segunda-feira, setembro 16, 2013
segunda-feira, dezembro 31, 2012
sábado, março 05, 2011
Aragens!
Ventos desse caminho leviano que me atormentam e remetem o destino para longe…
Com eles, cruzo a saudade do meu tempo, remediada pelo fraco existir a que as vivências tornaram suspeita. No bater dos instantes, soluço na imensidão do que se afigura diante da minha humilde presença, bastando ao intrépido e nefasto cunho da passagem da vida diante dos meus olhos, o existir de uma incerteza vã e tendenciosa.
Ao longe, o horizonte chora-me e relembra-me a infância descolorida, apenas pautada pelo sabor a que fui sujeito, sem esquecer as brisas que tão agradavelmente me elevavam e faziam vislumbrar a altura de que julgava necessitar.
Porque se nasce, se morre e se transforma o que nos rodeia, quando o mais importante e o que ainda permanece, nos circunda e ganha a forma do nosso ser como um molde a alimentar? Não distingo no entanto, se o regresso a estes sentires que em tudo se assemelham aos de outrora, serão exactamente iguais ao que foram. Sentem-se apenas, vivos, fortes, fracos, vivos… Quem teria mudado neste longo e penoso processo? Os ventos, as terras, as chuvas, os sóis? Teria eu vivido o frio, a aridez, a humidade e o calor como algo a descobrir, estando perfeitamente identificado com a intensidade destes fenómenos? Custa-me admitir que algo terá mudado, deixando-me na ignorância de não conseguir saber nem tão pouco distinguir, se a evidente culpa será minha ou do ambiente pelo qual me senti encurralado.
Ao longe, o que esta aragem parece ter levado, traz-me agora sob forma de dúvida, de incerteza e de completo desconhecimento, a verdadeira missão para a qual fui concebido. Sentirei tudo isto suficientemente?
domingo, dezembro 05, 2010
Porções!
Se o pensamento me mostra o caminho a percorrer e me força a avançar, o movimento físico das mãos quase me impede de o fazer...
Ao mesmo tempo e numa corrente de imaginação futurista, motivo-me pela coragem que o teu incessante apoio produz, ainda que o teu olhar receoso e pouco convincente, transborde de insegurança e de desconhecimento. Sinceramente, essa estranha verdade que em ti habita, alimenta-me e enche-me de fé... Talvez e tão somente porque o que é construído é visível e agradavelmente palpável como um desperdício a guardar. Creio que nas tuas verdades escondidas a mentira seja perdoável... Quiçá e apesar de tudo, porque em ambos os estados há uma lucidez que me avisa e protege, demonstrando que há cuidado nessa mesma verdade e igual descuido nessa mesma mentira. No fundo, os retalhos não passam de um encadeamento lógico de princípios, de perfeitos encaixes cronológicos, de formas de aplicação de uma sabedoria quase vidente, aleatória e desconhecida. Assim sendo, não adianta forçar as promessas, as ilusões de um algo que se transforma num todo, num todo que se reveste de pequenas partículas de qualquer coisa a que chamamos um algo.
Consciente e intuitivo, talvez... Através do pequeno canal de onde toda esta fracção de ínfimas proporções ganha forma, alinho-me na sintonia dos princípios do meu ser. Rapidamente as conclusões sucedem-se... Só não queria ser o único a deixar estas várias porções deixadas por aí, a descoberto e de qualquer modo por entre as verdades e as mentiras. Se me ajudares a recolher cada retalho, talvez os encaixemos e me ajudes a deixar de parte o aviso que os teus olhos receosos continuamente me dão. Retalhamos ou retaliamos?
segunda-feira, novembro 01, 2010
Perco-me em dúvidas, nas incertezas de uma decidão desconhecida, soltando rédeas e amarras sem saber o que o destino me trará. Mais do que um medo real, enfrento os fantasmas da escuridão, ganhando alento para quebrar o passado, rasgar a pele que me mortifica e fazer o possível por viver na crença de um mundo novo e repleto de esperança.
Ao longe, a linha do horizonte é ténue, curta e quase invisível. Ao perto, o mesmo horizonte que ao longo do tempo percorri, parece vago, vazio, insípido, inodoro, incolor e quase sem sentido perante a estranha meta que se avizinha. Degrau a degrau, o precipício acompanha-me, desligando-me metalmente e por instantes do projecto a que me proponho, oferecendo-me desiquilíbrio e tremor a cada novo passo.
No meu íntimo, a mente separa-se da consciência de que tanto necessito, fazendo-me aumentar o descrédito e a desconfiança na realidade. As análises sucedem-se, recordando sempre com saudade, o delicioso sabor dos tempos áureos de um bem estar impossível de suportar por agora. A esperança de um sorriso vindouro atormenta-me... O pavor de um choro compulsivo também!
Como numa ponte envelhecida a percorrer, a questão é concreta e real: aguentar-me-á o peso até me salvarem ou arriscarei um novo passo? Se o fizer, será que cairei abruptamente ou poderei correr e saltar sem que nada me perturbe? Pena sim, da segurança que por baixo de mim desapareceu e foi perdendo consistência ao longo do tempo. Revolto-me pelo estado a que nos permitimos aqui chegar. Martirizo-me ainda e repetidamente, pela pouca visão e pré-cegueira a que me deixei conduzir. Talvez e servindo-me apenas de consolo, tudo justifico agora com a falta de união, de sensibilidade e de justiça, com toda a razão.
O tempo urge e a escassez de soluções obrigam-me a decidir novos trajectos...
Sem ressentimento ou qualquer lamento, ser-me-á sempre cobrada a decisão, cabendo-me suportar o valor da mesma com a máxima leveza de espírito e tranquilidade de consciência que em mim existir. Talvez mais não seja do que um tempo a substituir, trazendo-o como se o puxasse e vivendo-o como se sempre tivesse sido o meu. Mesmo assim e com o ego ainda elevado, descer à terra poderá ser uma fantástica lição de humildade. O orgulho doentio faz-nos sentir donos de uma altivez repugnante... Se formos fortes, saberemos descer um degrau para ganharmos um novo impulso. Se formos fracos, falharemos esse mesmo degrau e cairemos até ao abismo. Sem medo, criarei o meu futuro, agora num outro extremo...
sexta-feira, julho 30, 2010
Curioso, o trajecto de uma vida...
Não importa relatar o bom, o mau, o fácil, o difícil, os projectos, as ambições, a inoperância, a preguiça ou até mesmo as opções tomadas ou caminhos que deveria ter seguido.
Mais importante do que isso, é o facto de me ter habituado desde tenra idade a viver cada novo ano como um só obstáculo, um só nível, uma só barreira... Ao longo do tempo, muitos pereceram, tantos outros vieram ao mundo e a sensação com que fico é que existe sempre um degrau atrás de nós, empurrando-nos, forçando-nos a correr e a obrigar-nos a seguir em frente, esmagando os que já não conseguem palmilhar qualquer porção de terreno e impulsionando os mais jovens a voarem sem limites...
De facto, vejo aqueles que já partiram em determinada altura, como alguém a quem a saudade comove, talvez por não terem chegado até aqui, por não verem onde nos encontramos, por não saberem com quem estamos e por já não sentirem como vivemos... Confunde-me, confesso!
Ao mesmo tempo e da mesma forma, permaneço consciente de que o empurrão da minha vida já foi maior do que o é neste preciso instante, ainda que denote toda a vitalidade para que de pedaço em pedaço, acrescente mais um ano à minha simples existência.
Medo talvez, tenha dos imprevistos, de algo que me faça tropeçar, cair e não ser capaz de me erguer. Aí serei como tantos outros!
Cairei, serei engolido de uma modo exactamente igual a todos aqueles que deixei ficar para trás e ali, naquele preciso momento, finalizarei a minha história. Os anos, esses, seguirão um a um, tal e qual uma prova de atletismo em que se saltam barreiras para atingir uma meta. E em qual delas vacilarei? Deus o saberá!
domingo, julho 11, 2010
Sufocante o laço que te aperta e sustém a respiração que te faz viver.
