quinta-feira, outubro 23, 2008

Injustiças...

Dilacerante a dor que me consome e devasta neste instante...
A solidão que de mim se apodera, aliada à escuridão e ao sossego da noite, serve apenas para potenciar a depressão que me consome em cada minuto, envenenando e matando um coração que de tamanha inocência, se culpa pela frieza dos actos cometidos contra si.
Dói quando tomamos por princípios, tudo aquilo que jamais gostaríamos de fazer sentir... Dói quando nos acusam com a implacável desfaçatez e reles cobardia, de algo que alguma vez não fizéssemos questão de assumir.... Dói quando a raiva acumulada toma conta de nós, e a fúria e o ódio nos revestem e alimentam o nosso próprio olhar...
Talvez e por isso, me sinta perdido e me mantenha às voltas com as expressões acusatórias a pairarem-me sobre a mente... Talvez e por isso, analise e medite sobre até que ponto terei ido ou que algo poderei ter feito para tão desprezível propósito... Talvez e por isso, me mantenha continuamente a rebuscar nos cantos mais remotos da minha mente, toda e qualquer justificação mais válida, para um procedimento tão infundado...
Sim, custa! Custa engolir a mentira e a acusação de algo que seríamos incapazes de cometer. Custa vomitar a preversão que em nós se creditou, que lentamente nos corrói, devasta, arruina e que compassadamente nos arrasa e aniquila... Torna-se penoso o carregar de um fardo de culpa que em nós nunca existiu e que por princípios básicos de consciência, jamais poderia ser erguido da mesma forma cínica e hipócrita, do que a força dos braços que traiçoeiramente em nós o depositaram.
Sente-se raiva, rancor e uma profunda dose de ressentimento. Privamo-nos da nossa verdadeira dignidade, buscando novamente uma súplica de perdão e sem termos contudo, a perfeita noção da atitude que tomamos. Porquê este rebaixamento a algo que nem fizemos? Porquê a humilhação de um pedido de clemência, se existe uma total e perfeita ausência de culpa? Talvez porque conflito gere conflito e dentro da nossa mais perfeita essência, sintamos necessidade de não alimentarmos mais uma profunda antipatia e um inusitado sentido de choque... Talvez e porque a isso se chame instrução, talvez e porque com isso nos sintamos fortes o suficiente para reagirmos e sermos superiores, talvez e porque com isso, consigamos enterrar a lâmina que nos entregaram para que nela vertêssemos cada gota do nosso sangue...
Aos poucos, aprendemos lentamente que apesar de toda a compreensível atitude de que tomamos parte, tudo tentaremos fazer para não nos deixarmos levar nas enxurradas de mais umas quantas astuciosas armadilhas. Que a experiência e o passar do tempo, nos tragam tudo aquilo de que necessitamos para sabermos reagir, não só nos momentos exactos, como também nos breves instantes em que a nossa mente reflecte e medita com a angústia e o desespero das injúrias e dos desacatos contra nós praticados. Sejamos fortes e ainda que orgulho mate e pareça cruel, socorramo-nos dele para nos erguermos, para nos levantarmos e para nos fazermos sentir bem mais fortes do que aquilo que os outros pensarão.
Decerto, venceremos...

2 comentários:

Anónimo disse...

Angústia e Desespero... as "minhas" entrelinhas dão-me sempre uma visão diferente do que os olhos captam... e este desabafo foi uma certeza(?!).


Volto.
Um beijo.

Pearl disse...

Senti-te a fúria a mágoa nada mascaradas e muito assumidas!!
Senti-te na ligeireza das palavras empregnadas de acutilância e revolta!
Senti tambem o sabor forte e amargo (no entanto gelado) da injustiça sentida em toda a sua dimensão!

É forte o que escreves e sem dramatizar é muito ruim sentirmo-nos assim!

Desejo-te o apaziguar de tudo isso, a volta do veludo em torno do que escreves!

Beijo