quarta-feira, abril 14, 2004

Noites de lua cheia...

Sonhos, estórias e contos de lobos... lobos que se vestem de pele humana e se consomem perante reconditos lugares da nossa mente. Lobos que são homens, que buscam a carne e recusam ver a luz que os cega e lhes permite apenas ver a infindável e abominável sensação de ódio e desespero. Buscam algo para lhes colmatar o vazio...Vazio esse que lhes assola o interior e os torna sequiosos por um banquete mórbido, doentio e puramente divinal. Deixam de lado a existência humana, vestindo uma máscara possessa de um misticismo crú, assustador, mas ainda assim extremamente apetecível. Muitos insistem em não rasgar essa pele, insistem em ser lobos, mas jamais o tornarão a ser. Trevas de lua cheia, doces, azíagas, vetadas a um cenário dantesco e perante um mesmo céu são deixadas ao acaso. Deixam que a transformação ocorra e com ela tudo lhes dê na mais completa razão de imortal,surreal mas carregada de simbolismo e razão de ser. Buscam o sangue perante um uivar, um sinal de alerta, de presença de espírito, para que sintamos que não são apenas vozes de animais, mas gemidos e gritos de uma dor e raiva interior que em tudo são humanos. Sonhos de memórias de lobos que rasgam a pele, esperam pela carne e recusam a luz que os cega, os detém e os proibe de se elevarem a um estado superior. Talvez sejam memórias de homens, que tentam ser lobos, mas nunca o conseguirão ser... Debaixo do mesmo céu dessa lua cheia, encontramo-nos todos... Lobos, humanos ou simples criaturas de Deus, mas aquando da necessidade de nos soltarmos, rasgarmos ou abrirmos o nosso corpo porque não o suportamos,o fraco nível da nossa força interior leva-nos a um ínfimo crepitar de dúvidas e a um altar elevado que tanto prazer nos dá... É nesse altar, perante o cenário assombroso da lua cheia que nos sentimos bem, que nos disfarçamos e nos permite sequiar os nossos prazeres. Ensinar-te-ei maravilhas, se depois dessa libertação atingires o pecado, me entregares a alma... Dar-te-ei um mundo de sonho, de possessão e libertação... Ensinar-te-ei como transformar qualquer vil metal no mais precioso ouro e como a vida se estenderá rumo á imortalidade e á indiferença... Liberta-te e perante um uivar assustador tendo a lua como testemunha, serás enorme...

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