Nasces com o perigo que o mesmo te mate à nascença, enrolando-se em ti como se ganhasse vida própria e se tentasse fazer valer da sua resistência para te asfixiar. Será que ainda assim, alguma vez te libertaste inteiramente dele?
O que dirás da pressão da infância, desde os primeiros passos, passando pela tua educação ou pela obrigação de aprendizagem dos deveres cívicos e morais? O que te apraz relatar sobre a imposição dos estudos, do necessário acautelamento do futuro através de uma quase obrigatória carreira de sucesso? O que pensarás sobre a ansiedade em obter uma casa, em encontrares um lar, em formares uma família ou até mesmo dos bens materiais que estupidamente te deixarão feliz? Como viverás com os constantes prazos para pagamento das tuas necessidades, dos teus luxos, das tuas metas ou horizontes?
Não estarás constantemente com uma corda ao pescoço, por um tudo e por um nada, separado através de um mero nó de correr?
A pressão existirá sempre, até porque deste laço não te separas. Se o alivias, respiras e vives... Se o apertas, sufocas e morres!
Pensa que a escolha por mais que seja tua, nem sempre depende de ti. Num berço de ouro o laço é largo, numa redoma de espinhos o desconforto é bem mais evidente. Ainda que chores num alívio sentido e compreensível, apenas suavizas a textura do nó que te aperta... Para o retirares de vez, terás de usar as mãos e cortá-lo! Serás capaz? Coragem!
segunda-feira, maio 10, 2010
Nada receies... Por vezes e apesar de demasiadamente dura, a vida não é cruel. Os efeitos nefastos com que dela parecem surgir, pouco mais são do que um abismo deixado pela imaginação. O resto, é uma consequência natural do próprio destino a que ela se submete. Não creias em tudo o vês, no que te digam, no que te incutam... Também aqui o medo reside, entranha-se e não permite a total liberdade de movimentos a que tanto deveríamos estar sujeitos. Talvez a verdadeira ambição não seja a de conquistar metas ou de alcançar objectivos finais, mas sim de vencer os fantasmas do momento e das incógnitas que por mais simples que sejam, quase nos levam a recuar. Vivem-se perguntas sem resposta, luzes sem a transparência necessária para nos deixarem iluminar um caminho sinuoso. No fundo são provas, pequenos testes à capacidade e resistência de cada um, meros exames com o condão de parecerem compostos por uma complexidade impossível de resolver.
Tudo é fruto de ambição, de conquista, de glória. Tudo se torna um produto desta mesma vontade de atingir o que falta alcançar, ainda que o resultado final seja fútil, desinteressante, inconsequente. Pena é, que a mentalidade não esteja rotinada para a satisfação aquando do objectivo, preferindo focar-se exclusivamente no trajecto até então. No caminho, nada se vive convenientemente, do mesmo modo que nada realizará por completo ou deixará que a mente e o corpo se saciem por inteiro.
A rota reveste-se de fé, de crença, de elevada auto-estima e igualmente de desatenção. Na tormenta da mesma, tudo se move, tudo se retira, tudo se afasta. Em grande parte das situações, inúmeros fragmentos vão-se perdendo, não se dando por eles diante da nossa passagem, ainda que as suas perdas se tornem irreparáveis. Tornam-se grandes, com consequências a que apenas o tempo saberá responder. Há que saber viver com isso, lidar com isso, deixar-se transformar igualmente por isso. Infelizmente, é com a calma que a reflexão surge, surgindo em cada pequeno pensamento e em laivos de obscuridade perante tamanha iluminação interior.
Sorte a daqueles que à luz dos seus objectivos, alcançam a esperança, viajam no tempo e recuperam o que perderam num retorno de humildade e consciência. Apenas eles estarão tranquilos, libertos, descansando profundamente em cada sono e sabendo concretamente, a pequena porção do espaço que lhes cabe.
A vida, essa, não pára! O que virá após, depois e a seguir, logo se saberá... O fruto recolhido por uma ambição desmedida, poderá ser fatal, de danos irremediáveis, de consequências imprevisíveis. Ainda assim e se algo se assemelhar a um abismo, que nunca se perca a fé interior. Depois dos momentos de grande tormenta pela nossa passagem, virá a calma, o sossego, a paz e será nessa tranquilidade que seremos capazes de discernir entre a obscuridade e a claridade. Até lá, cegamos completamente...
terça-feira, abril 20, 2010
A mente inquieta-me e lateja-me como se fisicamente lhe tocasse.
O movimento circular das falanges na base do meu crâneo, alcança-me o subconsciente, alivando-me e deixando-me num lugar compreendido entre o real e o imaginário. Como é possível que numa porção tão pequena de matéria humana, pareça existir um interruptor que irrompe e se interrompe a cada novo toque?
Sempre que o faço, a memória surge-me de pronto. Reveste-me o olhar com um riquissimo horizonte de lembranças e recordações... As nuvens ganham auras de luz, a transparência das lágrimas completa-se de côr, o tempo pára, retarda e avança consoante a duração da minha viagem...
Por vezes, pincelo-me de imaginação, juntando o sonho ao episódio marcante da transversalidade que por mim ocorreu. As dúvidas dissipam-se, os receios também...
Imagem após imagem, torna-se curioso este encadeamento a que me sujeito e onde faço questão de reescrever o meu próprio argumento. Junto-lhe sons, dou novas cores a este meu plano de fundo, modifico o que não gosto e acrescento-lhe factores que outrora desconhecia. Revivo tudo novamente, como se acabasse de nascer e tivesse a maravilhosa capacidade de criar a minha própria imagem... Alimento-me dela!
Páro por instantes e mais uma vez, rebuscando novos detalhes, novos pedaços na distância do meu tempo, procurando com a máxima clareza, toda a exactidão que por mim se escreveu. O reflexo é intenso em cada pausa. Por vezes cega-me, por outras irradia um brilho que me fascina, entusiasma e hipnotiza por largos momentos. Naturalmente, tudo o que sinto e transformo, poderia ser aquilo que à partida fosse dado como irreal, fantasioso, alegórico... Poderia até, ser o resultado de uma imaginação demasiadamente sonhadora, descuidada, fútil e inocente... Contudo, não é!
Ainda que a mente me divague e quase atraiçoe, não lhe consinto que apague do meu íntimo todo o viver que fisicamente acolheu. No fundo, nem pretendo alterar qualquer rumo, seja por despojo, vergonha ou embaraço. Simplesmente componho a tela que pinto, sempre com a inspiração da minha vida, ainda que os novos traços lhe confiram o toque e a perfeição que tanto desejo e ambiciono. Que o resultado permaneça vincado eternamente, alimentado pela mente que do mesmo modo lhe permitiu tocar tão fisicamente como até aqui.
quarta-feira, março 24, 2010
Aproxima-te tranquilamente, como se a confiança te derrotasse o medo e ultrapassasse o sentimento desse algo que sempre em ti existiu.
