quinta-feira, janeiro 20, 2005

Insónias!

O que te apraz dizer quando não adormeces?
Talvez um universo imenso de questões, de dúvidas, incertezas ou mesmo um atribuir de algo que não é de todo decifrável.Talvez seja apenas algo físico, um ruido imenso vindo do exterior ou uma espécie de poluição vibroacústica, que nem se sente ou compreende. Contudo, acho que chega a ultrapassar uma razão lógica e é-lhe atribuído um carácter bem mais ausente e real da complexidade humana.Parece-me estar a atravessar um desses momentos e a cada novo minuto que vai passando, acresce-me a preocupação de serem sessenta novos e valiosos segundos que desperdiço na minha noite e que subjacente a isso, perco umas quantas células nervosas essenciais ao meu equilibrio diário. Levanto-me do meu leito quente por não conseguir aguentar nem mais uma fracção de tempo deitado. Distraio-me com tarefas normais que faria em qualquer tempo livre que teria. Pego num livro e apesar da falta de sono, o cansaço impede-me de atingir uma concentração completa sobre o tema que escolhi para me debruçar e entreter. Largo imediatamente o conjunto de folhas que havia pegado e coloco-me de novo num outro patamar. Vejo as páginas on-line dos diversos jornais diários que irão sair á rua dentro de poucas horas. Também isso me faz perder um pouco o encanto, pois sem dúvida que a agradabilidade de ler as manchetes pela manhã num qualquer quiosque, me faria sem duvida despertar outro interesse. Ligo a televisão e embora me mantenha entretido enquanto as teclas do meu ruidoso telecomando, me permitem fazer um zapping acelerado, não vejo nada de particularmente chamativo. Talvez sintonizando uma qualquer estação de rádio, me ajude. Faço-o com satisfação e perante um daqueles sons, daquelas músicas dos meus tempos de criança, recordo com interesse e com a lembrança de momentos anteriormente passados. Sinto-me longe daqui... Imagino-me onde estaria quando ouvia aquelas vozes, em que situações me deparava e que sentimento me faria sentir naquela altura. Perante algumas canções, senti algum saudosismo doentio e fases menos boas. Optei por desligar. E agora ? Que vou eu fazer ? Tomar um anti-depressivo, um sedativo, um ansiolítico , ou regresso ao meu leito, mantendo-me imóvel e estático até que o meu cérebro encontre a paz necessária para descansar ? Não sei, mas até o facto de não ter sono, me deixa stressado. Se fosse criança, seria fácil pegar no meu boneco de peluche, ir para junto dos meus pais dizendo que estava com medo, ou arranjando uma qualquer desculpa para o meu mal.
Sento-me na cadeira do meu quarto. Confortavelmente, encosto-me e deixo-me ficar com a cabeça para trás. Fecho os olhos e tento um descanso artificial desta forma. Ainda assim, milhentas acções deambulam pela minha mente. A preocupação dos dias que virão, tudo aquilo que lhes vem anexado, os aborrecimentos dos dias anteriores e que por mais que tente não se apagam de ânimo leve. Talvez pense demais, mas num estado de fraqueza psicológica, tudo me é permitido. Talvez não enfrente a pressão com a força devida e embora durante o dia nada me afecte, é nas altas horas da noite que me sinto frágil e impotente para derrubar um conjunto de factores adjacentes á minha vida.
Acho que se alguém se lembrasse de telefonar a esta hora ou me mandasse uma mensagem de incentivo, ficaria eternamente grato. Qualquer ser humano normal, reagiria de outra forma, mas comigo não. Digam qualquer coisa, por favor ! Não só deixaria de ficar feito parvo dormindo em pé numa cadeira, como também teria um excelente motivo para me manter bem vivo.
É doentio estar aqui! Lá fora vejo uma, duas, três janelas no máximo, acesas, mas de certeza com pessoas a poderem alegar motivos diferentes dos meus.Tudo me ocorre nestes instantes. Falta de apoio, alguns excessos de uma vida por vezes regrada em demasia, demasiada pressão sobre os ombros, vontades de uma sociedade em nos transformar em algo que não somos nem nunca seremos capazes de ser. Enfim... Parece que aqui também não adianto muito e se tudo isto me modifica e me estraga o metabolismo, talvez seja melhor mendigar e deixar tudo ás avessas. Neste momento é o que me dá vontade, mas sei que amanhã tudo o que digo deixarão de ser apenas palavras ou promessas e tudo retomará o caminho natural. Nada disto é escolhido ou premeditado, mas o poder de decisão nem sempre é válido ou correcto. Se a alguém contar esta minha aventura ou epopeia nocturna, levarei com um "vai dormir, que o teu mal é sono" e isso apesar de me fazer esboçar um largo sorriso e me fazer sentir ou achar ridículo, sei que não é de todo correcto. Apenas, são momentos em que por mais voltas que dê, não consigo dormir.
Fases naturais de uma insónia normal nos dias que correm... Amanhã estarei melhor !

1 comentário:

Anónimo disse...

Querido Krigs
Não tive tempo de ler todo o teu blog, mas claro que após uma noite com insónia não poderia deixar de ler o teu comentário sobre o assunto.Gostei e reconheço no texto as emoções vividas durante a minha insonia. Basicamente isso acontece quando estamos excitados com alguma coisa,geralmente quando estamos muito preocupados. Tenho a sorte de ter uma insonia em cada dez anos (eheheheh) mas percebo perfeitamnente a angustia que acarreta e como reduz a nossa qualidade de vida. É bom ter alguém para partilhar esses momentos e por isso te estou grata por teres teclado comigo ontem à noite. Não te conheço pessoalmente, mas certamente por detrás do anonimato de um nick está um ser sensivel aos problemas dos outros. Boa sorte para ti.Um abraço que, apesar de virtual, espero que possa aquecer o teu coração e te ajude a enxotar qualquer insonia que se aproxime. bjos.clea