segunda-feira, junho 18, 2007

A imortalidade do ser e do sentir!

Imortalidade, tão somente um viver a vida eterna, um estranho sentimento de poder, de vida e combate em que a razão perde a lógica pelo desespero de uma entrega impossível de atingir. Vivo sem saber onde, confinado a espaços onde o lugar de estranheza se transforma em abismo, onde me prendo, onde me agarro e onde me entendo pela plenitude de uma vida eternamente infindável. Sustenho-me, debruço-me, quase me deixo engolir e mesmo vencido pelo cansaço, jamais perderei o ser por um sentir demasiado sentido… Complexo?
A própria génese da imortalidade comunga-me, toma-me o físico, consome-me o mental e absorvendo-me num todo, permite-me dissociar ambos os estados, num perfeito estado de equilíbrio e perfeição. Tenho-a sem procurar, além da vida, depois da morte…
Mesmo sem a ver, sem a sentir, sem a encontrar ou julgar e apesar de sempre a viver de perto, dentro de mim, em sangue e na alma, é o espírito da mesma que me corrói, me desgasta e permite este estado de sofreguidão total e intensa.
Para que a quero afinal? Para quem passa a meu lado poder senti-la com a mesma experiência, com o mesmo sorriso e queixume e simplesmente fazer de mim um estranho modelo a não repetir? Não sei… Cansa-me embora a ame. Quem passa, marca no fluxo o passado, o presente e o futuro. Quando passam, tudo foi, nada é, algo será… Sou e sinto-a bem cá dentro. Para todo o sempre!


PS: Dedicado a uma pessoa muito especial que me desafiou a um 101º post. Um grande beijinho.

segunda-feira, junho 11, 2007

Términus...
Eis-me chegado ao fim do meu percurso...
Amei de coração um trajecto iniciado há alguns anos, pleno de sentimento, repleto de coração e preenchido com uma presença mais ou menos assídua, sempre com o desejo e a vontade de aqui voltar, de aqui parar um pouco o tempo e de aqui me permitir encontrar com as dúvidas, com os lamentos e com tudo aquilo que desejava alcançar.
Aqui sorri, permiti que a pulsação acelerasse ao sabor da mente, despertasse sentidos, suando e transparecendo tudo o que sou, num simples mas intencional conjunto de palavras e caracteres. Sorri de satisfação quando senti cada frase em harmonia com o meu sentir, chorei quando a necessidade de dizer algo mais bloqueava, limitando a minha súplica e o simples desabafo...
A inspiração, essa, vertia em cada recanto da minha vida, encontrando-a em pensamentos, em experiências, em melodias, em ambientes perfeitos para a relatar, tomando notas, usando mnemónicas e cábulas mentais para mais tarde debitar em simples textos e palavras, tudo o que me permitia sentir, saborear e viver...
A pele de actor solitário, usando apenas a escrita como tela de representação, vestia-a a todo o momento, encarnando o espírito dos dizeres, das ideias, quase como que viajando sem rumo, sem trajecto, sem nexo, mas pleno de realismo e convicção. Saudade? Talvez terei...
Quiçá, possa voltar um dia, quando abraçar novos projectos, novas ideias e com tudo o que isso envolve, poder sentir a necessidade de me expandir, de voltar a querer gritar bem alto o que me mova, o que pense, o que deseje sorrir e chorar, tentando encontrar novas respostas para as constantes e contagiantes dúvidas que me sufoquem e apertem...
No fundo, a maior felicidade além dos simpáticos comentários, pedidos pessoais e agradecimentos, foi mesmo ter dado o passo para algo que de tão simples, terá sido um complexo mas apetecível desafio. Fi-lo por mim, apenas para mim, tendo a saborosa gratificação das críticas construtivas que ao longo do tempo, todos foram deixando. Aprendi que a morte e o epílogo das coisas, não será necessariamente um fim. Acredito que a partir daí, o começo de algo será mais forte, mais intenso e sem dúvida bastante mais proveitoso. Apesar das lágrimas que teimosamente tentam verter neste momento dos meus olhos, peço-vos que exista sempre em vós, o mesmo amor, paixão e sinceridade que aqui sempre derramei... Obrigado por tudo.
Até sempre!
Retalhos!

Os estandartes que voam nas praças, acompanham uma multidão apressada de correrias, de pedintes cujos olhares tristes suplicam por esmola, de gente que tomba pela doença, de rezas suplicando pelo objectivo, de pessoas que lutam pela fama, poder, riqueza, de despreocupados e entregues à preguiça, vencidos pela televisão, pelo entretenimento, pela acomodação...
A fome, a mesma e a única que não se cansa de pedir um alimento tantas vezes duro e sem apetite, lado a lado com o gesto agressivo, com as mulheres empoleiradas nas janelas, cochichando e servindo enredos difíceis de compreender, com o crime, desde o simples roubo ao mais complexo esquema de violação de normas morais, passando pelo artistas de rua, tantas vezes sem graça, tantas vezes tão correctos e perfeitos...
A espera pela prostituta numa esquina gasta e usada pelo tempo, o anúncio descolado numa parede velha e sumida, o trânsito sem nexo e coerência, o sonho vencido pelo pesadelo, a confiança derrubada pelo medo e incerteza, o triste retrato da morte estampado num jornal velho, pisado pela alegria de quem ganhou a fortuna e sorri de uma felicidade desmedida...
Os bêbados e drogados, tantas vezes entregues ao vício de algo que não lhes preenche o buraco da alma, mascarando-o por breves instantes de algo superior e perfeito, surreal e absurdo.
O espírito de tudo isto, unido numa pequena manta que nos cobre, nos veste e ainda assim nos deixa gelados e completamente vulneráveis a tudo o que nos rodeia, faz do mundo pequenos retalhos da vida, de um qualquer lugar em que este espaço imundo me deixa cego, surdo e mudo, não porque não queira ver, ouvir ou escutar, mas porque ainda assim, me engole e é capaz de me tentar mudar...