Empurra-me se te amedronto, se a minha frágil figura não te parece acomodar e te deixa a sensação de um inevitável obstáculo a vencer. Não me importo se o fizeres, se te servires de mim para elevar a confiança que te abala e derruba. Fá-lo com veemência, com tenacidade, mostrando-me que o degrau que em mim te ergue, serve o propósito de alcançares a tua meta. Mostra-me as tuas fraquezas, o teu descrédito, a tua vontade de esticares a mão em relação a mim, ainda que no trajecto nos possamos ferir e magoar.Ainda assim, pergunto-me incessantemente, questionando-me e debatendo sobre a ajuda que te posso dar, a melhor forma de o fazer, embora receando que este impulso não passe de uma ilusão e te faça cair abruptamente de uma altura maior. Contudo, jamais saberemos a liberdade a que alguém chega, se não lhes dermos asas para voar, horizontes por viver. A vontade de os vermos fortes e confiantes, sorri-nos por dentro em cada meta alcançada, satisfazendo-nos com a pouca ajuda que julgamos entregar. O contraste com a alegria de quem connosco a partilha, é a maior das recompensas, ainda que saiamos de cena sem os louros do vencedor, mas com a maravilhosa sensação do dever cumprido. Tudo terá valido a pena quando assim é, denotando-se o visível amparo que a nossa suposta fraqueza ainda transmite. Melhor do que isso, é a confiança em nós depositada, a humildade de reconhecer que o pouco que possamos entregar é importante, útil e necessário. Mesmo que ambos percamos e a derrota seja copiosa, que a maior das ilações retiradas seja a da experiência, a do prazer da luta, a do combate por um algo em que se acredita, por uma meta que apesar de ter ficado longe, não deixou nunca de estar ao nosso alcance. Afinal, a vida é assim mesmo… Repleta de objectivos!
quarta-feira, março 03, 2010
Caio, olhando para as minhas mãos e procurando nas linhas que as compõem por entre as feridas, a resposta para a verdadeira liberdade do meu ser.
Apenas quero ser eu, voltando atrás num enorme processo de rejuvenescimento, desejando que a imunidade a que me vetam se desvaneça e jamais perdure.
As vozes que me ecoam, soam a uma espécie de aragem interior, arrefecendo-me e gelando os sentimentos que outrora surgiam por acaso e quase instintivamente. A ruína a que os corpos se acomodam, dilacera tudo ao nosso redor, provocando preocupação, incredulidade e inoperância diante de tamanho aconchego. Talvez se no meu corpo pegasse e o viajasse para um outro extremo, poderia vivê-lo de uma outra forma… Contudo e no fundo, bem sei que tudo não passaria apenas de uma questão de tempo! O mesmo peso morto voltaria a colhê-lo e a deixá-lo cair como uma pedra rolando sobre a mais intrépida das ladeiras. Olho para cima no momento da queda, beijado pelas gotículas do infinito, sentindo que o mesmo me sufoca e eleva… Voo sobre ele, desejando-o, querendo-o, fazendo dele o perfeito meio de transporte para os sonhos de uma vida, ainda que no mesmo trajecto saiba que sozinho nunca estarei.
Aqui me encontro, num outro dia que novamente nasce, desaparece e me consome. Receio que o avançar dos mesmos me encaminhe para o desconhecido, também aqui desejando que algo ou alguém por lá estejam quando o alcançar. Novamente, a mesma aragem interior que me ecoa e arrefece, faz-me pensar. Se a mesma apenas aquecesse, estaria de passagem e nunca teria a capacidade de me fazer cair. Se a mesma fosse apenas tépida, jamais sentiria as feridas por entre as linhas das minhas mãos neste chão… Se a mesma não existisse, nunca estaria aqui!
domingo, fevereiro 07, 2010
Neste meu único e complexo espaço, encontro amparo, protecção e refúgio. Talvez o busque de um modo dissimulado, escondido, envergonhado…
Ouves-me quando to peço e por ele anseio, sem o querer dar a conhecer?
Acredita que não é dos melhores sentimentos, conseguir viver alicerçado sob o peso de uma culpa por algo dito, de um todo que em nada foi correcto.
Remediar jamais será solução, embora a tentativa de amenizar o erro permaneça latente em cada nova atitude. Irremediavelmente, tudo compenso sem qualquer nexo, vínculo ou validez de processos, ainda que em quaisquer circunstâncias, as mesmas me pareçam favoráveis.
O embaraço com que caminho e me movo, incomoda-me, reveste-me de desonra como se de cristal fosse feito. A sensação de fragilidade com que me deixo acomodar, inquieta-me, afunda-me e não me permite soltar.
Conseguirás voltar a ensinar-me o poder de respirar, de soprar e absorver brandamente, expelindo e aspirando bastante mais do que o simples ar que me oxigena e permite viver?
Preciso de me reencontrar, atingindo a impressão moral do que é estar vivo, consciente e alertado a tudo o que me rodeia. Quando o fizer, serei o reflexo natural do que me trouxeres, esgrimindo com total exactidão, cada singelo pedaço que de ti vier a receber.
Serás capaz?
terça-feira, fevereiro 02, 2010
sexta-feira, janeiro 08, 2010
Em cada simples momento de um suspiro quase redutor, sirvo-me dos teus olhos numa disputa árida e longínqua, pela redenção aos erros que tão estupidamente cometo.
Na escuridão do meu tempo, revolvo a luz que incessantemente procuro, orando e chorando para que o calor ardente que o teu coração carrega, me alimente e ilumine.
Tal como um antídoto, é no teu oxigénio de raiva e beleza que encarno, que me revisto e conforto, sendo nele que me solto e me movimento nesta nítida aridez de ilusões.
Em cada simples momento, tranquiliza-me um sinistro destino…Distante, longínquo, discreto, ainda que pelas tuas mãos desperte e me sacuda de tão nefasta poeira.
Solta-me do sofrimento, da aziaga dor que me compõe e sufoca num imenso casulo de densa indefinição…
Tal como um antídoto, é na tua fúria que sobrevivo, fazendo dela a mais perfeita e sublime das estações!
sexta-feira, novembro 06, 2009
Os pensamentos fluem-me constantemente e sem interrupções… O estridente e maravilhoso ecoar do silêncio que me invade, remete-me para um outro nível de introspecção e crença interior.
Ao longo deste peculiar trajecto, encontro-me em pequenos laivos de sapiência, amargamente salpicados pela ignorância da maturidade, ainda que pareçam revestidos por uma doce mas perfeita harmonia de inocência.
Lado-a-lado com as pegadas da própria sombra, a sensação de correr só alimentou-me antes de qualquer tempo, elevando-me os sonhos a um plano cada vez mais intenso de altivez e supremacia. O consumo interno de que a vida sempre fez parte, elevou trajectos, discerniu caminhos, moldou trevas arrastadas pela implacável vivência do tempo, atingindo altitudes de um mundo pré-existencial e construindo-me à sua semelhança num carácter de gula, sedento prazer e de uma fome azíaga que agora se presta a desagregar.
Mantenho ainda assim, o olhar acordado através do horizonte que me teima em aparecer. Soturno, denso, melancólico, embora ainda revestido pelos tão característicos pigmentos que sempre daqui alcancei. Esperança? Talvez… Sonhos? Perfeitamente reais!
segunda-feira, setembro 07, 2009
Curioso, é o facto de raramente nos desviarmos de nós mesmos, de pensarmos que ninguém nos vê através de um simples passo, preferindo a ilusória sensação de liberdade solitária, ao invés de uma reclusão remetida e partilhada por um grupo que nos segue e acompanha.
Nem sempre este tudo ou nada é coerente, correcto e perfeito. O receio alia-se ao racional e remete-nos para o medo, povoando a mente de pânico e horror. Aí, ninguém parece ouvir o nosso choro interior, um queixume quase ensurdecedor pelo vazio do silêncio, um estado de alma quase deixado a um acaso estranhamente apático, imóvel, mas perfeitamente válido e preciso.
Seguimos sem ninguém nos retirar daquilo que somos, sem que alguém pareça suficientemente forte para nos gritar coisas que denotem sentido…
Nesses momentos, parece claro demais que conseguimos viver uma vida audível aos ouvidos dos outros, mas estranhamente surda e ignorante a quem nos grita e faz por acordar.
Para onde iremos afinal sem ninguém à nossa volta, sem exemplos de verdade para alcançar, sem o conhecimento do abismo que nos alimenta de receios e enfarta de medos?
Estranhamente, só aprendi que a mesma peça que nunca me permitiu qualquer teste ou ensaio, permanece viva e presente num mundo de que dificilmente rejeitarei ou serei capaz de escapar.
quarta-feira, julho 08, 2009
Algures diante do cansaço da alma, venço as sombras que me respondem em actos de coragem, nunca temendo o que se revele, o que se desvende e o que se possa assemelhar ao que de mais frio e crú se possa converter.
