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Mil passarás, a dois mil não chegarás...
Foi esta a permissa que desde muito miúdo me habituei a ouvir. Corriam as fantásticos anos 80 e escutar os cépticos, os crentes de antigas profecias e até mesmo os fanáticos do catolicismo, fizeram com que muitas vezes me interrogasse sobre a suposta forma do final do mundo. Cresci com milhentes ideias, alimentadas por gente receosa, inculta e tantas vezes arrastadas por uma moral que surge em debandada e leva tudo o que consegue alcançar. Contudo, o meu medo nunca foi de um términus mais ou menos doloroso, mas sim de uma ansiedade que se apoderasse um pouco de cada mente e a retesse estática, deixando-a ao sabor de qualquer coisa que nunca saberia ao certo o que realmente pudesse ser. Talvez por isso e desde cedo alimentasse a ideia de encontrar o novo milénio fora de um local normal, procurando algo diferente, algo denso, permitindo-me assim, observar atentamente o passar do tempo.
Fi-lo fora do país, sabendo de antemão que o oriente alcançaria um número tantas vezes receado, muito primeiro que eu. Nada de estrondoso ou de muito diferente. Foi apenas uma marca... Marca essa que estou também aqui, prestes a alcançar. Não em anos, mas em número de simpáticas visitas. Nunca foi meu intento publicitar um canto escondido na mente de homem que a espaços se solta, mas sim ter o secreto desejo de vestir uma pele obscura, retratando o mais possível e com a máxima precisão do real.
Um de vós alcançará um número enigmático... Agradeço por isso.