonha, do receio, da falsa aceitação pelos outros, simplesmente devido a um não acompanhamento progressivo do mental e do físico. Parece inevitável o recurso doentio de colocação de máscaras, de pinturas jokerianas que roçam e tocam o rídiculo, apenas com o intuito de camuflar o interior e fazer parecer mais afável e agradável. Precisarei mesmo disso? Não me parece...
Lanço novamente o olhar perante o vidro reflector. Toco-me suavemente e pelo meu tacto deixo-me levar. Parece-me bem e lógico, preencher algumas destas lacunas e imperfeições com tudo aquilo que me for mais adequado. Contudo, fecho e olhos e deixo que o meu tacto me acompanhe mais uma vez. Que vejo eu? Nada...
Não enxergo as tonalidades e mesmo os altos e baixos passam despercebidos. Parece um sonho acordado em que a verdadeira perfeição do meu interior, salta e deambula diante mim. Deixo-me levitar por largos instantes. Pareço um ser perfeito, em que embriago todos ao meu redor, deixando uma espécie de contágio saudável á minha volta... Apenas sou agradável. Nada mais!
Pelas inúmeras regressões que me acompanham nestes instantes, sinto-me a sorrir de felicidade e de bem estar. Encontro o ponto de equilibrio perfeito e após o sentir, abro os olhos lentamente e olho no seu interior. Julgo ter visto a verdadeira beleza e nela ter desencadeado um estado de espirito soberbo.
Vejo os olhos sorrirem, confiantes e sinceros comigo mesmo. Apetece-me sair agora, Não me preciso ver... Sinto-me bem !
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