Rodeado pela pressão de um ar que me aperta e sufoca, respiro e suspiro por uma aragem que me solte, me liberte e me tente fazer compreender que tudo o que diante dos meus olhos se transforma, é afinal a mesma violência que a todos presenteia.
Não sei ao que vou, ao que me espera, ao que pretendo por fim, crendo apenas numa vida incógnita de saberes e de teorias, de práticas e acontecimentos, de factores e rituais que ainda que se mantenham por revelar, jamais o afirmarão com a plena certeza do seu direito. Talvez seja a violência de tudo isto que me apoquenta e aflige…
Algures e novamente presente de encontro à minha fadiga, precise de um líder para me puxar, para me incendiar interiormente e fazer com que o meu grito se eleve e reaja para lá do necessário repouso. Fútil, fácil, vazio, mórbido talvez, mas será neste bradar intenso em que as manhãs se constroem, que consiga quebrar os meus dias, passo a passo, enérgicamente, veementemente…
Por muito que a noite me pareça viver para sempre, será a violência dos primeiros raios de Sol a acordarem-me para mais um inquietante momento de mistério, de segredo e de fantasmagóricas sombras como se de um fogo se acabassem de libertar… Acordo, para mais um dia… Um vivo e inesperado dia!
sexta-feira, junho 19, 2009
quinta-feira, junho 11, 2009
Na voracidade da sua voz, remeto-me ao sossego do meu estado de alma, assustado, inquieto, vencido pelo pânico do seu timbre, aterradoramente encolhido pelo medo que o mesmo me provoca. Choro compulsivamente, soluçando receio, exibindo fraqueza, mostrando cobardia… Magoa-me esta presença, ferindo-me com crueldade quando a mesma me abraça e me engole, trespassando-me com a simplicidade de uma lança pontiaguda e mortífera, matando-me lentamente numa sombra escura e infinita… Daqui observo trevas, absorvido pelas mesmas, entregue a uma escuridão pelo terror que me provoca, pela intensidade da sua voz, pelo eco de um grito que me recolhe e atormenta, por… infinitamente tudo! Ergo o olhar quando me julgo livre, nele exibindo tristeza, impureza, demência. Falta-me luz, claridade, brilho, contraste… Falta-me tudo o que de mais belo existe quando aqui não estou, sempre e tão somente acomodado pelo grito e pela fúria a que te obedeço quando o fazes comigo. Choro novamente pelo ardor nos tímpanos, pela pressão tão cobardemente cometida, pelo som que tanto me fere e castiga… Dói-me esta amargura que carrego quase levianamente, este sofrimento para lá de uma vida, este castigo demasiado pesado para quem o recebe e tão cinicamente leve para quem o comete… Solidão! Talvez seja ela a causa desta surdez inimaginável. Talvez seja ela o vazio entre o preenchimento que julgo receber e nunca encontro. Talvez seja ela, o obscuro e o silêncio de uma sombra vazia e perpetuamente louca. De certeza que será a mesma solidão que no alto do seu silêncio me ensurdece e enlouquece… A ela me rendo!
quarta-feira, junho 10, 2009
A todos os seguidores, amigos, colegas e anónimos visitantes dos meus espaços, gostaria de deixar uma palavra de apreço, simpatia e agradecimento, por todas as mensagens que me têm enviado não só pelos comentários deixados, como através de e-mail e vulgares sms.
De facto, a assiduidade com que escrevo e partilho convosco todas as minhas vivências, experiências, fantasias ou humores, não tem sido a mais regular. Não por falta de vontade, inspiração ou por um querer que se tenha vindo a diluir ao longo destes anos… Nada disso!
Acredito até, que possa ter perdido visitas por este distanciamento mais notório, mas como sempre fiz questão de frisar e nunca esconder, mantenho a minha escrita de um modo muito pessoal, muito discreta e muito minha. Não se tratará de egoísmo ou algo que o valha… Aliás, o prazer que retiro dos momentos em que primeiramente rabisco as minhas ideias valerão por tudo. No entanto, nem sempre existe disponibilidade física ou mental para expressar o que sinto e tanto desejo transmitir, ainda que a paixão me mova sempre a voltar.
A todos vós e além do agradecimento especial que aqui hoje deixo, fica a promessa de que mais do que actualizações frequentes, existe e existirá pelo menos, sempre a vontade de algo mais. Até breve!
terça-feira, maio 19, 2009
Divagando sem rumo ao bom sabor do tempo que não me consome ou desespera, deambulo pelos encantos naturais do que mais ambiciono, do encontro que me leve para um nível de maior satisfação, do lugar onde me permita tocar tudo aquilo que não alcancei enquanto podia…
Apoio-me na saudade vivida, no retrato típico de pinturas já desfeitas, nas intermináveis viagens pelo parco mar de gente que com o seu tradicional acolhimento, nos recebia e nos fazia seus.
Lindos esses magníficos roteiros que saudavelmente percorríamos, sempre com a enorme vontade de um destino que mais não era do que a recompensa pelo próprio trajecto em si… Souberam-me bem os enormes caminhos palmilhados com a velocidade possível, presenteados com o que de melhor sempre tivemos, totalmente revestidos pelas imagens que mormente me perduram e ecoam em cada momento…
Vivo ainda pela brisa que me refrescava e fazia respirar, pelos odores que tão caracteristicamente me identificavam o que ainda não via, pelo olhar que no horizonte se desprendia e tudo captava com a curiosidade de quem tudo queria descobrir…
Que bom foi viver assim!
Revivo cada pedaço de chão sempre em comunhão com as gentes desses lugares, sorrindo perante a humildade da casa que nos ofereciam, da cama com que nos faziam descansar, da boa vontade das suas mesas com o que de melhor nos poderiam presentear…
Lamento o desaparecer deste regresso àquilo que era nosso, ao retorno para junto daqueles que avidamente nos esperavam e sorriam pela nossa simples presença. Entristeço-me pelo perder destes entes queridos, pelas humildes casas que tantas vezes foram o nosso abrigo, pela sinceridade deste acolhimento e pelo calor constante do que nunca mais voltarei a ser capaz de sentir. Onde vive agora a típica alma desta multidão que com a pele gasta pelo tempo, jamais se preocupou a quem abraçava, com quem convivia e a quem sempre tão bem soube receber? Direi que hoje não passarão de futilidades e meras recordações pela exigência do nosso quotidiano.
Nada disto esquecerei, até porque hoje nada é assim…
quarta-feira, abril 29, 2009
Aqui me encontro onde sempre estive, procurando a correcção nas palavras para dizer o que sempre senti e onde tantas vezes me pareceu sentir aceite.
Custa-me perceber que o alcance das mesmas pareça por vezes perdido no espaço, pouco se prolongue pela cruel acção do tempo nas nossas vidas e que raras sejam as vezes em que se tomem como exemplo de meditação.
Não o faço pela razão, por uma questão de obrigatoriedade de regras a seguir, mas tão somente pelo coração que nelas emprego, pela devoção que as mesmas me fazem mover… Rejo-me e por elas me deixo governar, não me importando com a antiguidade que delas advenha, pelo conteúdo que delas surja, pela mensagem que as mesmas possam transmitir. Talvez o maior erro, seja por ser um homem de palavra, de uma só palavra onde todas as outras se encaixam por um conjunto ordenado de letras e de regras…
No fundo, não pretendo ser o único nem apenas mais um pregador de uma espécie de doutrina, de uma forma erudita de uma crença em que no fundo nada mais pareça ter, do que uma paixão exacerbada por aquilo que defendo.
Tantas, mas tantas vezes conto os pedaços de papel amarrotados que semeio no meu intrépido chão, quando as minhas letras não conseguem transmitir os meus reais sentimentos… Revolta-me, consome-me, mata-me, embora nunca deixe de tentar uma e outra vez. Recomeço, insisto e assim permaneço!
