quinta-feira, outubro 27, 2005


Gerações de vaidade!

Irrita-me constantemente esta geração de teenagers dos anos 2000.
Não será certamente por uma questão de inveja ou de mau estar perante as idades ou os novos tempos, mas pelas atitudes rascas de uma geração que um dia mais tarde tomará conta dos nossos destinos. Julgam-se uma espécie de aristocratas, de pensadores do mundo actual, de donos da razão, da sabedoria, da inteligência, da educação e apesar de ser neste mundo que vivem e fazem parte, continuam a olhar em demasia para a sua sombra e umbigo, mantendo sempre a secreta esperança que sejam olhados como seres superiores.
Fazem-no com a vaidade, no acesso a modas, no consumismo exacerbado e julgam justificar desta forma, o mérito que os alimenta e tanto os envaidece. Atitudes de humanismo, de educação, de boa vontade, de boa fé e de princípios, não os descreve e sinto-me pobre perante uma geração que cresce à minha volta e apenas amadurece com o acesso a meios artificiais.
É curioso, reparar que estes novos homens e mulheres, "partem" para a vida relativamente cedo. Começam uma vida sexual precoce, julgando descobrir o amor, procuram alguém para com uma presunção ridícula, mostrarem que andam e não namoram e enfeitam-se de mil e um ornamentos ou objectos, por acharem que é ser mais crescido. O que dizer, quando se vêem autênticas crianças, com decotes generosos, com piercings, penteados, com certos tiques e postura de etiquetas, com roupas de gente grande ou com vestuário muitas vezes descabido à sua interior maneira de ser? Apenas querem ser grandes!
Aposto que por detrás de tudo isto, não passam de meninos parvinhos, que não são capazes de lamber as próprias feridas quando caem, que não conseguem ser suficientemente homens ou mulheres sem o equilíbrio de pessoas mais velhas, sendo o mais repugnante de tudo isto, a forma grosseira e altiva com que por vezes troçam e reparam nos idosos, nas pessoas da província, e em tantas outras gentes que entendem ou julgam, serem seres inferiores. Não direi que os progenitores sejam os principais culpados, mas também encontro paralelismo na sociedade que nos sufoca, na televisão, nas figuras mais ou menos públicas, na escola, etc... Geralmente, tomam certos "artistas" como modelos a seguir, pelo que vestem, pelo que cantam e pelo estilo que os compõe, parecendo serem apenas estas, as melhores características para qualquer ser humano. Não me sinto com vontade nem sequer com moralidade alguma, para entrar em comparações com os miúdos dos anos 70, 80 ou 90. A época é outra, os tempos também e a vida que aqui veio desembocar, é de igual modo totalmente diferente. Entendo tudo isto de uma forma perfeitamente normal, mas causa-me antipatia e repugna-me apenas, observar uma juventude de fachada, de vaidade desmedida e doentia, contrastando com muita fraqueza, debilidade e pobreza a nível espiritual e intelectual.
Sinto um carinho muito especial pelos jovens e pelas crianças, mas começa a ser desesperante este mesmo contraste entre os sinais de riqueza e de beleza exterior, com a total abstinência de valores, de códigos de conduta e de personalidades definidas. Acaba por ser uma critica construtiva, bastante pessoal e obviamente generalizando muito, mas cada vez mais encontro exemplos dos que citei, mantendo-me sempre na esperança e com um orgulho desmedido, de encontrar miúdos a contrariarem tudo aquilo que referi. Esses sim, serão grandes !

quarta-feira, outubro 26, 2005



Marcos !

