terça-feira, setembro 09, 2008

Ressentimento!

Seguro-me pelas frágeis pontas de umas velas já gastas pelo vento...
O tecido que lhes dá forma quase se rompe, ameaça rasgar-se a cada nova investida e nem mesmo as cordas mais fortes me dão a confiança nem o discernimento necessário para acreditar na viagem até ao fim.
Prendi-me demasiadamente a alguém, ainda meio no ar, sem sentir os pés suficientemente presos à terra e apesar de me culpar, sinto-me magoado por algo que nunca fiz ou tenha a lamentar…
Finjo agora que não te oiço, que não te vejo, sentindo-te implorar-me que saia deste atribulado mar de dúvidas, que desista e volte atrás mais uma vez! Sinto-me fraco e quase surdo… As ondas não me deixam ouvir-te com precisão, o som das vagas não me deixa chegar até aí e sinceramente já não o quero. Volta-me as costas e esquece-me de uma vez… Continuo amedrontado, num trajecto rodeado de receios e de incertezas, mas sem qualquer mágoa ou ressentimento por desistir de ti. Continuo a acreditar que as velas que me afastam não te trarão qualquer significado ou algo que te possa fazer a diferença. Se assim fosse, há muito que terias reconsiderado as várias opções com que te deparaste e objectivamente fizeste questão de me relegar para último plano na tua escala e poder de escolha.
Não me vires as costas como sempre fizeste. Pensa e reflecte, cresce, amadurece e verte as lágrimas neste mar salgado de ingratidão, cedendo à pressão do arrependimento, do remorso e aceitando a tua pena na humildade da contrição. Como é triste o tempo que leva a uma desculpa, comparado com a distância eterna de uma separação. De repente, diria que poderia ser fugaz, repentina, mas por certos motivos, definitiva! Honestamente e sem sombra de dúvidas, não queria nunca que o momento acontecesse e apesar de tudo, ainda menos agora. Sinto-me cansado das cedências, dos castigos que impunemente foram acumulados, da dor e da mágoa, da inexistência de princípios, de respeito e de valores. É tarde agora! Segue em rumo oposto…
O tempo, esse, encarregar-se-á de te fazer culpar pelas escolhas e decisões. Esta vontade de partir e de me afastar, é minha…Tão somente minha! No final de contas, não é nada de novo, não é um trajecto que já não tivesse sido tentado, embora nunca conseguido. Desta vez é a valer e nada me fará recuar. Ainda que consumido pelo medo e pelo receio, agarro-me com a esperança de um novo porto de abrigo, considerando-o essencial á minha felicidade enquanto ser humano… É tarde agora, para o que quer que me peças!

1 comentário:

Nanny disse...

"Oh mar salgado! Quanto do teu sal são lágrimas...?"

Em tempos também eu já publiquei o "It's too late to apologise"... hoje encontrei um novo Porto de Abrigo... é sempre preciso ter um, onde repousar o corpo e descansar a alma, das viagens... ;-)

Hoje não há som no teu cantinho... senti falta! :S

Já cá não vinha há tanto tempo, shame on me...

Beijinhos