Inspiro-me, interrompo-me, apago e reescrevo, irrito-me e altero o que me parece errado, sorrindo sempre com o orgulho daquilo que fielmente consigo transmitir…
Difícil, é conseguir comunicar na frieza dos caracteres, toda a verdade que a nossa mente reveste de sentimento. Talvez no fundo, nem me importe concretamente com o alcance que a minha ideia possa ter aos olhos dos outros, preferindo e regozijando-me sempre, que a principal realização e satisfação pessoal sejam minhas, tão somente pela sensibilidade que nas minhas palavras emprego.
Afinal, toda a minha vida fui e sempre serei apenas isso… Um homem de palavras e de palavra!
sábado, abril 25, 2009
quinta-feira, abril 16, 2009
Nunca terás pensado em ficar com alguém, ainda que sonhasses que seria ali que residiria a tua liberdade? Alguma vez te prendeste aos instantes em que imaginaste que seria possível algo mais do que a mórbida vida que ambos levamos?
Creio que não será mais possível fingir que a tudo o resto permanecemos indiferentes…
Sonha, desperta de uma vez, liberta-te do que te sufoca e no meio da tua intensa doçura, entrega-te, satisfaz a tua vontade e vem ter comigo.
Partamos esta noite, fugindo de tudo e de todos, sem a necessidade de o anunciarmos. Se o soubessem, apenas serviria para nos prender, para nos manter fixos à mesma vida que sempre tivemos, matando-nos os sonhos, asfixiando-nos a liberdade, destruindo-nos os desejos…
Talvez amanhã já possamos estar longe, distantes o suficiente e a meio caminho do o nosso lugar-comum onde quem sabe, o nosso amor e a nossa vida possam ser mais do que apenas nós próprios.
Há muito que sonho com este espaço, com este pequeno recanto onde ninguém nos conheça e onde finalmente consigamos fazer das nossas vidas uma só. É ali que sonho com a nossa vida e onde a possamos deixar viver como o sonho que sempre alimentámos em cada um de nós. Foge, dá-me a tua mão e crê em mim, acreditando igualmente que o lugar que igualmente sonhas existe no meu pensamento e é real.
Façamo-lo hoje, agora! Guarda o segredo que te revelo e de nada duvides. Vem, parte comigo e acredita. Prometo-te que a verdadeira decisão e a certeza da resposta será encontrada mais tarde… Talvez quando tivermos percorrido a totalidade deste nosso lugar-comum e onde nenhum de nós precise de uma razão lógica para justificar esta nossa atitude, possamos sorrir e fazer valer que nada desta loucura terá sido em vão.
Esquece esta vida por agora, por um momento, agarrando-me, correndo sem olhar para trás, libertando a dúvida, abrindo-te diante do futuro, sem metas, sem limites, sem restrições…
quarta-feira, março 18, 2009
Remeto-me à suavidade do meu trajecto, crescendo com o objectivo do romance, do amor que aqui procuro, deste complexo preenchimento que tanta falta me faz… Talvez seja utopia ou algo semelhante… Talvez seja este não existir e esta estúpida crença que ainda me fazem acreditar num algo que muito sinceramente nem eu sei. Creio que apesar de tudo, me alimento numa sede ilíquida de tentar transformar tudo aquilo que sinto, num vasto banquete de minorias e de parca satisfação.
Apaixono-me visualmente pela gente bonita com quem me cruzo, danço freneticamente numa loucura desmedida e irracional como se em sonhos acordasse...
Por um escape a uma vida demasiadamente rotineira, alheei-me do meu ser, vestindo cobardemente a pele de um outro alguém com que jamais me identificarei. O porquê de o ter feito, ainda me rebate e atormenta, angustia-me, aflige-me, martiriza-me…
Talvez o verdadeiro problema não tivesse sido propriamente a minha noite, aqueles instantes, o meu momento… Consciencializo-me que terá sido o lento e agoniante acordar do dia seguinte.
Afinal, foi apenas uma noite… Uma tão curta e agradável noite.
quinta-feira, março 05, 2009
Levar-te-ei equilíbrio, trazendo-te esperança, mantendo-te viva…
Sente-me em ti, acompanhando-te perpetuamente, jurando-te fidelidade eterna a cada passo, em cada momento, em todos os instantes em que possas parecer perdida e inconsciente. De nada te escondas por mais cruel que a força externa te possa parecer. Ergue-te paulatinamente e vence-a com a destreza da tua fé, com a capacidade da tua crença, com a ajuda da convicção que sempre existiu em ti. Jamais esmoreças, jamais te rendas…
Saber-me-ás encontrar em cada adversidade, em cada dúvida e em cada encruzilhada, alcançando-me sempre a uma distância insignificante e através de um pedido inocente mas repleto de dignidade.
Nada te negarei desde que acredites, permanecendo contigo na incessante busca de repararmos o que em tudo te aflige.
Sê humilde aprendendo a aceitar, a compreender desfechos, a admitir a existência da perda, a saber encontrar a chave do destino.
Na tua crença viverá a solução para cada infelicidade, bastando que nela permitas jorrar a devoção com que sempre te debateste.
quarta-feira, fevereiro 04, 2009
Seria tortura, tristeza e um acabar precipitado do meu ser em relação a este mundo que tantas vezes se mostrou injusto, cruel e demasiadamente duro para comigo.
Tentei entender, julgando ser capaz de discernir perante os diferentes cenários que se foram formando… Tudo fiz, na vã tentativa de encontrar a resposta para as dúvidas que sempre pairaram sobre mim e que ao longo de todo este tempo nunca foram capazes de se diluir.
Talvez e agora, mais do que o meu apelo ou chamamento, está viva a crença de um rápido terminar de tudo aquilo que me magoa e faz sofrer. São nestas situações que me compreendo facilmente, que me reduzo a pó numa facilidade asfixiante, me consciencializo de que nada sou e muito menos serei.
Não quero nem preciso de me sentir acompanhado. Afinal, não será agora que irei precisar do que quer que seja e de quem quer que comigo esteja, já que a principal motivação e o orgulho que neste momento me invadem, é realmente o de querer ficar só.
Absorvam a minha estranha solidão, esta forma solitária de casar os dias com as noites, permitindo-me fazer deste lugar ermo, o lar perfeito para a minha dor.
Mais do que um apelo, há a vontade de por aqui continuar, isolado, fechado e afastado de tudo o que me rodeia. Talvez ninguém me conheça, poucos o saibam, muitos me ignorem… Prefiro-o assim, longe, distante e agradavelmente encoberto. Quando tudo terminar, lembrar-vos-eis de mim... Estarei melhor do que vós!
quinta-feira, janeiro 22, 2009
Engolido pelo ruído do meu próprio grito, cedo ao medo que a escuridão da minha noite me traz, recolhendo-me e mortificando-me lentamente numa agoniante espera por um sono que nunca parece chegar.
Sonho com uma fantasia decadente e repleta de imperfeições, ainda que nesta minha aspiração consiga vislumbrar campos de harmonia, de coerência e de uma completa pureza. No fundo, não serão mais do que campos abarrotados de flores fúnebres, regados por nuvens negras de indecisão e iluminados por um luar tenebroso que tanto me acompanha…
Engano-me constantemente e ao sabor do tempo, jorrando sobre mim as pétalas do meu jardim, o odor do pólen que me viu crescer, a sombra dos caules que tanto me juraram proteger. O medo esse, acompanha-me como se sempre vivesse a meu lado, acordado por um qualquer despertador cujo som lhe seja aliado e o faça rejuvenescer a cada batida. Fico-me novamente, aguardando pelo mesmo sono que me há-de levar a qualquer parte. Talvez nele, o sonho me destine para onde os ventos me sosseguem, para onde as chuvas me sequem ou a para onde a cegueira me ilumine…
Quero sair daqui, jurando ganhar impulso para enfrentar o medo desta escuridão e acordar deste sonho ainda antes de adormecer.
