sexta-feira, maio 09, 2008

Contextos!

O aroma doce de um grandioso perdão, descansa em cada pedaço de oportunidade…
Nuvens de uma densa névoa de interrogações, emergem dos céus como se me viessem engolir a uma só voz, a um só grito, a um só queixume e a um só choro. Descanso igualmente com o sonho e secreto desejo de um paraíso térreo ao alcance de cada um de nós… Parece fácil…
Por vezes, acordo de manhã sem razões para o fazer, preferindo o sono continuado da noite anterior… Cheio, repleto e plenamente carregado de dúvidas, de incertezas e de um remorso inexplicável e desgastante, recuso-me a entregar o destino a qualquer preço.
Traído nas memórias, falseado pelas amargas lembranças que agora se desvendam, descubro a realidade do paraíso tantas vezes apregoado, umas vezes jovem, outras bem mais velho e em nenhum deles sem me conseguir situar. Tudo me acorrenta a um mundo que me foge, me abandona e ao mesmo tempo me engole, me digere e jamais parece querer deixar. Ambíguo, complexo, difícil de acreditar, mas pleno de sentir…
Arrepio-me, assusto-me e amedronto-me perante mais uma investida de um estranho sentir, deixando-me acobardar pelo sangue que deixo gelar e não pareço querer contrariar. Os joelhos tremem e deixam-me cair… As mãos fraquejam, transpiram e produzem ao mesmo tempo uma gélida sensação de medo perante momentos de decisão… Os passos dão lugar ao sossego…
Um mundo, um estranho mundo de uma estranha alma… a minha alma!
Mais uma vez é o tempo que circula, que emite os mesmos ciclos com que sempre viveu. Os ventos sussuram, a claridade incandeia, a escuridão protege, a terra permanece morta e as águas não se desviam dos seus cursos. Falo com os rios, cheios de sentimentos e dedicação, permaneço no silêncio ensurdecer das águas que remoinham em meu redor e me convidam a reflectir no cristalino reflexo que daqui me permito vislumbrar. Sinto-me uma extensão destas margens, sujas, corruptas e quase envergonhadas pelo leito que nelas ganha forma.
É só mais um longo e demorado processo de vida, onde os ventos sopram na escuridão, onde o pó que neles viaja me cega o horizonte, onde o silêncio me vocifera mais alto do que as simples palavras por dizer e onde o caminho de percalços em que me encontro, se manifesta repleto de promessas vãs… Nem eu sei onde me encontro...

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