Justiça !
Sinto-me cansado...
Talvez dos múltiplos disfarces que visto, tentando através deles apurar a verdade. Contudo, realizo-me e mantenho o compromisso de honra que mantenho diante das minhas mãos ensanguentadas, por nelas mergulhar a mentira, a injúria, a demência e o embuste.
Arrasto-me e rastejo na busca de permissas reais, na exactidão, rigor e precisão de actos meramente correctos, numa glória vã de descobrir o certo e o errado, o correcto e o incorrecto, o exacto e o impreciso... Crescem-me o medo e o receio das respostas por virem, das soluções que julgo serem escrupulosas, decentes e de padrões morais acessíveis.
Grito, rezo e alimento a minha tensão, numa tentativa proporcional de alienar o tempo, aos resultados das análises pedidas. Sinto-me a criança que apressadamente, aguarda pelo seu brinquedo, que se sente arrastar na escuridão, que se diverte na espera e nela vai criando e antevendo ambientes, como que a montar um conjunto de peças, para finalmente o completar com um último bloco. Mantém-se o medo e o pavor dos momentos de vazio, de uma espécie de precipício ou abismo diante de nós, em que um passo nos salva e nos suspira ou nos mata e compromete. Que longa espera...
O tempo assemelha-se a um vento que nos sopra, mostrando-nos o destino, esse poder superior à vontade do homem, que se supõe fixar de maneira irrevogável, o curso dos acontecimentos.
Olho-me como que reflectido por um espelho, vendo lá fora um mundo inteiro por fazer parte, tendo apenas a decisão em mente e um vidro baço que me separa da vida real...
Acordo a cada manhã em sobressalto, até ao dia da decisão...
segunda-feira, março 06, 2006
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1 comentário:
Lembrei-me dum poema ao ler o teu post... Fui logo procurá-lo para to mostrar... :)
Era o Tempo
Era o tempo das amizades visionárias
Entregues à sombra à luz à penumbra
E ao rumor mais secreto das ramagens
Era o tempo extático das luas
Quando a noite se azulava fabulosa e lenta
Era o tempo do múltiplo desejo e da paixão
Os dias como harpas ressoavam
Era o tempo de oiro das praias luzidias
Quando a fome de tudo se acendia
Sophia de Mello Breyner Andresen in o Búzio de Cós
Espero que gostes... e que aches o mesmo significado que eu achei...
Beijo ;)
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