Respiro finalmente, agora no campo revestido pelo colorido das minhas plantas, pincelado pela graciosidade das gotas de chuva que nele se abatem e da valentia deste sol que tanto me alimenta. Afinal, tudo não passou de um pesadelo… O pesadelo da minha imaginação!
quarta-feira, dezembro 31, 2008
segunda-feira, dezembro 22, 2008
quinta-feira, dezembro 11, 2008
Nada me perguntes sobre o meu estado ou estranheza de eventuais acções.
Sinto-me perto da loucura, da leviandade e colhido por um enorme desejo de me desafiar diante de ti.
Creio talvez, que a maior ilusão acaba sempre por cair quando não conseguimos ser sinceros e coerentes connosco próprios, necessitando de um ombro forte, de uma voz de comando e de um apoio que tantas vezes julgamos não precisar.
Guardo-me e protejo-me na reclusão da tua companhia, desafiando limites, visionando e almejando alcançar o futuro por mim próprio, acreditando numa ténue luz que ainda sinta irradiar. Por vezes, é a noite quem mais me ilumina, revelando-me pequenas chamas de um fogo tão cruzado quanto apetecido.
Por aqui me mantenho novamente, sozinho e dentro de mim, bem no interior do meu ser…
Ainda que nada faças, não me deixes sair de qualquer forma. Jamais te quererei deixar com as minhas lágrimas, com a saudade da tua vivência, com o crer da tua presença diante de nós. Acorda-me, retira-me deste lugar frio, vazio e sem direcção…
Perdoa-me por tudo, sendo que será apenas por ti que voltarei atrás nas minhas decisões.
quinta-feira, dezembro 04, 2008
Tudo parecia perfeito, por vezes incompreendido e difícil de ajuizar, ainda que os meus tempos de menino se encarregassem de me aliviar o peso de tamanhas atrocidades. Sacudia-me do que não compreendia, jamais por irresponsabilidade ou desobrigação, mas tão somente pela noção de saber que aquele não seria o meu solo, o meu quinhão ou inclusivamente a quota-parte de algo que me pudesse envolver. Lentamente e nos dias de hoje, mantenho a mesma opinião de que cada um daqueles pensamentos estariam correctos, ainda que dissimulados pelo que hoje já consigo abranger e lhes dar o devido apreço.
Pergunto-me talvez, para e por onde terei viajado para que tanto tivesse crescido em mim, sentindo que apenas troquei o tempo pela maturidade, os anos pelo discernimento, as eras pelo conhecimento...
Apetece-me voltar, perder o que sei e rebuscar a inocência que tantas vezes me ofuscou na hora de decidir. Ainda me vou tentando soltar, crendo em tudo o que me prende e julgando ser possível acreditar na ingenuidade que já não sinto em mim… Torna-se duro não saber sequer distinguir o sol e a chuva pelo calor e pela água, conhecendo-lhes agora pequenas pontas de frieza e de secura... Dói-me ser capaz de sentir as coisas pelo mesmo modo, atribuindo-lhes novos carácteres e características tão ímpares, que anteriormente nem julgava existirem.
Talvez até eu tenha perdido um estado de pureza, um coração casto e uma mente sem mácula, tudo invertendo pelo cruel propagação e passagem do tempo. Apesar dos novos elementos que se vislumbram e vivendo eu com a mesma consciência e responsabilidade que me move, desejava voltar num novo corpo, regressando à totalidade do que sinto como perdido, acreditando desta feita em tudo… Sem reservas!
segunda-feira, novembro 24, 2008
Curiosa a sensação de te sentir do outro lado, correndo igualmente na minha direcção, quase sem sentires o solo que te segura, preocupada apenas em encurtar a distância e reduzir o tempo desse mesmo trajecto. Adoro-te por isso…
Lentamente, o turbilhão de sensações parece escoar-se, ainda que a juventude não conquiste a verdadeira razão e cresça constantemente ao sabor dos sonhos… Os novos tempos trazem novas ilusões, novas descobertas, ajudando a criar a maravilhosa sensibilidade de um sorriso sincero, de um tão nobre sentimento de benevolência, simpatia e afecto. Não, não é de todo um efeito de subjugação ou de domínio. É sentido, é vivido, é tolerado… Permaneço por ti!
domingo, novembro 09, 2008
Precoce o tempo, em que o choro da saudosa Lusitânia me orava tenebrosamente...
Ressurgindo perante a suave força da maresia, talvez houvessem sombras a mais, talvez fossem uma forma de amor perante a lua d’inverno, com o seu misticismo, com a sua posição em Mercúrio, com a doce tentação de Capricórnio a meus pés…
Que fantástica alquimia, perversa também, aquela que do seu estranho opiário me acorda com o bom sabor da eternidade, mostrando-me ainda assim a degradação e a sordidez, perante a maquiavélica tentação de tão envenenado presente.
Não me sinto o homem ou o ser mais maravilhoso, nem mesmo trajando uma segunda pele… Diante do abismo, sou carne, sou pele, sou sofrimento! Enfrentando-o, emudeço, desafiando-o, enforco-me! Recordo-me, dos tempos de criança… Da doença da alma que me reveste e não me consegue desprender. Abuso-me num complexo efeito, num vício solitário de desaparecer e tornar-me dentro da minha própria adaptação, um eterno espectador. Sinto cansaço… Cansaço dentro desta esperança rodeada de trevas, de ambiente nocturno, de abismo em forma de amor. Preciso rejuvenescer, acordar perante o infortúnio, erguer-me como se de tempestade fosse feito, como se de fogo me tornasse... Retiro ensinamentos, revelando astúcia e desmembramento! Vivo enquanto senhor de guerra, separado pelo amor que nos distancia, pelas serpentes que nos meus braços se formam, por dentro e acima de qualquer homem… Magoa-me esta estranha invasão, este mover num lado obscuro em que a força do cristal me obriga a adormecer e a encontrar o antídoto para a saudosa memória de todos os filhos da nossa terra. Talvez o sangue me diga do que sou feito, talvez na imagem da dor tudo se prolifere e seja por uma vez, realmente nosso…
Volto ao choro da minha querida Lusitânia, observando um pouco da lua que daqui se forma, do nosso mar que não se amedronta nem se vislumbra esquecido… Adoro-te, Atlântico! Nem mesmo nas alturas, nas sombras do sol ou no aziago veneno dos escorpiões, exista o receio do prazer de uma noite eterna. Sonho com a Lua em Mercúrio, com a raiva da estação na sua primeira luz, recordando sempre e com a saborosa saudação, toda a idade materna revelada. Por tudo o que sou, por toda a vivência que esplendorosamente senti e pela magnífica visão que durante o meu crescimento alcancei, só me poderei sentir eternamente grato. Agradeço por isso... Por tão maravilhosa experiência… Afinal, ainda agora estamos no começo!
sábado, novembro 01, 2008
Nos mares revoltos por farpas cortantes, nada parece vencer a tomada de posição daqueles que eternamente se amam, preferindo para sempre as feridas com que os enérgicos cortes provocam e quase irracionalmente se sucedem. É absurdo observar por fora toda uma linha de um caminho tortuoso, de um excesso de sangue derramado por uma causa em que apenas os amantes acreditam, da qual vivem cegamente e da qual se consomem até à exaustão. O sufoco por que passam quase os faz perecer, fugindo, pecando e entregando-se ao mais sublime dos sentimentos, com uma nobreza de espírito e uma sinceridade que jamais poderá ser tomada como vã…
Sonham, furando e revirando toda e qualquer intempérie que por eles paire sem contemplações… Nada os destrona, nada os amedronta… Na beleza de cada um daqueles corações, a cegueira molda-os a uma só voz, abrindo-lhes as portas a um destino incerto, a uma vida de contingências e a uma realidade por desvendar. Admiro-os com todo o meu ser, prestando-lhes a mais sentida homenagem, defendendo-os pelo tributo que lhes concedo, ainda e que tão somente, pela coragem e firmeza com que acreditam serem capazes de vencer. Que o longo trilho que almejam atingir, não os perca, que a escuridão da noite não os amedronte e que a luz do dia não os cegue… Jamais alcançarão o ponto de partida depois do princípio a que se submeteram. Tudo o que sentem viverá agora… para sempre!
quinta-feira, outubro 23, 2008
quarta-feira, outubro 22, 2008
Foco-me na imensidão destas águas, aparentemente inalteradas e sem qualquer resquício de mudança ou alteração, sentindo a alegria e a ilusão de que nada ou pelo menos aqui, algo se tenha realmente modificado ou transformado. Tudo está intacto, vivo e agradavelmente apelativo a uma viagem mais intensa em torno do meu ser. Não importa a idade que tenha, o que tenha alcançado na vida em função de bens materiais, experiência ou realização profissional… Aqui volto da mesma forma com que sempre vim e aqui me encontro com o mundo sem lhe virar completamente as costas, embora o ignore pelos largos momentos em que aqui estiver.