Atingi recentemente a simpática marca dos 50 posts. Não é de todo, um alcance notável, raro ou extraordinário. Muitos dos que se dedicam á escrita, conseguem-no talvez ao fim de um mês ou quiçá em poucos dias, mas talvez se limitem a transcrever factos, a lançarem debates e a comentarem acontecimentos do nosso quotidiano. Muitos desses locais onde se discutem ideias e formas de estar, são soberbos, fantásticos e com acções exploradas ao mais ínfimo pormenor. A muitos deles, presto a minha homenagem e sincero sentido de gratidão, pela forma como despertam o meu interesse ou tocam os meus sentidos. Contudo, neste meu ano e meio de expressão escrita, a minha forma de manifestação, foi sempre diferente. Ousei jogar com os sentimentos, beliscar a mente, ir para lá do visível e explorar tudo aquilo que se encontra na génese humana, muito comum a todos, mas um pouco camuflada. Não o fiz de uma forma leviana ou irreflectida. Muitas vezes, talvez tenha relatado certas situações numa perspectiva muito pessoal e menos abrangente, mas ainda assim, fiz sempre questão de salientar e destacar pontos comuns a qualquer um de nós. Foquei sensações, vivências e formas físicas... Usei termos duros, frios, directos e transparentes, contrastando por vezes, com alguma doçura, suavidade e boas doses de loucura, cujos princípios fazem parte da minha distinta forma de ser. Estimulei a mente, procurando sempre deixar entreaberta a imaginação a critérios disformes...
Jamais tentei que a minha humilde e modesta presença neste local, se tornasse num modelo a seguir. Apenas induzi, que a mesma fosse assimilada por quem consumisse estas linhas e fizesse deste meio, uma forma de meditação, de comparação e de elevação espiritual. Em cada letra, cada palavra e cada frase, existem muito mais do que simples ideias ou conceitos. Nos meus momentos de inspiração, (em todos eles e sem excepção) deparei-me com intensos fluxos de sentimento, de emoção, paixão, entusiasmo e disposição afectiva, tendo vestido muitas vezes um papel de actor, para relatar na perfeição, cada parágrafo com a maior intensidade que me fosse possível viver.
Talvez o fizesse devido à experiência de vida, mas sem dúvida que muito devo ao facto de me manter sempre atento, à vontade de me conhecer e compreender, ao desejo de explorar cada vez mais o comportamento humano e com ele, enriquecer e crescer o máximo possível.
Pela forma como fiz e não deixando apenas de ser um despretensioso ser humano, achei apreciável a cifra dos meus 50 momentos de prazer único, sincero e de muito deleite.
A todos os que me absorvem, espero poder presenteá-los, com mais meias centenas de ideias e conceitos ao longo do tempo... Bem-hajam !

Ventos !

Na escuridão, no medo e nas trevas do silêncio, bem próximo do sono profundo, vivo e alimento um sonho. Invoco-o, alimento-lhe a alma e contorno-lhe o espírito, da mesma forma que os veleiros rasgam as águas e dominam os ventos. Pareço ouvir o cantar de anjos neste sigiloso descanso. Repouso num lugar bem para lá do Sol, através de um céu límpido de ruidos e impurezas, encontrando apenas um pequeno caminho luminoso por entre uma escuridão funesta e hedionda.
O meu sonho, assemelha-se a um sussurro, a uma luz de vela ou a um pequeno feixe brilhante que apesar de insignificante, liberta um fluxo tão radiante e intenso que me permite expandir, alcançar e ser observado sem que me dê conta disso. Olho no seu interior, vejo os tumultuosos e desordeiros ventos que o alimentam e sem me deter, acredito cegamente que serão ventos de fortuna, de mudança e de orientação. Deixo-me levar, voar e levitar para bem longe...
Elevo-me para lá de um arco-iris de cores reduzidas e direccionadas, procurando apenas a cor cintilante do ouro a que me proponho obter. É lá, que encontro o início de uma estrada, onde qualquer outro iria terminar, para relançar a minha essência e dar continuidade a algo que não consigo aceitar como um fim prematuro. Contudo, é também aí que os ventos se confudem, misturam e colidem, fazendo com que me arraste, não consiga curvar nem ter força suficiente para manter a minha linha recta de um modo firme e imutável.
Aguardo por estrelas cadentes, por novos objectivos para acumular e iluminarem o meu caminho. Deixo que a minha vida se escreva neste tornado, em nuvens acima e nuvens abaixo, deixando o vento ocupar o meu céu e poder empurrar toda esta nebulosidade que tanto me prejudica. Quando assim acontecer, terei o caminho desbravado, solto e livre para caminhar de encontro aos meus sonhos, tendo a certeza que dias de tumulto ou demasiado radiosos, não resistem nem se fixam eternamente.
Cerro ainda mais os olhos, novamente em busca das minhas aspirações e sentimentos, sentindo apenas a leve brisa dos meus ventos utópicos e de desvario. Imagino, acredito e alcanço, não só por mim ou pela vontade própria de me controlar, mas porque as direcções a que sou muitas vezes vetado, induzido e pressionado, também me incapacitam e precipitam decisões. Sonhemos e deixemos que os ventos, por nós decidam...

domingo, outubro 16, 2005

Desprezo !

