segunda-feira, novembro 24, 2008

Sujeições!

Espero por ti, sem pressas e no lugar de sempre, ainda que vencido pela fadiga e pela lassidão. Não me escondo nem o pretendo…
Talvez a vontade de te querer me torne forte perante a fraqueza, servindo-me da tua riqueza em contraste com a minha escassez. Penso em ti no mais infímo pedaço de tempo que me engole, arrastando-me e rastejando-me inconscientemente, desejando ardentemente por um caminho que nos cruze e nos encontre.
Curiosa a sensação de te sentir do outro lado, correndo igualmente na minha direcção, quase sem sentires o solo que te segura, preocupada apenas em encurtar a distância e reduzir o tempo desse mesmo trajecto. Adoro-te por isso…
Sento-me, aguardando-te palpitante! Desancorado de um qualquer limite, livre, perfeitamente alinhado a um horizonte que me queima e a um mar excessivamente tórrido, nada me faz mudar perante o mundo. Permaneço igual, rendido ao espírito de sujeição que o amor me oferece, sem fuga, sem escape ou qualquer outro subterfúgio que me possa trair o sentimento.
Lentamente, o turbilhão de sensações parece escoar-se, ainda que a juventude não conquiste a verdadeira razão e cresça constantemente ao sabor dos sonhos… Os novos tempos trazem novas ilusões, novas descobertas, ajudando a criar a maravilhosa sensibilidade de um sorriso sincero, de um tão nobre sentimento de benevolência, simpatia e afecto. Não, não é de todo um efeito de subjugação ou de domínio. É sentido, é vivido, é tolerado… Permaneço por ti!

domingo, novembro 09, 2008

Tributo!

Precoce o tempo, em que o choro da saudosa Lusitânia me orava tenebrosamente...
Ressurgindo perante a suave força da maresia, talvez houvessem sombras a mais, talvez fossem uma forma de amor perante a lua d’inverno, com o seu misticismo, com a sua posição em Mercúrio, com a doce tentação de Capricórnio a meus pés…
Que fantástica alquimia, perversa também, aquela que do seu estranho opiário me acorda com o bom sabor da eternidade, mostrando-me ainda assim a degradação e a sordidez, perante a maquiavélica tentação de tão envenenado presente.
Não me sinto o homem ou o ser mais maravilhoso, nem mesmo trajando uma segunda pele… Diante do abismo, sou carne, sou pele, sou sofrimento! Enfrentando-o, emudeço, desafiando-o, enforco-me! Recordo-me, dos tempos de criança… Da doença da alma que me reveste e não me consegue desprender. Abuso-me num complexo efeito, num vício solitário de desaparecer e tornar-me dentro da minha própria adaptação, um eterno espectador. Sinto cansaço… Cansaço dentro desta esperança rodeada de trevas, de ambiente nocturno, de abismo em forma de amor. Preciso rejuvenescer, acordar perante o infortúnio, erguer-me como se de tempestade fosse feito, como se de fogo me tornasse... Retiro ensinamentos, revelando astúcia e desmembramento! Vivo enquanto senhor de guerra, separado pelo amor que nos distancia, pelas serpentes que nos meus braços se formam, por dentro e acima de qualquer homem… Magoa-me esta estranha invasão, este mover num lado obscuro em que a força do cristal me obriga a adormecer e a encontrar o antídoto para a saudosa memória de todos os filhos da nossa terra. Talvez o sangue me diga do que sou feito, talvez na imagem da dor tudo se prolifere e seja por uma vez, realmente nosso…
Volto ao choro da minha querida Lusitânia, observando um pouco da lua que daqui se forma, do nosso mar que não se amedronta nem se vislumbra esquecido… Adoro-te, Atlântico! Nem mesmo nas alturas, nas sombras do sol ou no aziago veneno dos escorpiões, exista o receio do prazer de uma noite eterna. Sonho com a Lua em Mercúrio, com a raiva da estação na sua primeira luz, recordando sempre e com a saborosa saudação, toda a idade materna revelada. Por tudo o que sou, por toda a vivência que esplendorosamente senti e pela magnífica visão que durante o meu crescimento alcancei, só me poderei sentir eternamente grato. Agradeço por isso... Por tão maravilhosa experiência… Afinal, ainda agora estamos no começo!

sábado, novembro 01, 2008

Forças...

Acreditando na força do amor, tudo se veta ao abandono e ao desprezo, deixando para trás toda e qualquer instância que pareça efectivamente de sagrada importância.
Nos mares revoltos por farpas cortantes, nada parece vencer a tomada de posição daqueles que eternamente se amam, preferindo para sempre as feridas com que os enérgicos cortes provocam e quase irracionalmente se sucedem. É absurdo observar por fora toda uma linha de um caminho tortuoso, de um excesso de sangue derramado por uma causa em que apenas os amantes acreditam, da qual vivem cegamente e da qual se consomem até à exaustão. O sufoco por que passam quase os faz perecer, fugindo, pecando e entregando-se ao mais sublime dos sentimentos, com uma nobreza de espírito e uma sinceridade que jamais poderá ser tomada como vã…
Sonham, furando e revirando toda e qualquer intempérie que por eles paire sem contemplações… Nada os destrona, nada os amedronta… Na beleza de cada um daqueles corações, a cegueira molda-os a uma só voz, abrindo-lhes as portas a um destino incerto, a uma vida de contingências e a uma realidade por desvendar. Admiro-os com todo o meu ser, prestando-lhes a mais sentida homenagem, defendendo-os pelo tributo que lhes concedo, ainda e que tão somente, pela coragem e firmeza com que acreditam serem capazes de vencer. Que o longo trilho que almejam atingir, não os perca, que a escuridão da noite não os amedronte e que a luz do dia não os cegue… Jamais alcançarão o ponto de partida depois do princípio a que se submeteram. Tudo o que sentem viverá agora… para sempre!