Medito calmamente sobre a vida, analisando tudo aquilo que adquiri ao longo do tempo, naquilo que a infância, a adolescência e uma parte da vida adulta já fizeram por mim. Será contudo, uma realidade dura e cruel com que me irei deparar quando tiver de me levantar e deixar para trás todo este ambiente… Já nada está igual e mal me erga, sentirei novamente o sufoco e o puxão aglutinador da sociedade que me dá vida e me alimenta com o tentador veneno que a mesma produz. Ainda assim e antes de me ir embora, volto a olhar para o horizonte com a mesma vista que sempre daqui o alcançou e penso realmente no que os primeiros tempos de vida me deram por aqui. Fez-me bem a infância, fizeram-me bem os primeiros momentos em que aqui privei, não só por me terem feito mais forte, mas pela preciosa ajuda em manter a sensibilidade e os princípios de jamais renegar tudo aquilo que me fez crescer, viver e sentir.
quarta-feira, outubro 15, 2008
Não são poucas as vezes em que diante de um espelho, me sinto distorcido perante o reflexo que dele sobressai. Tal como num retrato, pareço desvirtuado, assustadoramente fora de mim, alheado do meu contexto de vida e distante de uma completa descrição do meu ser…
Sinto-me ferido como se o espelho me revestisse de lâminas, me perfurasse as expressões com que me manifesto, com que me demonstro e com me dou a conhecer. Pareço querer fugir e incapaz de enfrentar a realidade… Assusto-me a mim próprio, jamais pelo meu aspecto físico, mas essencialmente pela imagem reflectida que parece sem vida, sem alma e sem qualquer fogo capaz de incendiar o coração que me mantém consciente. Talvez porque o olhe precisamente com esse mesmo coração e jamais com a mente aliada à força da razão… Talvez porque nada reconheça no meu rosto, no meu carácter e na minha personalidade...
O olhar entristece-se, o coração adormece e a mente deseja apagar-se…
Como é possível que sejamos tão diferentes aqui, tão dormentes e tão inconscientes de uma existência que se sente, que se molda e se reveste pelo nosso corpo?
Fecho os olhos por momentos e antes de recordar o que acabei de ver reflectido, concentro-me no homem que sempre fui, na pessoa que sempre viveu e agiu de acordo com os seus princípios, na criatura que sempre soube sentir e ver os outros como verdadeiros seres humanos, independentemente da sua fisionomia. Tão dura que é a realidade aos nossos olhos…
Como seria bom que os espelhos com que diariamente nos deparamos, reflectissem apenas luz, apenas cor, e tivessem a capacidade de nos aquecer, ao invés de nos fazerem reflectir e mostrar cruéis exemplos daquilo que não desejamos observar… Finalmente, abro novamente os olhos e tento sorrir! As faces definem-se e moldam-se ao sorriso, enquanto os meus lábios se esticam e produzem uma expressão de felicidade e bem-estar. Tão distante que está a realidade, tão cínica que é a imagem que dos espelhos se irradia… Quando voltar, desejarei estar bem mais equilibrado e preenchido, embora volte a não acreditar naquilo que os meus olhos me mostrarão!
quinta-feira, outubro 02, 2008
Denso, o arrepio que os sons de outrora me provocam e me fazem estremecer quando os oiço novamente. Sinto-me estranho e absurdamente introspectivo quando me concentro nas memórias que vivi há imenso tempo, as transponho para a actualidade da minha vida, para os exactos momentos com que agora me deparo e com isso, tento assumir o envelhecimento do meu próprio ser. É tão fútil o corpo que nos dá forma, tão mais efémero que a vida ou a implacável passagem do tempo à nossa volta… É absurdamente estranho!
Sento-me de cabeça apoiada nas minhas mãos, vendo-as maiores e mais gastas do que nos meus tempos de criança, sentido a passagem dos anos sem os agarrar, sem os poder segurar e a viver de infindáveis memórias e de saudade. Não sei se o que me custa é o recordar dos sons da minha infância, das saudades da minha meninice ou se será esta mesma viagem ao passado com todas as suas incidências, alegrias e tristezas. Ainda assim, sorrio e recordo todos aqueles que comigo privaram, que comigo se divertiram e choraram, que comigo vibraram com os primeiros tempos de vida num mundo tão difícil quanto complexo e que quase aposto que ainda sentirão as mesmas vibrações que eu.
Não foi o crescimento que me assustou, que me matou os sonhos ou que me possa ter roubado tudo aquilo que jamais quereria perder. Talvez tivesse sido o próprio passar do tempo que consigo levou os amigos a seguirem novas vidas, a traçarem metas e rumos muito próprios, a fazerem-se homens e mulheres e a deixarem tudo aquilo que de melhor existiu. É estranho o que um som, uma música ou uma melodia que era corrente no nosso tempo de miúdos, me mexe com a mente num intenso turbilhão de ideias, de confusão e de completa absorção. Parei por completo o que estava a fazer e durante um bom par de minutos, deixei-me seduzir por aquela sonoridade que me acompanhava várias vezes há imenso tempo e que agora, surgindo acidentalmente, me acompanhou como se ainda estivesse naquela época e a viver exactamente tudo da mesma forma. Contudo, as dúvidas e as questões não deixam de me surgir quando a mesma melodia termina e o falta de som se torna absurdamente cruel…
Por onde andará toda aquela minha gente com quem vivi há tantos anos, que lado a lado construiu milhentas aventuras e histórias para contar, que embalada pelos sonhos de criança se debatia rapidamente para crescer e fazia com que cada um daqueles momentos fosse especial e inesquecível? Será que o começo do fim acontece agora ou já virá há tanto tempo e só agora me apercebo? Por vezes, choro de alegria com as boas recordações… Outras tantas, choro de tristeza por não voltar a vê-las acontecer…
Há semelhança de uma foto, de uma película de filme, de um livro ou de um caderno onde rabiscávamos os primeiros desenhos, também a música assume um carácter de intemporalidade e onde quer que estejamos ou em que altura estivermos nas nossas vidas, trará sempre consigo a grata recordação de connosco ter privado e de nos ter acompanhado durante o crescimento. Onde estaria eu quando ouvi aquilo a primeira vez? Agora sei que foi aqui e neste preciso momento, que me fez parar e recordar!
quarta-feira, setembro 17, 2008
Sento-me nas frias pedras do meu presídio…
Os sinos ecoam-me no mais profundo sentir como se me penetrassem pelas entranhas do meu viver e fossem a consciência a tentar-me perdoar pelo erros de um passado pouco digno. Reflicto sobre a vida, meditando, analisando e fazendo uma breve retrospectiva de todas as decisões que tomei, de todas as escolhas que fiz e de todos os caminhos que me forçaram a cometer estranhas opções. O tempo passa e sinto que não tenho onde me possa agarrar, algo que me possa prender e até mesmo uma segunda tentativa para começar tudo de novo… Subo para o cadafalso, lamentando-me, penalizando-me pelos actos e colocando uma corda de laço corrido, ajustando-a e deixando-me quase asfixiar pela pressão que de mim se apodera. Tudo parece estranhamente lento ao fim de uma vida passada em compasso de corrida, vertiginosamente apressada e sem qualquer pausa ou intervalo. Olho-me por dentro, murmuro calmamente os últimos pedidos e deixo-me envolver pela grandiosidade das visões que agora me surgem sem pensar.
