segunda-feira, março 19, 2007

Pesadelo!

A visão diante dos meus olhos, encurrala-se e afunila-se de uma forma esmagadora, caída e adormecida de verdade, subindo a cada pequeno passo e custando apenas e tão somente, o elevado preço da minha indigente vida. Escuto-os num aproximar ruidoso que me arrepia o mais ínfimo osso, correndo lado a lado com o tempo, descendo as estranhas colinas do logro e cercando-me sem sentir… O pesadelo sabe-me a morte, a sangue, a um desmonoramento patente e viscoso, lento, exíguo, exigindo-me um acordar repentino, frenético e real. Talvez com o apagar das almas, com o vigoroso despertar da morte e com a extinção de um espírito vivo, tudo se afunde, se escoe no inferno em que me insiro e desapareça com o que sou, resumindo-me apenas a um singelo e inebrioso pó. Tentei durante a noite, não encontrando vestígios de ser alcançado… É como se tivessem apenas desaparecido, sabendo de antemão a distância a que se encontram, sentindo-os aproximarem-se arrepiando-me, esgotando o tempo que ambos dispomos, vindo ao meu encontro e dilacerando-me de um modo nú, primitivo e imaginário. Resistirei debatendo-me, lutando e não permitindo que me entregue. Comecemos a matança lado a lado, por nós, por ideais diferentes, por razões opostas e imperceptíveis em relação ao outro. O pesadelo mantém-me estranhamente acordado, vivo e assustado, lutando a minha mente neste estado opressivo e de aflição, querendo que me acorde, me desperte e me transporte à realidade concreta.
Finalmente, o meu sol vai aparecendo, levando consigo os gritos dos que me atormentaram, dos que pereceram e extinguindo todos os outros que ainda atordoados, permaneceram de pé. É este o final do que ambos começamos? Lembrar-nos-emos do que ambos teremos feito de errado? Direi que não! Foi tão somente um sonho mau, em que a irrealidade se apoderou de mim num estado demasiado possessivo e de estranha utopia ou ilusão… Detesto pesadelos!

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