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A imensidão azul diante de mim, cobre-se de negro com o cair da noite, não deixando qualquer recado, sendo impossível decifrar na escuridão do teu olhar… O clima sombrio, a brisa com a sua sonoridade aguda e o vento gélido que sopra, não assustam porém, a determinação dos meus passos, nem do trajecto a percorrer. Ao longe, o que a natureza escreve e passa despercebido, foge-te do olhar sem que notes, retirando-se e sumindo sem que te dês ao luxo de o visitar. Escrevendo na noite, escrevendo numa folha escura, de letra desordenada e assustadora, com tinta negra e sumida, o que não importa, não se decifra. Ditando para o luar ou talvez para o mar, mas sem luz radiante, pode ser que me consiga libertar da garrafa neste oceano… Afinal não és navegante de primeira viagem como eu e pode ser que tenhas curiosidade pelas palavras, pelos sentires e pelos dizeres. Há muito que sou a mensagem no interior deste vidro transparente, tantas vezes opaco, tantas vezes sombrio e caso possas encontrá-la, tenta, mesmo no meio da escuridão, ler o conteúdo do papel turvo e apagado. Já é alguma coisa, seria valioso! Aí sim, estarás distante do mar, perto de amar…