O que estaria afinal errado? Eu? O Mundo? O estranho envolvimento de ambos? Não sei…
Houveram alturas em que os erros se tornaram demasiado evidentes, visualmente óbvios e ainda assim não consegui deixar de os cometer, de continuar a acumular enganos, a viver de equívocos e a falsear resultados por maus comportamentos. Hoje volto a fechar os olhos, a sentir tudo com uma clareza tão real, que se tornaria incapaz de aceitar tudo isto como um sonho ou um pesadelo. Gostaria que assim fosse, que acordasse rapidamente e voltasse a sentir uma nova experiência ou recuperar o que de bom acabei por perder. Nem o grito de revolta me regenera, nem mesmo o seu próprio ruído parece fácil de calar…
As palavras fluem aliadas a sentimentos, as lágrimas escorrem-me sem saber porque choro, a vida parece apagar-se sem que a sinta a viver. Afinal, nem é tanto a morte que receio…
Talvez seja o não acreditar em mais nada, no não sentir a existência de um qualquer algo sobre o qual me valha a pena me debruçar… Sinto-me perdido!
Ergo os olhos para o Céu, peço clemência, perdão e lamento pela minha vida. Se existir algo que me conceda a absolvição, sentirei de pronto e pouco mais desejarei do que assistir ao resgatar da minha alma e vê-la partir. Talvez separada deste corpo que tantas vezes a mutilou, se sinta mais pura e viva eternamente de acordo com os seus reais princípios. Gostaria que finalmente seguisse o caminho correcto, sem desvios ou mudanças e que pudesse realmente caminhar sobre a verdade, escolhendo de acordo com a razão e meditando sempre com o uso do coração. Se assim partir, servir-me-á de consolo. Quanta ilusão vivi eu enquanto estive neste mundo…
terça-feira, setembro 09, 2008
Seguro-me pelas frágeis pontas de umas velas já gastas pelo vento...
O tecido que lhes dá forma quase se rompe, ameaça rasgar-se a cada nova investida e nem mesmo as cordas mais fortes me dão a confiança nem o discernimento necessário para acreditar na viagem até ao fim.
Prendi-me demasiadamente a alguém, ainda meio no ar, sem sentir os pés suficientemente presos à terra e apesar de me culpar, sinto-me magoado por algo que nunca fiz ou tenha a lamentar…
Finjo agora que não te oiço, que não te vejo, sentindo-te implorar-me que saia deste atribulado mar de dúvidas, que desista e volte atrás mais uma vez! Sinto-me fraco e quase surdo… As ondas não me deixam ouvir-te com precisão, o som das vagas não me deixa chegar até aí e sinceramente já não o quero. Volta-me as costas e esquece-me de uma vez… Continuo amedrontado, num trajecto rodeado de receios e de incertezas, mas sem qualquer mágoa ou ressentimento por desistir de ti. Continuo a acreditar que as velas que me afastam não te trarão qualquer significado ou algo que te possa fazer a diferença. Se assim fosse, há muito que terias reconsiderado as várias opções com que te deparaste e objectivamente fizeste questão de me relegar para último plano na tua escala e poder de escolha.
Não me vires as costas como sempre fizeste. Pensa e reflecte, cresce, amadurece e verte as lágrimas neste mar salgado de ingratidão, cedendo à pressão do arrependimento, do remorso e aceitando a tua pena na humildade da contrição. Como é triste o tempo que leva a uma desculpa, comparado com a distância eterna de uma separação. De repente, diria que poderia ser fugaz, repentina, mas por certos motivos, definitiva! Honestamente e sem sombra de dúvidas, não queria nunca que o momento acontecesse e apesar de tudo, ainda menos agora. Sinto-me cansado das cedências, dos castigos que impunemente foram acumulados, da dor e da mágoa, da inexistência de princípios, de respeito e de valores. É tarde agora! Segue em rumo oposto…
O tempo, esse, encarregar-se-á de te fazer culpar pelas escolhas e decisões. Esta vontade de partir e de me afastar, é minha…Tão somente minha! No final de contas, não é nada de novo, não é um trajecto que já não tivesse sido tentado, embora nunca conseguido. Desta vez é a valer e nada me fará recuar. Ainda que consumido pelo medo e pelo receio, agarro-me com a esperança de um novo porto de abrigo, considerando-o essencial á minha felicidade enquanto ser humano… É tarde agora, para o que quer que me peças!
quarta-feira, setembro 03, 2008
Para quê continuar uma luta onde o poder instalado é da força de quem mais pode, de quem mais afronta e de quem mais assusta? Rendo-me com pouco, é certo! Pareço pó que se movimenta ao sabor dos ventos de outrem, que circula pelas brisas perdidas e sem direcção definida, que se arrasta pelo ar agitado de qualquer meio… Sinto-me vazio!
Por mais que tente, tudo volta ao que existia antes… Os mesmo medos, os mesmos receios, o mesmo estranho sentido de me deixar levar por quem me queira arrastar. Pó, nada mais sou do que pó! Estatelo-me mais uma vez no chão por me recusar a ver, quebro-me pelos ares no medo de me soltar, morro cabisbaixo como fragmentos de matéria dispersa por mim…
Talvez não me deva sentir tão fraco e impotente. Talvez me deva permitir antes a situar e a encontrar com outros pedaços igualmente em suspensão, agarrar-me, unir-me e com todas as minhas forças, lutar igualmente num mesmo sentido. Em vez de finos grãos de areia que tantos de nós parecemos ser, creio que juntos numa enorme quantidade da mesma, possamos um dia voltar a vingar e tornarmo-nos na mesma rocha que ao longo do tempo nos partiu e decompôs.
Pó, ainda que inútil, existe!
sábado, agosto 30, 2008
Por onde andarás agora, o que farás desse lado enquanto em ti penso, por ti recordo e por ti lamento o tempo de espera que jamais me levará a qualquer conclusão ou desfecho?
Não sei se chore novamente. Não sei se o mesmo desabafo me fará sentir bem, não sei se as lembranças dos momentos que juntos vivemos poderá ou não ser um perfeito aliado para tentar compreender melhor as dúvidas que agora me sufocam…
Tantas vezes me ajoelhei, rezei, pedi por ti e a resposta embora silenciosa e pouco palpável, sempre me pareceu confortante e apaziguadora. Será que sentes desse lado as minhas súplicas? Será que a minha força e intenção em cada um dos meus simples e inocentes actos, também te conseguirá tocar da mesma forma e de igual amplitude? Dá-me um sinal…
Diz-me por favor que o sufoco que sinto não é em vão. Que tudo aquilo em que acredito e faço de coração, tem realmente um intento, um desígnio e é sentido por ti onde quer que estejas, onde quer que te encontres, onde quer que este algo possa chegar.
Sem isso, ficarei à deriva e sem saber se realmente te importa…
Todavia, a fé e a crença interior acompanham-me como se ainda vivesses aqui. Mantenho vivo o fogo, conservando a mesma chama que crepita e se move com o mesmo espírito que sentíamos quando nos reuníamos. Lembro-me agora do que realmente vale a pena ser recordado. Nada mais parece importar…
Apesar de tudo, quebrei a promessa de não verter qualquer lágrima aquando da tua partida e se a mente me responsabiliza, o coração perdoa e preenche com a infinita bondade do seu viver. Prometo que serei mais forte, ainda que o tempo pareça demasiadamente lento a curar os males dos que por cá ficaram. Deixo o grito de revolta bem enterrado, em silêncio, sem querer recordar a mágoa e o choque sentidos no instante em que partiste.
Sinto saudades… Descansa em paz!