É bastante curiosa, a forma de estar do ser humano...
Não me sinto sociólogo, psicólogo ou sequer um estudioso da mente humana, mas por experiência própria, única e muito pessoal, acredito que as pessoas ao longo do tempo e apesar de mudarem um pouco consoante as suas vidas, jamais deixarão morrer tudo aquilo de que na realidade são feitas. Hoje por exemplo e sem qualquer pensamento mais intenso ou profundo que aqui possa relatar, sinto-me capaz de falar um pouco sobre isso e no final de tudo, acaba por ser e na realidade, o resultado da minha própria vivência.
Dei por mim há tempos a querer deixar de escrever, não só pela falta de tempo, mas também por uma inspiração apagada e uma falta de vontade em fazer algo. Senti uma espécie de cansaço de pensamento, de ideias, de conceitos, de posturas e de visão mais abrangente em relação a um mundo mais lato do que restrito. Era algo estranho, que parecia ir e vir, deixando apenas retido um conjunto de pequenos fragmentos sobre tantas coisas de que nem me lembro agora. Parecia uma espécie de puzzle, em que a vontade de querer completar uma perfeita gravura, esbarrava na escassez de peças para um encaixe visível. Não me senti completamente à deriva, mas descalço, cambaleando como que embriagado, sentindo a falta de uma muleta para me apoiar e desejando tão somente um pequeno empurrão para voltar a trilhar o mesmo caminho de sempre e que afinal, parece ser inevitavelmente o meu trajecto em vida.
Talvez fosse a preocupação em voltar rapidamente que me tivesse prejudicado em demasia, mas sendo apenas uma postura, uma forma de estar, de absorver, de assimilar e no fundo, explorar ao máximo cada um dos cinco sentidos, quase exponenciando um sexto, fez com que aos poucos sentisse a falta do meu outro eu, da minha outrora e do meu outro ser lá atrás.
Não me senti obrigado ao que quer que fosse, mas da mesma forma que lentamente fui desligando, senti novamente o mesmo feixe de luz a irradiar-me sobre o que deveria voltar a fazer. Não me refiro apenas à escrita, até porque pouco mais é do que uma sincera e sentida expressão do meu íntimo, mas sim a um conjunto de propriedades físicas e mentais, que me fizeram estar perante a vida de uma outra forma, revestindo e compondo a minha personalidade de uma maneira bem diferente daquela a que pareço estar habituado. Não creio que tenha mudado, nem me senti obrigado ou condicionado por nada, mas poderei sempre dizer que o maior factor de mudança, terei sido e sempre serei eu mesmo. É estranho quando algo do género acontece e não temos algo de palpável que o justifique. É ainda mais estranho quando após estas pausas regressamos ao que realmente somos e damos por nós a tentar entender porque tudo terá sido assim... Sem factores, apenas nós próprios! Boa semana...