Será que nunca te cansas de te dares em demasia? De seres sempre tu, a tomar a iniciativa das coisas, não apenas para teu proveito, mas principalmente porque pensas também nos outros?
Por vezes, dá-me a sensação de ser quase impossível arrancar um simples sorriso de satisfação ou bem-estar, de alguém que se sentiu preenchido por nós. Os agradecimentos são momentâneos e limitam-se a pouco mais do que um obrigado instantâneo, devido a um silêncio monótono que se poderia instalar. Torna-se extenuante e desmotivador, quando nos colocamos no fio da navalha, deixamos de parte tarefas e funções pré-concebidas da nossa própria realidade e vamos ao encontro e em auxílio de quem por nós invoca.
Talvez o façamos por princípios, educação ou forma de estar na vida perante os outros, mas ganha muito sentido e cada vez mais terreno em nós, uma vontade fria e gélida de deixar tudo ao acaso e fazer com que cada um se vire por si. Outras situções nos se deparam, quando urge a necessidade de nos mostrarmos, de aparecermos e de nos tornarmos visíveis.
Vociferamos com intensidade, erguemos a sombra e destapamos o olhar com o intuito de manifestarmos a presença, de dizermos que estamos vivos, em bem e que queremos que a nossa preocupação perante os demais, seja sentida como uma forma de acompanhamento. Torna-se enfadonho, monótono e fatigante, quando perante o nossa assiduidade, apenas temos de volta o nosso eco e não sentimos um sinal do nosso receptor. É desmotivador, quando sentimos que além de não sermos lembrados, parece existir a sensação de total esquecimento e de sermos sempre nós a tomarmos a iniciativa e o começo de um cumprimento. Cansa, quando o fazemos repetidamente e sem resposta... magoa, quando o tempo aumenta e com ele, ninguém nos acena.
Apetece-me parar ! Deixar de cumprimentar, de falar, de conviver, de saber quem se encontra bem e aguardar por quem realmente está comigo, voltando a escolher todos aqueles, de uma forma crua, selectiva e insensível. Que se lixem todos! O importante... sou mesmo eu !

sexta-feira, outubro 14, 2005

Auto-censura !

Abandonado pelo tempo, com um fraco impeto de revolta, deixo que o remorso me vença.
Deixo-me balançar na extremidade do precipício, onde um coração vazio, ressequido de alma e princípios, se estaciona no abismo. A vida racional, consome-me e tira proveito deste carácter necrófago. Parece-me o inferno, onde Judas é a noite desta decadência que me habita. Eterno inferno, como as chamas de uma chuva ácida, num pecado que não concebi deliberadamente. Para sempre viverá em mim, anexado com a dor e o sofrimento que me crava e esculpe a consciência, a culpa e o nojo neste corpo que me compõe.
O choro compulsivo, a mágoa constante e o peso interior, acentuam-se e nem o tempo parece fazer esquecer. Descanso acordado, perguntando-me continuamente sobre a intenção dos meus gestos e acções, que como um qualquer larápio, me levaram o milagre da vida. Voltar atrás no tempo, remediaria. Fazê-lo em consciência, remendaria!
Nada poderei fazer. Perseguir-me-á eternamente até á morte... para sempre !

quinta-feira, outubro 13, 2005

A lei do amor...

É a ti que te amo, na mais bela aura da vida...
De que me vale percorrer as formas, a intensidade e o realismo do amor, se nem consigo quantificar o valor do tributo que lhe presto? Por ele te encontrei, te toquei e senti de uma forma tão pura quanto sincera. Derrubá-lo, é agigantar-me peranto algo que não me atrevo a fazer... Erguê-lo, é ver-me na pequenez de um todo, dificilmente atingível na sua completa plenitude.
Talvez me encontre numa forma de respeito, de temor ou receio. Talvez encontre uma certa estupefacção, a cada novo caminho que escolha. Nele me meto, inicio e termino contigo, sem que me encontre abandonado ou esquecido. Ardendo como fogo, ao longo da minha singela existência, a luz ténue mas constante e o calor exasperante, prova-me o que sinto. Torna-se evidente, responde-me e afirma-me, o acto de viver. A confusão habita, o consolo impera, mas a razão do meu sentimento, leva-me a admitir o porquê da conduta do meu amor.
A entrega, a dádiva e a partilha, admitem-se pelo coração... O beijo doce, vinca-se com solidez e sente-se demasiadamente intenso, para ser cínico ou superficial. Respondendo-te com altruísmo, apenas digo que... amo-te simplesmente, porque simplesmente te amo !

quinta-feira, outubro 06, 2005

Ser ou parecer ?

Sou o que pareço, mas para mim sou o que sou.
Não seria bom se todos pudessemos viver num mundo em que as máscaras sociais não tivessem razão de ser? Meditai e transcrevei...

domingo, outubro 02, 2005

Humor...es!

Em muitas circunstâncias, damos por nós envolvidos em situações de imensa graça e cheias de humor. Muitas delas surgem espontaneamente, outras são preparadas com o propósito e o intuito de nos fazerem rir. Contudo, as melhores de todas, serão certamente aquelas cuja inocência ou de alguma forma ignorância, nos deixam abismados e atónitos, com a tamanha barbaridade do que foi praticado. Acontecem situações, de verdadeira loucura saudável e por vezes, chega a ser lamentável a forma como nos servimos dos outros, para cobaias da nossa chacota ou gozação. Temos certamente, inúmeros casos de episódios engraçados e caricatos para relatar. Aliás, durante toda a nossa vida, recordamos alguns deles com um sorriso especial, quer pelas recordações ou pelo estado de espírito bem disposto, que isso nos proporcionou. Recordo muitas estórias com um gostinho especial e cada vez que me debruço sobre elas, penso no momento de mau estar que isso tenha causado a quem as protagonizou.
O que dizer quando alguém afirma inocentemente que o escroto (saco cutâneo que alberga os testículos), fica em Lisboa, julgando ser um qualquer lugar, de qualquer bairro? Ou o que pensar quando ainda existem pessoas que acham que a Internet, se encontra fechada a partir das 22h e apenas funciona nos dias úteis? Para já não falar dos casos gritantes de utentes anónimos da Via Verde, que não compreendem o porquê de ser necessário substituir a pilha do aparelho, pois juram a pés juntos, terem acabado de colocar uma bateria nova no seu veículo!
Isto é apenas uma milésima parte, de casos "inocentes" que testemunhei, e com eles, veio o espanto, a incredulidade e ainda a dúvida sobre quem estará a gozar com quem. Muitas vezes usamos figuras, personagens e caricaturas como objecto de sátira, ironia ou troça e adaptamos-lhes estes factos reais. Usamos as loiras, os negros, os ciganos e tantos outros figurantes de uma forma cruel e mesquinha, para conseguirmos reproduzir o que na realidade parece ser irreal e nada demonstrativo de um ser humano, dito normal. Entra aqui também um pouco da experiência, das vivências, da maturidade, do desenvolvimento social e da cultura geral. O que será conhecimento para uns, não será certamente para outros, visto ser este ponto demasiado vasto e daí, ser-se fácil troçar com quem não sabe o que sabemos e vice-versa. Ainda assim tenhamos a liberdade de reflectir, pensar e meditar que há limites para tudo. Haja no entanto, bom senso para abranger e tentar compreender o porquê de certas afirmações ou atitudes que julgamos serem absolutas aberrações e englobá-las no contexto adequado, para que todos tirem o respectivo proveito, sem ninguém sair demasiadamente prejudicado!
Talvez até eu, seja motivo de chacota pelo muito pouco, que julgo saber...